4. Meia Noite

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IV - MEIA-NOITE

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Era meu filho.

Não importa se era

Temido, mal falado.

Para mim era só meu filho.

Acordei com as galinhas,

Como fazia todos os dias,

Era segunda-feira, 

Dia que ele vinha me ver logo cedo.

Desde que havia se tornado moço,

Se mudou para o centro da cidade

Eu fiquei no sítio.

Toda a vida criei cabras,

Tal qual meu pai e meu avô,

Mas entendia que meu Filippo 

Não tinha índole para o campo.

Então esperei sentada diante

Do fogão a lenha,

A leiteira esquentando na beira,

O café passando pelo pano,

Pão de linguiça recém assado.

Ele ia chegar de manhã,

Sempre chegava de manhã,

Ia trazer dinheiro, café e queijo

Como de costume.

Meu menino passava as madrugadas 

Fazendo as coisas que 

Dizia que tinha de fazer.

Eu bem sabia que estas coisas 

Não eram boas, 

Mas já não me opunha a nada,

Estava velha demais para 

Bronquear com as escolhas dele.

Estranhei a demora, 

Lá pelas sete ja era tempo

De estar em casa.

Deu sete, oito, nove, dez horas

Da manhã e nada.

Meu coração apertou.

Disse a mim mesma:

"Deixe de ser parva Gioconda, de vez em quando ele chega tarde mesmo, jaja está ai".

Mas meu peito cheio de angústia 

Não acreditou nisto.

Não acreditou pois o medo

Do passado me assombrava.

Quando ja era de tarde, 

Quase de Noite, 

Um molecote veio dar um recado,

Disse que se possível eu devia ir

Até a rua do Marechal com urgência.

Meu coração afundou no peito,

Só havia um casarão na rua 

Do Marechal que eu meu filho 

Frequentava.

Subi na charrete e me piquei

Para lá.

Contos dos Maridos da Lua Onde histórias criam vida. Descubra agora