Capítulo 1: Três Bixas à Procura

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Três Bixas à Procura

O cheiro forte de bebida mesclado ao odor de suor foi a primeira informação do jovem ruivo sobre a noite anterior. Antes mesmo de abrir os olhos, pôde sentir uma leve pontada na cabeça: prelúdio de uma bela ressaca.

"Devo abrir meus olhos, ó Deusa?" — os pensamentos dramáticos de Lue tomavam-no com certa comicidade em sua própria cabeça. Daquela vez havia exagerado na tequila. Com os olhos ainda sensíveis diante da extrema claridade, pôde observar primeiro o seu corpo. A ereção latejante em sua fina peça de roupa manchada de sêmen indicava o óbvio: sexo. Marcas pelo seu corpo mostravam que a interação sexual não foi das mais suaves e/ou carinhosas.

Um sorriso se desenhou em seu rosto.

Sentia ardência entre as nádegas, mas seu estado de espírito era alegria: teria sido uma boa experiência? Depois de um bom café ou uma boa aspirina com certeza realinharia as memórias na cabeça. Mirando o próprio corpo acostumou os olhos esverdeados com a claridade do que parecia ser um quarto de hotel. A ostensiva janela revelava que o dia já tinha começado do lado de fora. A cortina limpa e elegante era uma das pistas que encontrava para descobrir onde estava. A cama era confortavelmente macia e o quarto consideravelmente espaçoso. Podia ouvir a linda melodia da grande cidade: buzinas, metrô, vozes oriundas de todos os cantos e alguns passarinhos ritmando a polifônica música urbana.

A bixa precisava realmente de um café. Esticou as pernas para se levantar em direção a sua roupa espalhada. Cuidadosamente procurou o celular no bolso do sobretudo jogado de qualquer jeito sobre o tapete felpudo. Precisava saber que horas eram. No visor, antes de conseguir saber o horário, pôde ver que sua amiga ligava.

— Mona, me fala que cê também tá atrasada! — Kóra disparou antes de ouvir qualquer palavra de Lue.

— Sim... — sussurrou, sentindo a cabeça latejar com a emissão de sua voz numa simples resposta.

— Onde você tá?

— Não faço ideia, mona. — Um sorriso se desenhou com o não saber.

— Tá na casa de algum ocó?

— Parece mais um hotel... — Analisou ainda mais o quarto. Havia um homem nu ao seu lado, de bruços, com a bunda virada para cima, marcas de arranhões espalhadas pelas costas. O cabelo loiro e comprido se espalhava pelo travesseiro. O doce estranho com quem Lue provavelmente havia transado ressonava profundamente. — Achei o ocó, acho que é a bunda mais gostosa que vejo em...

— Uma semana? — alfinetou a amiga.

— Um mês, vai! — Lue segurou a risada. — Vou me vestir, descobrir onde tô e já colo lá.

— Eu devo chegar em uma hora no endereço.

— Onde você tá?

— No after.

— Você não dormiu, bicha dos infernos?

— Não. Se você chegar antes fala pro Eivi que eu vou levar frapuccino pra gente, como desculpas.

— Aaaah, ótimo! O meu na verdade é um...

Mocha branco, eu sei.

— Te amo, deliciosa.

— Recíproco, sua piranha.

— E... Que horas são? — Lue se vestia com o celular pendurado entre a orelha e o ombro. Tentava fazer a menor quantidade de barulho possível.

— Nove e quarenta e cinco.

— Ai caralho, ai caralho. Vou pedir um Uber.

— Vai lá.

BixasOnde histórias criam vida. Descubra agora