I - HAZARD

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Kruiner acordou subitamente

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Kruiner acordou subitamente. Havia escorregado do monte de feno empilhado que estava usando improvisadamente como travesseiro, e bateu a cabeça contra a dura madeira da carroça. A pancada foi tão forte que despertou por completo. Quanto tempo ele havia dormido? Três horas? Oito horas? Um dia inteiro? Estava muito cansado. Havia mais de três dias que não conseguia dormir direito.

Limpou o canto esquerdo da boca com a manga da sua camisa. Feno brotava por todas as partes da sua armadura. Tentou se ajeitar melhor na carroça, onde dividia espaço com dois porcos grandes e gordos que dormiam profundamente sem parecer se importar com a presença do jovem. Depois de retirar todos os resquícios de plantas secas de suas vestes, revirou a sacola para ver se ainda havia sobrado alguma comida.

A carroça balançava e tremia freneticamente pela estrada de terra, e cada solavanco nas pedras parecia que a faria se arrebentar de vez - ou que suas rodas iriam se soltar daquele monte de madeiras velhas pregadas umas às outras - e sair rolando estrada afora. Podia escutar a roda traseira direita ranger mais alto do que há um dia, quando Nassif havia o encontrado na beira da estrada a caminho de Hazard.

A princípio, Nassif pareceu se assustar com a aparência do rapaz. Mas Kruiner não o julgava, pois não havia tido bons dias desde que deixou Adrastar. Não tomava banho há alguns dias, olheiras tomavam conta de seu rosto, e seus cabelos estavam sujos e desgrenhados. E, mesmo trajando uma armadura típica do Reino do Norte – além de uma peça que mostrava um certo luxo – não era seguro oferecer ajuda a estranhos em beiras de estradas em meio a uma guerra. Mesmo assim, o velho o deixou subir em sua carroça – sua velha e barulhenta carroça – sem fazer muitas perguntas.

Kruiner viajava a pé nos últimos quatro dias, desde que havia saído da Escola de Guerra de Adrastar. Estava exausto e faminto. Dois dias atrás havia sido surpreendido por um grupo de Goblins enquanto dormia, e apesar das criaturas verdes de orelhas pontudas levarem a pior no combate, fugiram com seu cavalo, comida e - mesmo sem saber por que aquelas pragas levariam aquilo – seu saco de dormir. Desde então ele vinha caçando alguns animais pequenos que encontrava pelo caminho, e algumas frutas silvestres

Na noite que se seguiu ao ataque, havia capturado um pequeno e magro esquilo. No dia seguinte, um coelho, capturado com uma simples armadilha improvisada com sua bolsa, cordas e gravetos. Apesar disso, caçar nunca foi seu forte, e talvez morresse de fome se dependesse apenas de suas habilidades para a tarefa.

- Chegaremos à Capital em poucas horas – anunciou Nassif se contorcendo em seu banco para conseguir olhar para Kruiner. – Tome, garoto! Não é grande coisa, mas vai ajudar a matar um pouco da sua fome.

O velho lhe estendeu a mão, oferecendo um pedaço de pão que ele aceitou mais que prontamente. Estava macio, apesar de obviamente ter sido feito há alguns dias. E a fome que ele sentia provavelmente estava ajudando a melhorar o gosto, que não era dos piores.

Crônicas de Altaria - AlvorecerOnde histórias criam vida. Descubra agora