DESESPERO

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    Eu sinto o desespero, sinto muito. Sinto essa adrenalina fatal correndo por minhas veias.

Sinto o coração batendo mais rápido como se quisesse fugir de dentro do meu peito. Cada batida, uma mais forte que a outra, quebrando minhas costelas e rasgando minha pele. Cada batida, uma mais forte que a outra, tirando o ar de meus pulmões me fazendo morrer lentamente. Toda a angustia, todo o caos, todas as dores e todas as lágrimas que um dia foram impedidas de cair, se uniram em um único momento. Me deixando confuso e desesperado.

Tire toda a dor, tire todo desespero, tire de minha mão a lâmina que corta as finas camadas de pele. TIRE ISSO, TIRE AGORA! ISSO ESTÁ ME ENLOUQUECENDO! Por favor...,me permita viver novamente. 

O vermelho do sangue, a transparência das lágrimas, os roxos dos hematomas e o cinza do desespero. Formando a palheta de cores da minha vida.  O desespero vem aos pouco, como um leopardo caçando, ele espera o momento certo para atacar a vítima. Como o ataque de um leopardo o desespero ataca. Um ataque certeiro e fatal no pescoço, fazendo com que a vítima morra engasgando em seu próprio sangue, e por fim devorando-a depois de morta. Uma morte rápida mas não o suficiente. O desespero faz eu me engasgar na minha própria dor, me sufocando e tirando meu ar. A cada crise é uma morte, e essas mortes andam ficando mais lentas e agonizantes, diria incontroláveis. 

O pânico, o medo e a dor. Ao meu ver essas são as coisas mais fatais do mundo. O que facas e armas de fogo são perto destes sentimentos? Todos esses sentimentos usados contra nós são a pior tortura de toda a existência. Elas matam lentamente o ser-humano. Tirando de si a felicidade e a vida de uma forma tão silenciosa, que quando você menos esperar já morreu. 

Uma morte silenciosa, trágica, melancólica e desesperadora. Eu morro todos os dias. E não existem remédios para curar, não existe milagre para me salvar. Todos os dias uma morte diferente, uma mais trágica que a outra. Eu estou tentando sobreviver, eu quero viver! Mesmo tentando e tentando, não há cura para isso.

Eu sinto, sinto muito, o desespero. Sinto o desespero que me corrói e me mata todos os dias. E aos poucos começo a desistir de lutar contra isso. Porquê eu sinto, sinto muito, esse desespero me matando e arrancando de mim o pouco da vida que me resta. Eu sou apenas um corpo, um peso, morto. Eu sou um pequeno ser tentando sobreviver. Eu sinto tudo, eu sinto muito, mas eu já morri.

𝑰𝑴𝑴𝑶𝑹𝑻𝑨𝑳Onde histórias criam vida. Descubra agora