Náufragos - Vivendo Dias Muito Loucos

10 - Tentativa

Charlotte on

Três dias depois as 15:25 da tarde

Caminho pelo jardim da casa dos meus pais, em cada canto relembro a minha infância alegre, a minha adolescência cheia de aventuras e agora a fase adulta repleta de realizações. Em poucos meses tenho realizado boa parte dos meus sonhos. Me formei em engenharia, estou grávida e agora noiva. Olho para o lindo anel em meu dedo anelar, sorrio, me sinto realizada.

Fecho meus olhos para sentir e ouvir o vento tocar minha pele e as folhas das árvores que mamãe tanto insistiu pro meu pai que fossem plantadas. Sento na grama macia e aprecio o som do vento como se fosse uma orquestra tocando.

-- Amor da minha vida. - meu noivo deposita um beijo em meus lábios. Abro meus olhos para observar o homem que tanto amo.
-- Apreciando o som da natureza ? - me pergunta e afirmo com a cabeça.
Henry pega o celular dele, o desligando, e faz o mesmo com o meu.

-- Agora sim você terá paz, Jasper e Amary estão insuportáveis hoje, não param de ligar. - fala e deita na grama.

-- Eles ainda estão brigando para ver quem vai ser os padrinhos do nosso bebê ? - sorrio imaginando os quatro numa discussão nem um pouco saudável.

-- Sim, até a Lia entrou na guerra pra ser madrinha. - Henry conta balançando a cabeça em negação. Caí na gargalhada, Lia é uma menina tão doce, mas pode se tornar uma abelha africana quando está furiosa.

O vento balança alguns galhos e leva umas folhas para longe, este, é o sinal que o outono se aproxima.
Sinto a mão do meu noivo repousar sobre a minha barriga, que já mostra uma pequena elevação. Em quatro dias fará um mês que estou grávida.

-- Nos casamos antes ou depois do bebê nascer ? - a voz do Henry ecoa suavemente pelos meus ouvidos.

-- Acho melhor depois, não quero ser comparada a uma baleia usando um vestido. - falo, em poucos dias descobri que minha autoconfiança está debilitada.

-- Minha deusa, você é linda, mesmo estando grávida. - seus olhos cintilam. -- Estudos comprovam que as mulheres ficam mais bonitas quando estão grávidas. - seus olhos transmitem uma intensidade para mim, meu pobre coração não aguenta as batidas descompassadas.

-- Você está fazendo um ótimo trabalho em recuperar minha autoconfiança. - envolvo meus braços em seu pescoço e o beijo.
-- Mas acho melhor nos casarmos depois que o bebê nascer, quero que ele ou ela apareça nas fotos. - respondo me deitando na grama.

-- Combinado então, depois do bebê nascer. - responde. -- Agora temos que escolher os nomes, um pra menina e outro pra menino, mas temos oito meses para isso. - olho de relance para meu noivo e afirmo.

-- Escolhemos depois, agora vamos apenas relaxar e esquecer que tem cinco pessoas brigando para serem os padrinhos do nosso filho. - ponho minha cabeça sobre o peito do Henry.
-- Será que minha mãe acerta o sexo do bebê com a intuição dela ? - pergunto de supetão.

-- Com certeza, já que ela acertou sobre a sua gravidez. - meu noivo sorri para mim, devolvo o sorriso.

-- Verdade - digo e toco meu ventre.

-- Seus pais fizeram uma aposta, se você estivesse grávida eles fariam uma torta de limão pra você. - Henry conta, olho boquiaberta pro meu noivo e me lembro que minha mãe pediu para avisá-lo que faria torta de limão.
Esses dois são terríveis juntos, quem diria que meus pais fariam uma aposta ? Balanço a cabeça ainda pasmada. Uma aposta...

Minha atenção se volta para o jardim na casa dos meus pais, observo o jardim e respiro sentindo o ar puro e o cheiro da grama cortada e das flores que contrasta com a maresia.
Pera aí, maresia ? Aqui não tem mar.
Da casa dos meus pais até o alto mar, é longe. Um pressentimento ruim surge.
Aí vem coisa...