02 • she's kinda hot

179 24 26
                                    

"We are the kings and the queens of the new broken scene, we're alright though."

Cornelia Montanari

10 de Agosto de 2015


O toque do despertador denuncia que são 7h30 da manhã. Hora de acordar e enfrentar mais um dia. Abro os olhos e pisco várias vezes, me ajustando aos poucos com a pouca claridade do quarto. Viro para o lado e sinto leves dores pelo corpo por causa do dia anterior, mas acredito que isso não vá me atrapalhar. Já tive dias piores. Por isso, ao invés de enrolar deitada na cama, por ela estar extremamente confortável e aconchegante, eu me sento e estico o meu corpo, espreguiçando-me com calma. Em seguida, respiro fundo algumas vezes e me levanto. Caminho até o banheiro, paro de frente ao espelho, pego minha escova de dente e a pasta e dou o primeiro passo para começar o meu dia.

Quando termino de fazer tudo aquilo que preciso no banheiro, vou até o meu guarda roupa, tiro meu pijama e visto uma roupa confortável. Calça jeans, all star preto de cano longo e uma camiseta básica preta. Pego uma blusa de frio mais fina e coloco dentro da mochila, porque apesar de nós estarmos no verão, eu gosto de me prevenir. Nunca se sabe quando o vai tempo decidir mudar de um segundo para o outro.

Depois que coloco tudo dentro da minha mochila, decido sair do quarto e descer as escadas. Entro na cozinha e encontro meus pais sentados na mesa enquanto eles tomam café da manhã.

– Bom dia. – digo. Coloco minha mochila em cima de uma cadeira vazia e me sento na outra. Papai abaixa o jornal que está lendo e olha pra mim por cima dos óculos de leitura, enquanto minha mãe está ocupada em seu celular.

– Bom dia, Lia. – meu pai responde.

– Dormiu bem? – mamãe pergunta. Ela não parece estar brava comigo por causa do protesto. Não estou reclamando, pelo contrário, fico até aliviada por isso.

– Sim. – assinto. Pego uma xícara vazia e rapidamente encho com café, depois pego alguns pãezinhos.

– Como está o seu tornozelo? – ela toca naquele assunto.

– Melhor. – respondo brevemente, não querendo entrar muito naquele assunto. Mamãe não diz mais nada, ela apenas balança a cabeça e continua mexendo no celular. Vejo meu pai me observar silenciosamente, mas prefiro fingir que não estou vendo.

– Esse roxo no seu braço está horrível, Cornelia. – ele abaixa o jornal por completo e toca o meu braço com uma de suas mãos. – Meu Deus, o que as pessoas vão pensar?

– Eu não ligo para o que as pessoas pensam ou não. – dou de ombros. – E não está tão feio assim.

– Está horrível. – minha mãe concorda.

– A manga da camiseta cobre uma boa parte, mas isso não importa. Ninguém presta atenção em mim de qualquer maneira. – respondo sem olhar pra eles.

Não é como se eu fosse a garota mais popular daquela instituição e todo mundo reparasse em mim ou falasse sobre mim. Pelo contrário, eu não sou e prefiro me manter assim. Por que digamos que, mesmo meus pais trabalhando lá em cargos importantes, eu gosto de tentar manter o anonimato e não gosto de chamar atenção por motivos irrelevantes. Não quero que as pessoas me conheçam por isso. Não quero que elas se lembrem de mim por ser a filha dos Montanari. Eu quero ser lembrada por aquilo que faço e por aquilo que eu luto, coisas como o meu trabalho, meu talento, meu sonho, minhas palavras e o meu cérebro. Então, um roxo no meu braço não faz diferença alguma. Nem para mim, nem para ninguém.

Assim que termino de tomar o meu café da manhã, me levanto rapidamente e vou até o meu banheiro escovar os dentes. Depois volto para o andar debaixo, pego a minha mochila e acompanho meus pais que estão tão apressados quanto eu.

the greatest love story that has never been told • c.t.hOnde histórias criam vida. Descubra agora