O prólogo no qual Hiruzen dá uma ordem desagradável.

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"Não."

Sarutobi Hiruzen, Sandaime Hokage de Konohagakure no Sato, suspirou profundamente e fechou a boca que mal tinha estado aberta por dois minutos antes de sua gentil sugestão ser recebida com uma resposta dura e direta.

Ele entendia, honestamente, ele realmente entendia. Era difícil para seu aluno mais promissor, a vida não tinha sido gentil com ele e Konoha era ainda menos. Hiruzen era velho e sentimental, mas não o suficiente para não notar como Konoha usualmente reagiria a Orochimaru. Ele era um dos três Sannins Lendários, sim, mas ele era temido mesmo em sua casa. Fosse a aparência ou sua total falta de remorso em matar, talvez fosse sua mente rápida e sempre faminta por mais. Ele era admirado, mas o medo era maior.

O Conselho não era diferente, honestamente. Orochimaru estava, lenta, mas seguramente, se tornado poderoso demais para ser controlado, sua genialidade apenas crescia, seus experimentos estavam tomando um rumo obscuro e ambicioso demais. Orochimaru estava se tornando o tipo de pessoa que, no mundo ninja, só tinha dois destinos e Hiruzen não permitiria um e o Conselho temia o outro.

Ele era inconstante demais para se tornar Hokage, mas poderoso demais para se tornar um inimigo.

O Conselho tinha algumas sugestões sobre como Orochimaru deveria ser tratado. Danzo o queria sob suas asas enquanto Homura pensava que ele daria um ótimo Godaime e Kohaku exigiam que Hiruzen cortasse o mal pela raiz.

Obviamente, ele não tinha a obrigação de seguir nenhum desses gentil conselhos de seus amigos de longa data, mas Hiruzen não era cego, ele sabia o que acontecia em sua vila. Sabia bem que seus conselheiros tinham suas próprias facções, seus próprios soldados. Era uma questão de tempo até que Danzo tentasse recrutar Orochimaru para sua própria facção ou que Kohaku mandasse um de seus homens na esperança de dar fim a vida de Orochimaru.

Homura, como sempre, era mais o mais leal dos três e rapidamente forneceu uma solução que era apenas para os ouvidos de Hiruzen. Era uma ideia bastante simples, mas parecia boa o suficiente quando o próprio Hiruzen não tinha nenhuma outra.

Dê a Orochimaru um time, afaste-o de seu laboratório, estagne seu crescimento como shinobi fazendo com que Danzo perca o interesse e use algumas crianças fofas para derreter o coração da cobra apenas o suficiente para que Kohaku veja que ele era apenas humano como todos e não um monstro que ela havia idealizado.

Hiruzen considerou seu aluno, sentado do outro lado da mesa com os braços cruzados sobre o colete jounin. A pele de Orochimaru parecia mais pálida do que o normal, o que dizia muito sobre a situação geral do homem. Suas olheiras tinham olheiras, seu cabelo era uma bagunça bem administrada e havia uma contração leve, mas constante, sob seu olho direito, uma que Hiruzen só tinha visto tantas vezes durante missões longas em que ele e seu time tiveram que passar horas e horas acordados.

"Quando foi a última vez que você dormiu?"

Orochimaru zombou silenciosamente. "Sua conversa doce não me fará mudar de ideia, sensei. Não tenho tempo para pirralhos. Por que eu teria ou deveria ter? Minhas pesquisas tem agregado e muito para Konoha, então porquê me dar um time agora?"

Porque eu realmente não quero ter que matar você, Hiruzen resmungou mentalmente, mas não respondeu, olhando para sua mesa a procura de seu cachimbo. Não estava em lugar nenhum, era bom e ruim ao mesmo tempo. Bom porque Orochimaru odiava a fumaça e ruim porque isso significava que alguém tinha pego.

Ele franziu o nariz com diversão, tinha estado ali na noite passada, mas ele próprio não o tinha tocado essa manhã. Seu cachimbo tinha sumido por pelo menos dez horas, o que significava que ele devia cinco tigelas de ramen ao sequestrador.

Hm.

Hiruzen piscou e olhou de volta para seu aluno, considerando cuidadosamente sua resposta, embora ela já estivesse na ponta da língua. Orochimaru não era fácil de enganar, e quase sempre descobria quando era iludido. Nunca, nunca terminava bem.

