꧁࿇ Capítulo 8 ࿇꧂

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꧁࿇ Eu nunca precisei de ajuda, nunca pedi e nunca vou! Mas, talvez hoje, eu precise de um salvador ࿇꧂


- Eu não fiz nada demais apenas respondi as perguntas e vim esperar uma amiga.-falei em tom baixo olhando nos olhos do mesmo que me empurrou fazendo com que eu caia no chão.

- Você desrespeitou nossa família bem na frente de pessoas importantes.-logo o medo me tomou diante ao homem em minha frente que agora me erguia pela gola da blusa.

- Só mantive o legado da mamãe vivo, estou cansado de fingir ser quem eu não sou!-gritei olhando para seus olhos castanhos frios e escuros.

- E que legado é esse que trás desgraça e desonra para a família!!!

- O único que trás desgraça pra família é você! Você me bate foto dia sem eu ter feito nada! Eu não posso ser quem sou por sua culpa, todos os erros que cometi você me levou a cometê-los!! Seu eu sou esse monstro de hoje, foi você que o criou!!!

- JÁ CHEGA! VOCÊ VAI APRENDER A ME RESPEITAR! A MIM E TODOS DESSA FAMÍLIA! CHEGA DE SER UM GAROTINHO MIMADO!!!

- EU NÃO SOU MIMADO! EU QUEBRADO! E O CULPADO É VOCÊ! VOCÊ NUNCA FOI E NUNCA SERÁ MEU PAI!!!

A raiva que sentia em meu corpo era imensa, borbulhando dentro de mim até não ter mais escapatória do que tomar forma, as palavras que dizia e repetia simplesmente escaparam por entre meus lábios sendo ouvidas em alto e bom tom, não lembrava de mais nada naquele momento, não me importava, não ligava se Antony estava escutando, se meu pai iria me matar depois, se minha irmã escutasse, nada mais importava, apenas queria colocar para fora toda a mágoa e sofrimento que escondi e fingi não existir por muitos anos. Estava tão ferido que nem eu mesmo tinha noção, as lágrimas escorriam sem parar, lágrimas frias como a chuva que nunca parava de cair, minha voz já falhava de tanto gritar, minhas pernas tremiam ao ponto que não pude mais aguentar e simplesmente desabei no chão junto com minhas lágrimas, a dor é algo intenso, quando se pensa que vai embora, volta novamente, como se fosse sua própria sombra te seguindo pra onde quer que fosse, jamais te deixando em paz, pouco a pouco te consumindo por dentro até não restar mais nada além de desespero e escuridão.

Ardência, o que sentia agora era a ardência causada quando um objeto faz contato com a pele com muita intensidade, essa era a sensação que sentia em meu peito após ser golpeado pelo cinto do homem ao qual chamei de pai, seus movimentos eram firmes e fortes, principalmente a força que usava enquanto batiam em minha pele causando estalos, marcas do cinto junto com a coloração arroxeada marcavam meu corpo agora exposto, minha camisa em retalhos por conta da força utilizada, lágrimas que não conseguia controlar agora eram obrigadas a não sair, não importa o que fosse, não daria esse gostinho para um homem com o ele, logo o cinto foi substituído por algo um pouco mais brutal, algo mais afiado, minha visão estava embasada não me deixando ver o que era, só sei que senti uma forte dor abaixo do meu ventre, alguma coisa tinha me perfurado, e com certeza não ficaria bem como nas outras vezes, o objeto foi retirado do meu corpo após nosso "diálogo", assim como meu pai chamava:

- Espero que tenha aprendido sua lição, agora vá se vestir! Tem uma garota te esperando.-meu ouvido zumbia não sendo capaz de escutar as palavras frias dirigidas a mim enquanto o homem a minha frente desaparecia.

- Garoto...? Lixão...? Vestir...? O que...?-minha mente estava confusa e meus ouvidos pregando uma peça, não tinha forças para me levantar, o sangue presente em meu corpo ainda se fazia presente.

