Lucien e Helion

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Como escrevi a primeira parte narrada pela Elain faz tempo, resolvi continuar daí. O contexto é depois de acosf, todo mundo sabe sobre o Helion e o Lucien menos eles, e o Helion veio à Velaris para uma reunião.

. . .

  Feyre estava nervosa.

  - ... E o que você acha que o Lucien vai fazer quando descobrir que Helion é seu pai?!

  O coração de Elain disparou.

  - Feyre...

  - Não sei. Mas precisamos de provas, antes de arriscar uma guerra civil por... - Rhys parou no meio da frase, finalmente vendo Lucien ali.

  O Emissário estava completamente imóvel, desde as mãos, pregadas ao lado do corpo, até a cabeça. Mas seu olho restante o traiu. De repente, ele não era mais um príncipe grão-feérico poderoso; era só um garoto assustado. Ao menos, para Elain.

  A voz de Lucien estava calma demais quando ele perguntou:

  - Como assim?

  Feyre e Rhys trocaram um olhar.

  - Lucien - seu cunhado deu um passo à frente. - Talvez queira se sentar.

  Ele desviou da mão estendida de Rhysand.

  - Me digam. - Exigiu, e dessa vez sua voz tremeu um pouco.

  - Nós... Achamos que Helion é seu verdadeiro pai - disse Feyre, depois de um longo momento de silêncio.

  - Por quê achariam uma coisa dessas? - Apesar do rosto completamente inexpressivo, Elain pôde sentir pelo laço que ele estava prestes a quebrar por dentro.

  As sobrancelhas de Feyre se curvaram para dentro e para cima.

  - Porque Helion e sua mãe foram amantes num tempo que bate com o seu nascimento, até Beron descobrir e puni-la. Ela terminou com Helion. Além disso, você se parece muito com ele... Seu nariz, seu sorriso e a voz... São os mesmos. Sua pele é mais escura do que a de toda a sua família. Eris o protegeu, porque sabia que você não era uma ameaça ao trono. E fora o fato de Beron e seus outros irmãos sempre terem te odiado sem motivo nenhum, e a sua mãe amá-lo mais do que a todos... Porque você é o filho que ela queria ter com o macho que realmente amava, Lucien.

  Enquanto ela falava, Elain notou que a postura de Lucien ficava mais rígida, e seu olhar, mais perdido, doloroso, de um modo que ela mal podia suportar ver. Ele parecia estar repassando cada fala cruel de Beron, cada olhar de sua mãe, cada momento de sua vida que o poderia ter levado àquela mesma conclusão.

  Finalmente, ele ergueu a cabeça.

  - Vocês todos sabiam, menos eu.

  Feyre engoliu em seco, e até Rhys desviou o olhar. Um a um, todos os membros do Círculo Íntimo arrumaram uma maneira de demonstrarem estar envergonhados. Mesmo Amren e Nestha baixaram os olhos para outro lugar. Elain quis cavar um buraco no chão e se enterrar.

  Saber que o machucara... Ela olhou para as próprias mãos, incerta e culpada. Gostaria de ter contado, assim como Feyre e Rhys, mas... Até que tivessem provas...

  Ela fechou as mãos em punhos. O machucara, e ponto. Se ele culpasse a todos, estaria em seu direito.

  Suas reações foram o suficiente. Com toda a dignidade que pôde reunir e o rosto vermelho, Lucien se virou e andou até a porta, trombando em... Que maravilha, o próprio Helion no caminho.

  - Opa! - O Grão-Senhor segurou os ombros de Lucien para se equilibrar. Lucien se afastou como se seu toque queimasse e continuou seu caminho para fora, como se tentasse não correr. Ele bateu a porta atrás de si e Helion se virou para eles, confuso. - O que aconteceu?