Capítulo 01: 1970

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Éramos crianças e tudo era tão simples

Éramos crianças e tudo era tão simples

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O ano estava terminando e tempestades de neve intermitentes cobriam as ruas de Londres com grossos cobertores brancos e gelados. Regulus passou a manhã inteira olhando pela janela de seu quarto, ansioso para ver o caminhão limpa-neve. Assim que a estrada principal do largo Grimmauld estava livre da nevasca, Regulus desceu as escadas correndo, um livro embaixo do braço e um sorriso meigo ao pedir para seus pais se podia ler no parque que ficava do outro lado da rua. 

Quando ele finalmente saiu de casa, mal conseguia dobrar os braços devido às inúmeras camadas de lã que sua mãe o forçou a usar para se proteger do frio. Mesmo que a neve parara de cair, os raios de sol que conseguiam penetrar as pesadas nuvens faziam muito pouco para trazer calor àquela tarde. 

Regulus passou a mão coberta pela luva de couro de dragão no rosto, limpando os flocos de neve que caíram em seus cílios quando ele abriu a porta de casa. A outra mão segurava firmemente uma cópia antiga do Livro de Feitiços da Primeira Série, que fora de seu pai nos tempos de escola.

Quando chegou ao outro lado da rua, Regulus olhou para trás para conferir se sua mãe estava o observando da janela. Mas Walburga não estava lá. De fato, era o elfo doméstico empregado deles, Monstro, quem encontrava-se sentado com as perninhas balançando para fora do parapeito da janela da sala de jantar, onde podia tomar conta do membro mais novo da família Black.

Volte em meia hora, foi o que sua mãe lhe disse. E se começar a nevar, volte imediatamente. Você não pode ficar doente, lembre-se que precisar tocar no jantar de domingo.

Ele soltou um murmúrio de dor ao que as luvas esfregaram em seus dedos, ainda sensíveis de tanto praticar piano na noite passada. Ele odiou a nova partitura que seu professor lhe deu para treinar: suas mãos ainda eram pequenas demais para alcançar cinco teclas de uma vez, a pele entre seus dedos estava dolorida e seus mindinhos pareciam travados. Mesmo assim ele preferiu não reclamar.  A família Black não criava perdedores que desistem antes de atingirem todo seu potencial, ah não.

Quando Regulus olhou para frente de novo, seus pés pararam abruptamente. Havia alguém – outra criança, uma menina – sentada no seu balanço favorito. Ué, não haviam outras crianças no largo Grimmauld, pelo menos não de sua idade e muito menos meninas.

Ela tinha cabelos castanhos presos em duas tranças que iam até metade das costas, e estava o encarando com grandes olhos marrons arregalados.

"Você mora ali?" ela gritou, apontando para a casa de número doze. 

Foi a vez de Regulus arregalar os olhos. Ela conseguia ver a casa dele? Regulus animou-se, mas ainda estava juntando coragem para mover as pernas. No fundo, não queria se aproximar. Nunca teve jeito para falar com outras crianças, especialmente com meninas. Mas ninguém tinha conseguido ver a sua casa antes. Sua família eram os únicos bruxos do largo Grimmauld, e a Mui Antiga e Nobre Casa dos Black permanecia escondida sob feitiços milenares.

OJESED • Regulus BlackOnde histórias criam vida. Descubra agora