Capítulo 03: 1972

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Porque num piscar de olhos eu não reconheci mais a minha vida

Porque num piscar de olhos eu não reconheci mais a minha vida

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O número 12 do largo Grimmauld foi o lar de gerações e gerações da família Black. Vindos de dinheiro antigo, os herdeiros moravam na mansão centenária e faziam poucas reformas ao longo das décadas – não queriam apagar a história que se passara por aquelas paredes, afinal.

E por isso Regulus odiava tempestades. Enquanto as torrenciais de água batiam contra a janela de seu quarto, trovoadas e relâmpagos faziam o chão tremer e criavam sombras estranhas nas paredes.

Naquela madrugada em especial, o caçula estava escondido debaixo das cobertas; prendera o cobertor na cabeceira da cama e fez uma barraca improvisada. De olhos arregalados, segurava sua varinha de brinquedo que emitia uma luzinha da ponta, sentado abraçando suas pernas contra o peito.

Os móveis e o telhado e até as paredes rangiam e estalavam e pareciam estarem vivas. Por um momento, Regulus até imaginou que a casa estava entortando como uma árvore ao vento. Uma forte trovoada o fez esconder o rosto entre os joelhos e apertar a varinha de brinquedo com mais força entre os dedos. Uma porta lá no primeiro andar estava aberta e de vez em quando colidia com força no batente devido à ventania. Até os quadros encantados nos corredores resmungavam e bufavam a noite inteira.

Era mais ou menos duas da manhã quando Regulus não aguentou mais. Saiu debaixo das cobertas num pulo e jogou a varinha falsa em um canto qualquer. Foi para fora do seu quarto, porém logo se arrependeu, pois um relâmpago refletiu as cabeças de elfos domésticos decepadas que seus antepassados penduraram nas escadas e aquilo o fez correr sem nem pensar duas vezes para o quarto do irmão.

Sirius, que sempre tivera sono muito pesado, não acordou quando Regulus se aconchegou no espaço vazio do lado direito da cama. Mas acordou algumas horas mais tarde, sonolento e confuso ao se deparar com as costas do irmãozinho, uma figura encolhida em cima de suas cobertas.

"Ei", Sirius o chacoalhou pelo ombro. "Reggie, tudo bem?"

Regulus, que sempre tivera sono muito leve, acordou de supetão, sentando-se na cama em um movimento rápido. "Ahn? O que?"

"Tudo bem?" repetiu Sirius.

"Ah", ele murmurou, recuperando-se. Passou a mão nos cabelos lisos, frisados pela umidade, e sentiu algumas mechas retornando para a textura ondulada natural. "Tempestade", explicou por fim.

"Quer que eu chame a mãe?"

"Não!" Os olhos do mais novo se arregalaram. Sirius franziu o cenho. Regulus desviou, tentando disfarçar: "Quer dizer, não precisa."

"Ela andou usando aquela caixa de música de novo, não é?"

"Às vezes... Quando chove eu não consigo dormir."

OJESED • Regulus BlackOnde histórias criam vida. Descubra agora