Um Admirador Misterioso?😲

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Um Admirador Misterioso?😲

Quando cheguei ao liceu reparei que todos estavam no corredor ao pé do anfiteatro. Só se falava da festa do Dia de S.Valentim e dos cartões por entre sussurros,risos e olhares cúmplices enquanto as várias pessoas tentavam perceber quem teria enviado que cartão a quem e quem teria deixado que cartão no cacifo ou mochila de quem.
     — E então,quantos recebeste?— perguntou-me a Becca.
     —Ah, demasiados para conseguir contar— respondi tentando gozar com a situação. E comecei a contar pelos dedos.
     — Um do Robbie Williams, outro do Matt Damon,um do Eminem...
     Os olhos da Becca saíram das órbitas.
     —A sério?
    A Cat beliscou-lhe o braço.
     — Não,ela está a gozar contigo.
     Ri-me. A Becca acredita em tudo. Ela acha que só porque o meu pai está metido no mundo da música conhecemos toda a gente.
      — E tu,Bec,quantos cartões recebeste?
      —Apenas um,que presumo que seja do Mac— respondeu enquanto apanhava o seu longo cabelo ruivo num rabo-de-cavalo.
      — Pelo menos espero que seja,já que eu também lhe enviei um. E tu,Cat?
     —Um. Mas não sei de quem. Primeiro pensei que fosse do Squidge,pois todos os anos enviamos cartões um ao outro,mas a letra não é a dele. Eu reconheceria aqueles gatafunhos mesmo que ele os tentasse disfarçar.
   — Eu acho que as pessoas deviam assinar os cartões do Dia dos Namorados—comentou a Beca. — Poupar-nos-ia um grande sofrimento e ficaríamos a saber quem os tinha enviado.
    — Em alguns sítios,assinam—afirmei.— Uma das minhas amigas da minha antiga escola era americana e dizia que lá,por vezes,o fazem.
    — Sim,mas acabaria com o mistério todo—discordou a Cat.
    — O engraçado é tentar adivinhar.
    — Enviaste algum cartão ao Squidge?—indaguei 
   A Cat abanou a cabeça.
    — As coisas entre nós já não são assim.
    — Enviaste algum ao Ollie?
    — Não, cálculo que já seja convencido o suficiente e não tenho qualquer dúvida de que receberá um saco cheio sem precisar do meu. Mas a sério,Lia,quantos recebeste?
  Juntei o indicador e o polegar e mostrei um 0.
    — Não percebo—comentou Cat.— olha bem para ti. És um espetáculo,alta, cabelo comprido louro, olhos azuis acinzentados... rapariga,tu és um sonho de muitos rapazes! É notório que eles se babam quando entras numa sala e não, não abanes a cabeça, já os vi. Pelo que constato,pelo menos metade da escola está loucamente apaixonada por ti.
    — Sim,mas alguns rapazes daqui gostam de se armar em durões — explicou a Becca. — Tipo,acham que parecem uns lamechas se fizerem algo minimamente romântico como enviar um cartão. Patético, não é? O que não significa que não tenhas montes de rapazes interessados em ti,Lia.
   — Então por que é que desde que aqui cheguei ainda nenhum me convidou para sair?
   — Por trás da cena de durões,a maioria não passa de medricas — respondeu a Becca. — Ficam intimidados. És linda,uma autêntica estrela,e a maioria deles sabe que não está ao teu nível. Os rapazes odeiam acima de tudo ser rejeitados,por isso acho que muito não se atrevem a convidar-te com receio que tu os mandes passear.
  — Concordo — afirmou a Cat. — De qualquer forma, não estás a perder grande coisa. O nosso liceu não é propriamente a Metrópole dos Talentos.
   A Becca beliscou o braço da Cat.
   —Hum, desculpa. E o Mac?
   — Sim,claro — concordou ela. — E o Squidge,mas não estou a contar com eles. Esses são nossos amigos.
    Não comentei,mas pensei para comigo que se quisesse até poderia começar a gostar do Squidge. Mas não o vou fazer porque a Cat e ele andaram juntos durante muito tempo e ainda são muito amigos. Não sei como é que ela reagiria se eu demonstrasse interesse pelo Squidge e não quero estragar a nossa amizade. Por isso, contento-me em ser apenas uma boa amiga dele. De qualquer forma, acho que não faço o seu gênero. Sou alta e loura e a Cat é baixa e morena,e além disso ele nunca deu qualquer indicação de que possa sentir o mesmo por mim.
  — Tens sempre o Jonno Appleton — comentou a Becca olhando de soslaio para um rapaz alto, do décimo primeiro ano,com o cabelo preto espetado e que estava ao pé das portas. — Ele é o sonho de qualquer rapariga.
   — Sim — concordei. — Acho-o giro,mas também quem é que não acha? De qualquer forma,ele anda com a Rosie Crawford,por isso, esqueçam. Roubar namorados é contra as minhas regras.
   — O que é que isso nos interessa? — concluiu a Cat. — O Ollie não vem hoje á noite de Londres com o tal Michael?
    Senti o rosto corar.
    — Sim. O Michael Bradley.
    — O Ollie sabe que gostas dele? — indagou a Becca.
    — Nem pensar — respondi. — E não digas a ninguém. Eu morria. Não, jamais diria ao Ollie não fosse ele resolver fazer-me um favor e tentar juntar-nos. Não,quero que aconteça tudo naturalmente.
    Conheço o Michael desde miúda e tenho uma paixoneta por ele desde os meus sete anos de idade. Embora ele nunca tenha reparado em mim,pelo menos não dessa forma. Não passo da irmã mais nova do Ollie, alguém a quem vencer no ténis e atirar á piscina no Verão. Mas está noite a minha intenção era mudar tudo aquilo. Já não nos víamos há um ano e, quando o Ollie disse que o ia trazer para a festa da nossa mãe,foi ouro sobre azul. O meu plano era convencer o Ollie e o Michael a irem conosco à festa do liceu. Assim, poderia exibir o Michael e provar ao liceu que não estou coberta da cabeça aos pés de repelente contra rapazes.
  Depois mais tarde na festa da minha mãe...bem, sabe-se lá o que uma romântica noite em Veneza pode fazer?

Quando soou o último toque da tarde,a escola esvaziou-se num ápice. Era óbvio que toda a gente tinha planos. Ir para casa,tomar banho,vestir, maquilhar e voltar para a escola. O nosso plano era encontrarmo-nos em casa da Cat,vestirmo-nos lá,ir á festa da escola durante uma hora e tal e depois ir para minha casa para a última extravagância da minha mãe. Ela tinha dito que eu podia levar quem eu quisesse da escola,mas só convidei a Becca,a Cat,o Squidge e o Mac.

Deixem-me Ser Quem Eu Sou!Onde histórias criam vida. Descubra agora