Preso ao Mármore [GaaHina]

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A sala toda branca brilhava enquanto recebia os últimos raios de luz solar

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A sala toda branca brilhava enquanto recebia os últimos raios de luz solar. O barulho das conversas alheias e vozes afobadas de crianças iam sumindo conforme o horário passava devagar. Ao lado da porta que levava àquela pequena parte da exposição, havia um relógio de sol tão antigo quanto cada rocha que fora usada para construir o castelo. Apesar de tantos anos terem se passado, as mesmas paredes de pedra continuavam em pé.

Firmes, assim como o rei que as ergueu pretendia.

O castelo de Urquhart foi construído pelo avô do temido monarca Gaara. Não, ele nem mesmo contava na linha de sucessão histórica que toda Escócia conhecia, porque os antigos preferiram apagar qualquer informação sobre sua existência após seu sumiço misterioso. Ninguém soube explicar o que houve e, para darem alguma explicação à única família do rei, disseram que ele foi morto pelo grande monstro do Lago Ness. O exato lago que ficava em frente ao castelo.

Fim. Nada mais se soube sobre o mais temido e orgulhoso monarca escocês.

Os turistas, historiadores e a população toda não faziam ideia de que essa mentira fora contada, porque nem mesmo sabiam sobre o rei Gaara. Havia uma grande lacuna na história, mas as pessoas pareciam ignorar os anos regados a sangue que assombraram o país. Não existia sequer um sinal desse monarca. Quero dizer, havia uma pequena pista de sua existência, mas ninguém notava isso.

Dentro da sala do trono, mais especificamente dentro da sala que recebia os últimos raios solares, havia uma grande escultura de mármore. Um homem alto, grande, com cabelos longos e lisos; vestindo roupas que eram de pele, por causa do clima; com a postura altiva e seus olhos fixos na janela iluminada, como se observasse toda sua terra. O que era verdade, aquela era sua terra.

No entanto, a imagem que criaram dele era completamente o oposto da verdade.

Gaara nunca teve cabelos longos, nunca usou roupas de pele ou foi uma pessoa alta. Na verdade, ele era bem baixinho, com curtos cabelos ruivos – detalhe que o mármore não mostrava e, caso mostrasse, não seria fidedigno também. O monarca tinha ficado marcado como o homem que nunca cedia ou desculpava-se. Ele também era conhecido, em vida, como o sanguinário, porque nunca perdoava ninguém. Seu lema era: eu não erro.

Podem imaginar a personalidade agradável do jovem monarca – porque também não era muito velho quando desapareceu, por mais que sua representação em mármore retratasse o contrário.

Ele foi tão odiado que seu nome chegou ao conhecimento dos confins mais longínquos da Terra. Tão distantes do grande castelo de Urquhart que nem mesmo Gaara podia esperar o que o destino tinha lhe reservado. Bem, seu eu jovem não, mas a versão mais velha e imortal, agora, compreendia que era algo inevitável.

***

Assim que anoiteceu e o castelo ficou vazio, uma suave luz fantasmagórica invadiu o cômodo abandonado. Erguendo-se da posição sentada em que estava, a figura real do rei Gaara surgiu. Ele olhou ao redor, mas apenas o barulho do vento entrava pelas ruínas do castelo. Quando chovia, o jovem detestava sair de seu lugar, mas esse era seu castigo.

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