Quiet Lights

「𝙰𝚝𝚎𝚗çã𝚘!」

Entrando novamente na sala de reunião, Daniel encontrou o prateado encarando a parede em sua frente aparentando estar sem emoção alguma, e aquilo preocupava o comandante. Enfrentar alguém que não mostra em momento alguns seus sentimentos é uma tarefa difícil, seja para confrontá-lo ou para ter um diálogo civilizado, quando você não entende os sentimentos da pessoa ou ao menos sabe o que ela pensa do que está acontecendo por sua expressão tudo se torna muito mais desafiador.

Daniel se sentou na frente do prateado, levando suas mãos ao gravador que se encontrava secretamente em baixo da mesa, ativando o mesmo, todos os acontecimentos daquela conversa deveriam, por precaução, serem gravados.

- Então...- Daniel deu início ao diálogo.-Quantos anos você tem?

- Oitenta e sete.- Exclamou de forma debochada, rindo baixo em seguida. O comandante apenas permaneceu em silêncio, mudando o interrogatório.

- Quando isso tudo começou?-O comandante pergunta.

- O que seria "isso tudo"?- Osmar pergunta de volta, precavendo qualquer tipo de informação a mais.

- Você sabe do que eu estou falando, porquê você decidiu esconder sua cor?-Disse de forma mais precisa dessa vez.

- Viu? Isso sim é uma pergunta de verdade.- Osmar diz, recebendo um olhar sério em resposta.- Escondi minha cor porque não quero ser diferente dos demais, eu não tenho nada de diferente para ser considerado superior.

- Modéstia sua.-O comandante diz se levantando.- Você sabe muito bem que suas habilidades são melhores e mais avançadas do que qualquer dividido.

- Não acho que isso deveria ser uma coisa que me desse mais vantagens que os demais, somente isso.- Osmar diz de forma sincera.

- Certo, como escondeu isso por tanto tempo?- Daniel pergunta realmente curioso.

- Já ouviu falar de lentes de contato?- Osmar diz.- Por um tempo usei elas, depois eu aprendi a me virar.

- De que forma?- Daniel persiste.

Mas nesse momento uma campainha soou no ambiente, avisando aos presentes que mais alguém desejava adentrar o local. Daniel rapidamente se levantou, indo em direção a porta de acesso.

- Comandante.- O homem careca também de olhos prateados diz ao abrir da porta.

-É bom rever você Camejo.- Disse o comandante dando espaço para que Victor entrasse no local.

-Fico feliz em te ver também Nascimento.- Disse Victor sorrindo.- Então, o que temos que resolver aqui?

- A situação é complicada, temos um prateado não identificado o nome dele é Osmar estava nessa cidade mesmo, não sei sua idade e ele se recusa a dizer tudo o que sabe.- Daniel conta tudo o que sabe ao amigo.- Aparentemente, ele esconde várias coisas, ele não trabalha sozinho isso eu tenho certeza.

Victor reconheceu que a situação era complicada, notando o alarde do comandante ele procurava também como poderia lidar com tudo aquilo, evitando sempre violência, afinal essas não são as atitudes dos medianos a não ser que fosse extremamente necessário e eles sempre vieram a se arrepender quando recorreram a isso.

Daniel cresceu junto a Victor no campo 12 da prefeitura, que ficava no interior perto das cidades onde ambos nasceram. Eles foram levados ao campo de treinamento quando completaram seus doze anos, Daniel chegou primeiro e quando Victor chegou lá ele já tinha dezessete, porém apesar da idade ser bem diferente seu relacionamento não foi afetado, eles se tornaram bons amigos.

Daniel já tinha feito amizade com algumas pessoas do campo, uma delas sendo Anderson, que tinha os olhos como o sol, seus olhos mostravam as três cores: amarelo, laranja e vermelho durante o dia, mas também se adaptavam ao escuro e de noite se tornavam brancos. Era surpreendente, mas ao mesmo tempo bastante assustador, as cores sempre foram algo curioso para Daniel, ele não entendia muito a divisão e o por que de sua necessidade, era fútil em sua visão, mas, infelizmente, era necessário obedecer os superiores para que ele sobrevivesse.