Kiara Vanúbia
Transar com o dono do morro não me fez deixar de trabalhar feito uma condenada o dia inteiro.
Mesmo sendo vista como vadia por todos, ainda é bom saber que pelo menos algum do meu dinheiro é fruto de trabalho.Agora estou trabalhando apenas na Lanchonete com a tia Cláudia e a Tata, mas quando aparece uma faxina, ou qualquer outro trabalho eu faço.
Uma coisa que destingue muito meus irmãos e eu é isso. Eu nunca tive medo de trabalho, faço de tudo.
Como dizia minha mãe, "pobre não pode ter vergonha de trabalho".Mas meus irmãos. Esses dois não ajudam em porra nenhuma. Uma vive tirando fotos e só se interessa com a internet, como se isso colocasse comida na mesa, diz que quer ser digital influencer, não quero ser a do contra, mas nunca vi pobre vivendo de internet. O outro, tem filha e mulher, mas não faz merda nenhuma, como se não bastasse, vive fazendo dívidas de drogas com o Nacho, e adivinhem onde ele cobra? Sim, em mim.
Eu juro que um dia eu me canso e sumo nessa merda. Porque quando a coisa foder, a única que vai sair prejudicada sou eu.
Eu sempre falo isso, falo, falo e falo, mas continuo aqui, fazendo de tudo, me desdobrando para que não falte nada para ninguém nessa casa, mas não sei se aguento isso por muito mais tempo não.
Sei que como irmã mais velha tenho minhas responsabilidades, mas nenhum dos dois é menor, podem fazer suas vidas agora, e me deixar fazer a minha.
(•••)
São quase 22 horas e Taís e eu estamos fechando a lanchonete. O bom de trabalhar perto de casa é saber que depois que o expediente termina, é só atravessar a estrada, apesar de que nem sempre é assim, porque se Nacho ligar agora eu tenho que ir, mesmo estando morta de cansaço.
Taís: tudo que eu quero agora, é deitar e morrer — ela diz quando atravessamos a estrada e ficamos entre as duas casas.
Kiara Vanúbia: não fala que se realiza hein, cuidado — digo rindo.
Taís: fala merda não. Quer ver minha mãe morrer junto?
Kiara Vanúbia: tem certeza? Acho que ela vai ficar feliz de perder um embuste como tu — rimos.
Nesse momento meu celular apita indicando uma nova mensagem. Apreensiva, pego ele e suspiro aliviada quando vejo que não é o Nacho.
Taís arquea uma sobrancelha e sei o que ela quer saber.Kiara Vanúbia: não é ele!
Taís: aleluia — levanta os braços e mais uma vez caímos na risada.
(•••)
Entro em casa e nem parece que já está quase de madrugada. Estão todos jogados na sala. Gleicy e Mari estão cada uma no seu celular, e João vendo futebol.
Passo directo, apenas desejando boa noite a eles que respondem.
Jogo minhas coisas no sofá e vou para cozinha.Abro a geladeira e quase surto quando não vejo meu sorvete. Respiro fundo e volto para a sala.
Kiara Vanúbia: quem pegou meu sorvete na geladeira?
Ninguém responde. Mas faço a pergunta mais uma vez.
JP: eu peguei maninha, mas era para a sua sobrinha.
Mari: não bota a culpa na minha filha não!! — eles se fuzilam com os olhos.
Kiara Vanúbia: João, mas custa tu não tocar nas coisas dos outros merda? Tu vive nesse sofá, e eu que trabalho o dia todo, não posso nem mais ter minhas próprias coisas caralho — reclamo olhando furiosa para ele que parece nem se importar.
JP: compra a droga do sorvete com a grana que o Nacho te dá e vê se para com esse drama e para de jogar na cara que só tu trabalha nessa merda, porque todos sabemos que tipo trabalho tu faz.
Kiara Vanúbia: o trabalho que compra tua comida, paga a luz pra tu ver essa merda de jogo e a droga da água que tu lava teu cu. — digo já com raiva.
JP: quer saber, eu vou dar uma volta — diz já se levantando mas Mari protesta deixando o celular.
Mari: Nem pense, aonde tu pensa que vai a uma hora dessas?
JP: não me enche tu também.
Ele sai. Eu suspiro ainda na raiva, mas o que posso fazer?
Nem nossa mãe ele respeitava.Eu já comi na lanchonete e só queria a droga do meu sorvete. Um dos poucos caprichos que me permito ter, mas nem isso eu posso. Então, já que ele não existe mais, decido ir pro quarto.
Pego minhas coisas no sofá e vou pro quarto.
A casa é pequena. Uma sala média, cozinha, um banheiro e dois quartos. Gleicy e eu dormimos juntas e Mari e João dormem no quarto que era da
mamãe, com a filha deles. Mas quando eles precisam de privacidade, minha sobrinha dorme a gente.Depois que arrumo minhas coisas, pego minha toalha e vou pro banheiro.
Tomo um banho rápido, preciso aproveitar para dormir. Felizmente amanhã é minha folga na lanchonete, quem sabe não aparece uma faxina para eu fazer. Não estou pedindo dinheiro pro Nacho ultimamente, porque preciso pedir algo importante, e prefiro estar meio que preparando ele.Depois do banho vou pro quarto e Gleicy já está na cama, com a coberta até a cabeça mas com aquele celular na cara.
Visto apenas uma calcinha confortável e uma blusa masculina enorme que uso como pijama.
Me jogo na cama, olho o celular uma última vez para ter certeza de que Nacho realmente não mandou mensagem, e quando confirmo, durmo.
(•••)
Desde criança acordo sem precisar de alarme. Mesmo na minha folga, acordo faltando pouco para as 5 horas. Mesmo que tenha faxina hoje, não será tão cedo. Então decido ficar de bobeira na cama até quando crio coragem para encarar o chuveiro e ver se consigo algo.
Dou uma arrumada na casa, e depois preparo café. Quando vou tomar banho, todos já estão acordados.
Volto para o quarto com a toalha amarrada a cima dos seios e enquanto procuro por algo para vestir, meu celular toca. E me surpreendo ao ver que é Nacho.
O que ele quer tão cedo?Kiara Vanúbia: sonhou comigo? — são poucas as vezes em que arrisco usar um tom mais divertido com ele.
Nacho: o que eu ganho se disser que sim? — ele ri e a idiotisse dele acaba me fazendo sorrir, nego com a cabeça.
Kiara Vanúbia: o que tu quer?
Nacho: uma faxina — arregalo os olhos. Ou ele está louco, ou meus ouvidos não estão funcionando direito.
Kiara Vanúbia: O.... O quê?
Nacho: preciso da famosa faxina da Kiara Vanúbia, aqui na minha casa, daqui a uma hora.
Capítulo 002 saiu!!!
O que acharam?
O que sera que vai acontecer? Será que Kiara vai para casa do Nacho fazer essa faxina?
Votem e comentem muito muito muito!
Até 003!
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AMANTE : O Outro Lado Da História
FanfictionTRILOGIA MULHER DE TRAFICANTE • LIVRO 3 N.B.: não precisa ter lido as outras histórias. "Todos julgamos até sentir na pele ou conhecer a real história".