Donald

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Olá pessoal! Venho trazer à vocês o capítulo 2. Espero que estejam gostando do que acontece, qualquer coisa estou por aqui.

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Penny admirava com pesar o paciente assustador. Ele andava em círculos na cela 13 e repetia palavras confusas, parecia travar uma batalha consigo mesmo. Olheiras profundas e nervosismo no semblante. Movimentava os braços como se tentasse convencer ele mesmo do que vira e ouvira.

- Ele deve estar travando uma batalha espiritual forte. - disse Penny.

- O quê? - o Diretor Richard não entendeu.

Penny não tentou lhe explicar, mas sentiu no pobre paciente a inquietação.

- Donald! - gritou o Diretor - sente-se a doutora quer conversar com você! - o paciente Donald parou, olhou para os dois. Os olhos fixos e negros, tanto mistério escondido neles. Mas ele se sentou na cadeira.

- Certo doutora, assine esse documento antes de entrar. Mera formalidade - Richard sorriu. Penny sabia que não era só formalidade.

Ela assinou e ajeitou seu cabelo, já estava ajeitado e arrumado. Olhar sério e centrado. Pela pequena abertura, ela pôde ver Donald sentado, esperando ansiosamente sua visita inesperada. As mãos se moviam e os dedos se entrelaçavam, como se estivesse se preparando para algo.

- Diretor, qual é a história dele? - péssima pergunta Penny fez.

- Ah, ele é conhecido como Donald o Estrangulador. - Penny tremeu. - estrangulou pessoas aleatórias nas ruas. Ele vive numa psicose, perguntaram por que ele os tinha matado. Ele respondeu "Eles queriam me matar, eu vi nos seus olhos!"

- Meu Deus! - Penny chamou por Deus. Engoliu em seco, e as mãos tocaram o pescoço delicadamente. - Como ele veio parar aqui diretor?

Richard respirou - Ele teve uma breve passagem pela penitenciária de segurança máxima do estado, mas se envolveu em muita confusão. Brigas e mortes. O Diretor Riggs disse "No seu sanatório ele tera o tratamento que necessita" estúpido babaca! - Richard disse sem arrependimento.

Penny ficou olhando Donald pela pequena abertura, manteve a concentração e os bons pensamentos.

- Doutora, quer que o algeme? - Richard buscou seus olhos.

- Não diretor, ele precisa se sentir seguro. Vou entrar assim mesmo! - ela sorriu sincera.

- Certo, mas o guarda entra com você! São normas. Donald! Fique aí, tem visita pra você! - o Diretor gritou.

Donald se ajeitou na cadeira de madeira, admirando a doutora. A porta se abriu e o primeiro segurança entrou. O segurança era Harry, um negro de um metro e oitenta. Braços fortes e musculosos, prontos para acabar com qualquer louco descontrolado. Com passos minuciosos e olhar duvidoso, Harry adentrou o santuário de Donald. Donald o seguiu com o canto dos olhos, nem mesmo virou a cabeça.

- Com licença! - disse Penny. Ela sorriu e fechou a porta, o Diretor Richard trancou. Penny não carregava nada além da bolsa, estava humilde e solitária internamente. Tão solitária como de costume.

- Olá Donald, tudo bem com você. - ela tentou olhar com serenidade, não demonstraria sentimentos, Penny era boa nisso. Donald ficou em silêncio, olhos estagnados nos olhos escuros de Penny. - Sou a doutora Penny, e vim aqui por uma investigação. Maus tratos e rotineiras mortes. - Donald ficou quieto, o nariz se movia e os dedos também. - Então vim aqui por essa investigação. - ela olhou para o chão, e notou o piso preto e branco (muito incomum).

Harry no canto segurava o cassetete, estava preparado.

Penny umedeceu os lábios e voltou seus olhos à Donald, mas Donald já havia saltado sobre seu pescoço, as duas mãos gigantescas agarrando com firmeza o fino pescoço da doutora. Ela caiu da cadeira e Donald caiu sobre ela. O sangue em seu pescoço parava de circular, Harry logo atrás se assustou, mas os braços não. Eles bateram firmes na cabeça do descontrolado. Ele sentiu, mas não reagiu. Nos olhos de Donald havia só a certeza em matar. Penny gemia e inutilmente lutava contra o grandalhão. Unhas no rosto dele, mas nada. Desespero em sua cabeça. O oxigênio parava de circular, e o desmaio ela sentia. Rosto vermelho, suor e calor. Chão frio em suas costas e peso sobre seu corpo magro.

