III - A CAÇADORA

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O lugar favorito de Satine, em toda a Hazard, era um pequeno rio ao sul das muralhas

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O lugar favorito de Satine, em toda a Hazard, era um pequeno rio ao sul das muralhas. Ele cortava boa parte do território da capital, e, mesmo sendo tão próximo, poucas pessoas saíam da cidade para se aventurar em seu entorno. O que tornava muito raro encontrar alguém ali. Era um dos poucos lugares onde ela encontrava paz. Apreciava o contato com a natureza. Longe de toda a bagunça das ruas cheias de pessoas, feirantes, carroças e soldados. A vida nos centros urbanos humanos definitivamente não era feita para os elfos, nem para ninguém. Era uma cavalgada de quase uma hora para chegar até o ponto do rio em que ela estava, e fazia questão de percorrer esse percurso com certa frequência.

O rio tinha uma pequena variedade de peixes, que ela julgava mais gostosos do que os peixes de água salgada. Nos arredores era possível encontrar vários arbustos de amoras silvestres. Com frequência, caçava cervos e pescava alguns peixes, para vender ou trocar por outros suprimentos com os feirantes. Sempre lembrando de levar algumas amoras para sua avó transformar em doces.

Já era quase hora do almoço, e seria um dia cheio. Selou o cavalo que estivera livre aproveitando os arredores, e cavalgou de volta à Hazard. Havia combinado de encontrar Orion na praça central para irem recepcionar Kruiner. Tinha passado a manhã toda no rio, pensando sobre a viagem que faria para o leste no dia seguinte, e como isso afetaria o rumo de sua vida. Era a primeira missão importante que ela cumpriria para os Caçadores. Então, ao anoitecer, precisava encontrar Selena, a líder de sua Ordem, para concluírem os preparativos da viagem.

Se tinha alguém que ela respeitava, mais do que respeitava a própria família, era Selena. Satine enxergava nela a humana mais corajosa, bondosa e perspicaz que já havia conhecido na vida. Principalmente por Selena ter confiado em Satine, quando ninguém mais o fez. Alguns anos atrás, Satine pediu permissão para integrar as fileiras dos Caçadores de Ktarrh. Até então, era apenas uma, entre centenas de elfos negros, que viviam no distrito sul da capital.

Os avós de Satine eram refugiados políticos. Sobreviventes das Guerras Imersas, um conflito que ocorreu séculos atrás, envolvendo os quatro reinos soberanos de Altaria e os Drows, que viviam no subterrâneo de todo o continente. Cansados de viverem subjugados por K'haldor, o rei Drow – ou Supremo Drow, como preferia ser chamado –, fizeram juntos com outras centenas de Drows uma aliança com os Reinos da Superfície. O acordo era ajudar a sabotar K'haldor, em troca de refúgio, e da garantia de que, chegando ao fim o conflito, os Reinos da Superfície não atacariam os Drows sobreviventes. O rei Drow, prestes a ser derrotado, direcionou toda a sua fúria aos que haviam lhe virado as costas, se empenhando em caçar e assassinar todos eles. Com o fim do conflito, os dissidentes abandonaram o jeito de viver dos Drows, e passaram a viver nas capitais dos quatro reinos como habitantes da superfície, agora chamando-se de elfos negros.

A princípio era impossível apagar a inimizade entre os humanos e os elfos negros. Diversos conflitos menores aconteceram durante as primeiras décadas. Mas, com o tempo, ao menos em Hazard, humanos e elfos passaram a aceitar uns aos outros. Satine, felizmente, nasceu em uma época com menos problemas entre as raças. Mas ainda assim não se sentia como uma igual. A lei os assegurava os direitos de um cidadão de Hazard, e isso ajudava com que eles se protegessem de pessoas cruéis e má intencionadas. Mas ainda assim, a maioria dos humanos não os respeitavam.

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⏰ Última atualização: Feb 10, 2021 ⏰

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