Bryan Venturini
Atualmente
- Senhor Venturini, os sócios já se encontram na sala de reuniões.
- Sirva água e café, em cinco minutos estarei presente. Obrigado!
- Licença senhor!
Ela sai e fecha a porta, meus pensamentos vagueiam por tudo que passei até chegar aqui, tem pessoas que acham que a criança não é maldosa, mais eu sentir na pele a maldade de muitas. Consegui fazer tratamento e cirurgia, hoje estou com 1,60m, pra quem não passava de 1,40m foi um avanço significativo.
Depois do episódio da escola, minha mãe também foi demitida, seu patrão que conseguiu a bolsa para mim, era amigo dos pais do menino que eu bati, então tudo foi ficando difícil, meu pai ajudava com o que podia, mais seu salário de faxineiro também era pouco. Muitas noites, vi meus pais chorarem abraçados na cozinha, com certeza era algo relacionado a comida. Me senti mal, devia ter deixado eles acabarem comigo, porque a dor que sentir vendo meus pais sofrerem não se compara aqueles socos.
Nesse dia prometi também que não iria revidar mais os insultos. A próxima escola que eu fosse, eu ficaria calado.
E foi o que eu fiz, eu me fechava, ano após anos, namorei uma menina quando eu tinha 16 anos, até descobrir que ela só fez isso por conta de uma aposta idiota, não disse nada a ela, apenas terminei e ela ficou uma semana atrás de mim, talvez a aposta só tinha efeito se transasse com o baixinho aqui.
Amizades verdadeiras eu só tive de uma menina que tinha os cabelos curtinhos e as meninas a apelidaram de Joãozinho, e vocês pensam que ela ligava? No outro dia ela veio com ele raspado, ela sempre me incentivava a me soltar, mandar todo mundo a merda. Só que eu não conseguia mais, eu sempre lembrava de meus pais. Eu não podia decepciona-los novamente.
Quando eu estava no ensino médio por ter uma inteligência acima da média meu professor me inscreveu em uma faculdade, ele dizia que era surpresa, até que recebi uma proposta para ir para Faculdade de Harvard cursar Ciências da computação, meus pais não queriam que eu fosse, meu professor conversou com eles, disse que lá eu poderia continuar com o tratamento dos hormônios e eu já tinha um estágio garantido e alojamento para ficar. Que eu teria um futuro promissor. Foi a primeira vez em anos, que eu abrir a boca para dizer que eu queria algo.
Depois de dias pensando, meus pais aceitaram, eu fui, estudei, sofria bullying novamente, parecia que não tinha fim as humilhações.
A vontade de quebrar a cara de cada almofadinha que só estava lá por causa do dinheiro do pai era muita, mas a vontade de vencer, de dar uma vida melhor para meus pais superavam essa vontade.
Saio das minhas lembranças quando alguém bate na porta.- Entre!
-Falaaaaaa azulino.
É o Josh, meu amigo da faculdade, azulino é o apelido que ele inventou por conta da cor dos meus olhos, ele veio comigo para o Brasil, ser o meu sócio na empresa, quando desenvolvi o antivírus que destrói qualquer vírus que tente invadir um sistema computacional, ele acreditou em mim e veio comigo. Depois de vários testes, registrei a patente e meu amigo entrou como sócio na minha empresa, pra resumir, ele entrou com a capital e eu com o trabalho, hoje tenho muito mais dinheiro que eu possa calcular, todas as empresas de renome quer o meu antivirus em seus sistemas, mas quem não quer se ver livre de vírus que roubam e infectam milhares de computadores no mundo?
E assim aos vinte sete anos eu olho pra trás e vejo que realmente eu precisava passar por tudo que passei para me tornar quem sou, não sou um ogro, ignorante ou qualquer desses adjetivos negativos de muitos chefes por aí, sou fechado e controlado, o único que me tira do sério é Josh, porque? Vocês saberão ao longo da história.- O que suas engrenagens estão maquinando aí?
- Nada demais! Temos reunião agora.
- Você vai inaugurar o novo projeto.
- Vou passar para os sócios.
- E eu vou dar um coquetel de lançamento.
- Você e suas festas.
- Tenho que mostrar meus músculos novos, azulino.
- Faça como quiser, não irei mesmo.
- Você vai! Já chamei seus pais e você fará o discurso. Hora de colocar essa cara de galã de cinema pra jogo.
- Caralho Josh! Vocês sabem que eu não apareço. Não gosto de tanta gente assim.
- Até hoje não sei o porquê. Sempre respeitei sua individualidade, mas agora é com você, chegou a hora de mostrar, que você é grande amigo.
- Mas, mas eu não...
Ele interrompe minha fala
- Sem não,Bryan Venturini, já chega desse isolamento. Você vai e pronto. Chegou a hora de você se mostrar para o mundo e não só para tecnologia.
-Eu vou pensar!
-Não! Você só vai pensar qual é o terno e o perfume que você vai usar. La estará cheio de gatinhas para gente azarar.
- Você quer dizer, você azarar, se eu for, irei ficar o mais escondido possível.
- Isso é o que veremos, vamos para a reunião, os sócios já estão esperando.
- Pego meu paletó, visto e sigo ele para a sala.
Três horas depois de uma reunião bem sucedida,sigo para o meu apartamento, ele é aconchegante, porém não tem nada de extravagante, já meus pais optaram por uma mansão, eu entendo eles , foram muitos anos de privações, agora que tudo está ao alcance das mãos, eles não querem economizar, a única coisa que eu não abro mão é do meu brinquedinho um Bugatti La Voiture Noire, lindo demais. Foi minha primeira aquisição, assim que os milhões entraram na conta.
Faço meu caminho em silêncio, sinto - me solitário mas prefiro ficar sozinho do que arranjar alguma mulher que me quer apenas pelo meu dinheiro e tem vergonha de andar de mãos dadas comigo. Já odiei meu tamanho, hoje apenas me conformei, Os psicólogos sempre diziam que eu devia me amar como eu sou, é fácil falar quando você não sentiu na pele todas as humilhações que passei, hoje sou adulto, milionário, mas solitário. Não quero mais sentir que sou insuficiente pra ninguém por conta do meu tamanho.Vou ter que contar até mil para suportar essa festa, só tem bajuladores, que na minha frente me exaltam e por trás falam de mim.
Depois de meia hora no transito de Brasília, entro em meu apartamento e vou direto para o quarto, tiro minhas roupas e sigo para o banheiro. O banho morno tira as tensões do dia.
Após minha higiene, visto uma cueca box branca e deito na cama, essa história de ir para esse coquetel tirou minha fome.
Depois de tanto pensar. Uma desculpa para não ir a essa festa a única viável foi.Eu vou, faço o discurso e saio escondido. Eu tenho o plano perfeito! Nada de novo acontecerá lá. Nada!
Isso foi o que eu pensava...
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Meu pequeno GRANDE amor.( DEGUSTAÇÃO AMAZON)
RomansaBryan Venturini sempre sofreu Bullying por ser menor que os padrões estabelecidos pela sociedade, se fechou em seu próprio mundo e não acredita em amor verdadeiro. Afrodite Maria foi casada com um homem abusivo, mas apesar de tudo que passou, sua do...