"O Conselho tem ressalvas sobre você atualmente, Orochimaru." Seu aluno bufou, mas Hiruzen não se intimidou. "Suas pesquisas são úteis e somos gratos por elas, mas você passa tempo demais com provetas e tempo de menos com humanos. Eles temem por sua saúde mental."

Orochimaru odiava ser enganado e farejava mentiras como um cão farejaria comida, mas Hiruzen ainda era o Professor por aqui, o discípulo ainda não havia superado o mestre.

"Foi decidido que você levará uma equipe genin o mais rápido possível." Ele continuou, sem dar a Orochimaru oportunidades para expressar seu descontentamento. "Você deve prepará-los por no mínimo três anos antes de liberá-los para o exame chunnin."

Seu aluno mais promissor sempre foi muito controlado e dificilmente demonstrava emoções, desde de criança, Orochimaru sempre foi difícil de ler e até mesmo de se conviver, era complicado quando você nunca sabia o que ele queria dizer. Ainda assim, Hiruzen teve décadas para aprender a língua de Orochimaru. Ele não era um livro aberto como Jiraya e Tsunade eram, mas era muito mais fácil de se compreender nos dias de hoje do que na infância.

A irritação saia dele em ondas e apenas alguma centelha de respeito por seu sensei e Hokage, que Hiruzen estava muito feliz por saber que ainda existia, o impediu de começar a destruir tudo num raio de dez quilômetros. Ele tinha visto ataques de raiva suficiente de seus três alunos para saber que nunca era bonito.

"Eu nunca tive uma escolha, no fim." Orochimaru notou, seus dentes estavam cerrados com força e sua mandíbula estava travada, fazendo sua voz soar mais como um rosnado.

Hiruzen negou lentamente com a cabeça. Ele nunca teve uma escolha, pelo menos não uma que o agradasse. Ele suspirou e olhou para o relógio na parede.

Seu aluno fechou os olhos e respirou profundamente. "Três anos. Eu posso prepará-los para o exame chunnin desse ano, se necessário. Por que três anos? O que você está me dando, Hokage-sama, todos os retardatários?"

E aquilo não era uma quantidade gotejante de veneno? Se havia alguém que podia transformar palavras comuns em ofensas duras, esse alguém era Orochimaru. Hiruzen riu, seu aluno às vezes era bastante previsível.

"Esse time é menos sobre os genin e mais sobre sua imagem pública, Orochimaru." Seu aluno o olhou, os olhos fendidos deixando uma única mensagem bastante clara sobre o que ele pensava sobre ninjas e imagens públicas. Essa era uma discussão que protagonizou milhares de brigas entre Jiraya, que às vezes sonhava com a fama apesar de ser chefe de uma rede de espiões, e Orochimaru, que assim como uma cobra, gostava de se enrolar sob rochas e manter-se quieto e sozinho com suas próprias coisas. "Seus alunos também serão difíceis, mas não incompetentes. Eu mesmo os escolhi a dedo."

"Alegria." Orochimaru resmungou. "E onde estão os malditos pirralhos?"

Hiruzen riu e olhou mais uma vez para o relógio. "Bem, você está dez minutos atrasado para buscá-los na Academia agora, então-"

Sua frase nunca foi terminada, Orochimaru soltou um som que se parecia muito com uma cobra literal e formou um selo com a mão. Um redemoinho de folhas nasceu no escritório do Hokage e tão rápido quanto veio, se foi, levando consigo Orochimaru, o Hebi Sennin.

O Hokage suspirou afetuosamente, eles cresciam rápido. Num dia mal batiam na altura do joelho e no outro estavam ignorando totalmente sua influência como sensei, líder e ancião.

Cerca de cinco segundos se passaram antes que Orochimaru surgisse outra vez, com a mão estendida num pedido silencioso e exasperado. Ele não precisava verbalizar para Hiruzen saber o que queria, então Hiruzen apenas sorriu lançando um par de guizos unidos por uma corda negra.

Que ele pode ou não ter preparado um para cada um de seus alunos, para o dia em que eles levassem seus próprios times..

Orochimaru agarrou os guizos no ar e sumiu mais uma vez.

Sim, eles crescem rapidamente

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