Estou doente, cansado. Isso está me machucando. Olho suas fotos e sinto sua falta, as lágrimas acompanham esse sentimento de falta. Estou quebrando aos poucos, por favor volte não vou suportar por muito tempo. Sinto o vazio que você causa. Sinto o vácuo do universo dentro de mim, o buraco negro que me engole. Já não sei mais o que fazer. Comecei a fumar e agora estou viciado. Os cigarros me preenchem, mas ainda sim me lembro do motivo de estar fumando. Você me mata mais rápido do que todos esses cigarros.
Lembro-me do sol, que agora só é uma lembrança, porque os dias se tornaram cinza e chuvosos. Agora eu sinto toda a dor do cinza, o cinza da fumaça, do céu e das paredes. Tudo perdeu sua cor. Não sinto o gosto do açúcar. O carrossel parou de girar e está enferrujando. E eu ainda não desci do cavalinho. Qual era a cor dos seus olhos? ou dos seus cabelos? Qual era mesmo o seu cheiro? Como era o seu rosto? Eu já não me lembro mais de você. Aos poucos fui me esquecendo de como você era, no início isso foi uma vitória mas despois que bateu a abstinência isso se tornou meu pesadelo. Eu tinha medo de olhar suas fotos, eu queria te esquecer, tinha medo de perguntar aos nossos amigos como você estava. Despois de me torturar eu fui atrás de você. O alívio foi grande mas a dor foi maior. Eu vi você feliz, com novos amigos, e eu fiquei feliz também mas ao olhar para a minha situação e ver como eu estava infeliz sem você foi a parte mais difícil. Porque lá no fundo eu acreditava que precisava de você para ser feliz, mas isso era só uma mentira que eu contava para eu mesmo. Eu estava morrendo, mas eu estava ocupado demais me torturando com lembranças nossas para notar isso.
O motivo de toda essa dor eu já não sabia mais. Era a dor do fim? a dor de te ver indo embora e se tornando tudo o que eu sempre quis ser? (in)Feliz sem você. Eu estava morrendo, e eu notei isso tarde. Eu não sabia mais quem eu era, e nem quem era você. Seu rosto era um borrão, sua risada era muda mas ainda sim as memórias me machucavam. E eu me perguntava todas as noites onde estava o meu amor, e eu apenas sabia que você estava longe. Comecei achar que estava enlouquecendo, e isso com o tempo se tornou uma certeza. Eu sentia tanto a sua falta. Já não era só você que me faltava, o ar começou a me faltar, a fome também e por fim me faltava os motivos para existir. Eu estava completamente louco, me faltava muitos parafusos, tantos que eu estava me desconstruindo. Em pouco tempo todas as partes de mim estariam no chão. Se tudo acabasse por aqui e eu dissesse que eu superei tudo e fui feliz seria ótimo, mas um livro nunca termina na segunda página.
Eu sentia tanta falta desse amor que comecei a abrir mão de muitas coisas. E uma delas foram minha dignidade, o meu orgulho e meu controle. Despois de um mês me torturando com fotos eu decidi me torturar com a espera. Te enviei uma mensagem como quem joga uma bomba e corre, mas eu fiquei lá para ver a explosão. Os segundos se passavam e o tempo começou a ser o meu maior inimigo. Depois dos segundos vieram as horas, e eu já não aguentava mais, mas ainda sim continuei a espera do seu Oi. Eu não queria mais esperar mas eu também já estava pronto para me jogar aos seus pés. Finalmente me veio a resposta, e eu comemorei aquilo como quem comemora a vida. Mal sabia eu que estava comemorando o fim da minha.
Já fomos amigos, melhores amigos, amantes, conhecidos e por fim estranhos. Na minha opinião esse é o real ciclo da vida. Em toda uma vida no final sempre nos tornaremos estranhos. São poucos os que ficam. As amizades são o ciclo da vida de uma borboleta, por muito tempo lagartas imaturas, depois nos construímos dentro de um casulo e por fim nos tornamos borboletas que fazem o seu efeito e morremos sem ter voado longe.
Não somos nada além do caos. A guerra entre corações, e no final sempre alguém sai partido. Somos a dor, o caos a guerra juntos. Acho que a gente nunca deveria ter se conhecido. Eu poderia ter preservado tantas lágrimas, tantos sentimentos e me preservado. Somos um erro na história. Somos uma história usada para apenas existir mais páginas no livro das coisas que deram errado na vida. Um dia fomos as páginas importantes e as mais esperadas para serem lidas. Agora já não somos nada, apenas ocupamos o espaço que em algum momento precisou ser preenchido.
Para quem um dia foi tudo hoje já não é mais nada.