- Por que não revidou!? Ele faz isso frequentemente!!? Por que não me disse!?-rouca, aquela voz rouca que tanto amava quanto odiava estava agora a minha frente com lágrimas nos olhos, quando foi que ele saiu do armário?

- Como se você fosse ficar.......-já não tinha consciência das palavras que dizia, simplesmente queria fechar os olhos até tudo que sentia simplesmente sumisse.

- Eu ficaria e nunca iria te abandonar novamente.-suas palavras saíram firmes como se estivesse prometendo algo que não iria jamais quebrar, meus olhos se abriam lentamente encontrando aquele lindo brilho azul claro, os olhos culpados das minhas noites mal dormidas ou das lágrimas que derramei.

Nenhum de nós dois se atreveu a desviar o olhar após os mesmos se encontrarem, tínhamos medo que ao desviar o outro simplesmente desapareceria, mas Antony mesmo não desviando o olhar conseguia tirar os restos que sobrou da minha roupa para conseguir examinar os ferimentos, me senti feliz ao lembrar dessa cena um tanto familiar, fui o primeiro a desviar o olhar olhando para meus ferimentos e o mesmo não demorou para fazer o mesmo, assim me olhando com preocupação e raiva que não entendia muito bem, deve ser porque ninguém sabia o que acontecia dentro de quatro paredes e uma porta, nunca tive que lidar com essas expressões estranhas dele, que mesmo não querendo admitir, não queria aquele expressão em seu rosto, não combinava com ele, queria fazer algo para o alegrar mas no meu estado não estaria em posição de fazer nada além de ficar sentado e deixar que meu doutorzinho me examinasse:

- O que meu pai.....falou agora há pouco?-minha voz estava fraca e minha cabeça inclinando para o lado como se eu estivesse prestes a desmaiar.

- Isso não importa agora, Yuu não dorme ok? Você não pode dormir agora me escutou!!?-o mesmo estava gritando desesperado tocando em meu rosto, mas para mim sua voz já estava mais do que distante e minha visão escurecendo, não sabia dizer se estava desmaiando ou simplesmente morrendo, pra mim preferiria a segunda opção.

-....Hahaha.....ela morreu....quase igual assim....talvez consiga vê-la....certo?-já não sabia do que estava falando, chorava, ria, gritava enquanto olhava para o mesmo que tinha uma expressão assustada.

- Você não vai morrer! Nem foi algo tão grave!! E eu acabei de te achar....não posso perdê-lo de novo....não mais.-o ruivo logo começou a se esforçar em me levantar e me manter acordado o máximo possível, mas as lágrimas e preocupação eram bem visíveis em seu rosto.

-....não me importo em morrer.....você não fugiu.......vou sentir sua falta......pelo menos não sofrerei mais.....ainda te a....-estava perdido em pensamentos, em momentos estava falando com ele e em outros parecia está falando comigo mesmo em voz alta.

Minha visão já escura, meus olhos implorando para se fecharem, minha respiração fraca, não sabia quanto tempo aguentaria, não escutava mais nada além de silêncio, nem meus próprios pensamentos era capaz de ouvir, mas me lembro de olhar bem para o rosto preocupado do ruivo que me segurava nos braços tentando me deixar acordado, porém sem solução, na porta uma garota me encarava aterrorizada, com certeza deve ser aquela garota do parque com quem fiz amizade, mas, o que me deixou sem forças foram ambas as crianças paradas atrás dela, uma delas se destacava aos meus olhos pelos seus cabelos tingidos de roxos me olhando com aqueles olhos castanhos com finas lágrimas se formando em seu rosto moreno, não sabia o que dizer, afinal como se diz a sua irmã que você está morrendo? Sendo você a única pessoa que ela verdadeiramente ama, acho um pouco difícil, mas, com o pouco de força que me restava consegui abri um sorriso sincero para a mesma antes de sussurrar com o pouco de voz que tinha, antes que apagasse totalmente:

- Vou ficar bem pequena, eu juro....-abri um leve sorriso antes que minhas pálpebras se fecharam e eu perdesse a consciência.

- Onii-chan!? Onii-chan!!!!!!

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⏰ Última atualização: Feb 05, 2021 ⏰

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