- Pare Donald! - gritou o Diretor - ajude-nos aqui! - ele gritou lá fora. A porta se abriu e mais dois seguranças invadiram a cela. Harry bateu com o cassetete outra vez, bem mas costelas. Donald gemeu mas não largou sua presa. A visão de Penny escurecia e ela desistira de lutar. Dois brutamontes agarravam os braços de Donald e contra ele lutavam. Ninguém notou mas o Diretor sacou uma pequena faca e golpeou Donald nas costelas... Ele largou e abraçou sua ferida, o Diretor arrancou Penny da cela, arrastada pelo pelos braços. Quieta e quase sem vida, sentindo-se no piso deslizar. Donald ficou ali na cela, apanhando até não querer mais. Donald era firme, não gritou e nem lutou, aguentou tudo em silêncio. Mas o som de seu corpo sendo espancado pôde ser ouvido no corredor principal.

Penny acordou na sala do diretor. Estava ofegante, perdida e assustada. Olhos arregalados com as últimas imagens; Donald lhe enforcando, olhar sanguinário. Ela suava, e estava recostada numa poltrona luxuosa (sala do diretor). O Diretor Richard percorria sua mão sobre as pernas de Penny, que mesmo num jeans escuro lhe dava interesse. Penny novamente fugiu de suas mãos.

- Calma doutora! Donald lhe enforcou, quase morreu. - o Diretor disse e uma enfermeira chegou.

- Graças à Deus está bem! - era uma senhora alta. Cabelos quase brancos, amarrados num coque. - mas que loucura hein menina! - ela tinha os olhos bonitos, um verde discreto no rosto redondo.

- Verdade enfermeira, ficamos preocupados com você! - Penny ironizava sua preocupação (tanto que até passeava as mãos por minhas pernas).

- Fique bem filha, vou lhe trazer um chá de erva doce. - A enfermeira se retirou, prometendo um chá.

- Você quer adiar a inspeção doutora? - perguntou o Diretor, ele à olhava com esperança de adiar.

- Ainda não diretor, tem algo muito errado com essa cela! - disse Penny com a mão sobre a testa. Maldita dor de cabeça que lhe consumia. - tenho que voltar pro Donald!

- O quê!? Você enlouqueceu? Ele vai te matar de verdade. O cara é insano! - Richard se calou ao perceber as péssimas palavras.

No bolso de Penny algo vibrou. Era seu pequeno celular. Gerald ligava pela terceira vez "Droga!" pensou ela. Gerald nunca ligava, nem deveria.

- Diretor, preciso atender uma chamada. Posso ficar só por um minuto? - disse Penny.

- Sim, claro. - ele se retirou deixando o cheiro de colônia importada na sala.

- O que foi Gerald!? - Penny perguntou.

- Oi docinho, eu sonhei com você... - voz rouca de quem acabara de fumar um baseado.

- Não me diga. - Penny ironizou.

- Não, é sério. Sonhei que você estava se perdendo numa escuridão. Solitária e sozinha. - Penny se assustou. Ela tinha medo de sonhos. - preciso saber onde está e que está bem! Por favor só me diga onde.

- Gerald, você nem deveria me ligar. Acabou entre a gente. - ela se perdia nos detalhes da sala do diretor "charutos sobre a mesa, mata borrão dourado, caneta de tinta de ouro".

- Eu sei docinho, onde você está? Por favor só me diga. Preciso ficar calmo. - Gerald insistiu e Penny aceitou. Ela não era boa com insistências.

- Certo, estou em um sanatório aqui em Ashland. Na verdade só há um em Ashland. - ela meio que desabafou.

- Certo docinho, se cuida. Estou aqui se precisar - Ele tossiu.

- Ok, tchau. - Penny se despediu sem esperar uma resposta. Desligou o celular e o guardou no bolso. Logo os olhos se encheram de lágrimas e ela chorou sozinha. Naquela sala luxuosa demais para um diretor. Cheirando a colônia e a charuto cubano, mãos no rosto e lágrimas sem controle.

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⏰ Última atualização: Feb 01, 2021 ⏰

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