Caminhos cruzados

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Eu estava jogado no sofá, meio sonolento depois de uma longa e cansativa segunda-feira, quando recebi um telefonema do meu pai. Meu pai não é de fazer ligações, só liga para alguém quando é realmente necessário e costuma ser sempre muito objetivo. Por isso estranhei quando ouvi sua voz. Tudo ficou mais estranho quando percebi que ele estava fazendo rodeios para chegar onde queria na conversa. E olha... mais estranho ainda quando ele chegou lá.

- Antônio, você lembra do filho do Miguel, né? Aquele que foi jogador de futebol, que era amigo do seu irmão na escola.

- Filho de quem?

- Do Miguel, meu filho. O menino dele que vivia por aqui, acho que era amigo do seu irmão.

- O Caio? O Caio foi meu amigo, pai. Meu melhor amigo.

- Ah, sim. Sabia que era amigo de um de vocês. Então, parece que ele agora é professor, treinador, uma coisa assim. Ele mora fora, mas vem pra cá essa semana.

- Hum? - Neste ponto da conversa eu já não conseguia mais raciocinar direito.

- Pra cá não. Ele vai para aí. Vai conhecer uns jovens jogadores, fazer uma seleção, algo assim. E vai ficar nesse hotel aí perto de você, eu não lembro o nome agora.

- Sei.

- Então, como você vem pra cá na sexta, eu disse pro Miguel que o rapaz poderia aproveitar e pegar carona com você. Não tem problema, né? Fiz o compromisso sem falar com você, imaginei que não fosse ter problema, por saber que ele foi seu amigo na escola...

Fiquei sem reação, mudo por alguns segundos e, enquanto meu pai se desenrolava do outro lado da linha, mil coisas passavam pela minha cabeça.

Na hora até imaginei que ele poderia saber do envolvimento que tive com o Caio, quando éramos adolescentes, e por isso estava tão sem jeito para me falar sobre a carona.

- Tranquilo! - Foi tudo o que consegui falar.

- Vou dar o seu número pro Miguel passar pra ele te ligar então.

- Ok, pai.

Desliguei o telefone sem saber o que estava sentindo direito, fazia um bom tempo que não ouvia o nome do Caio e foi bem estranho. Continuei no sofá por mais meia hora. Olhando para o teto, pensando no meu pai, no Caio, no tempo que passou e nesse reencontro.

Terça-feira

Dormi mal pra caramba e acordei bem antes do despertador tocar. Eu estava ansioso, excitado, confuso... Sei lá. Saber que ele estava chegando mexeu comigo.

No fundo eu estava feliz com a oportunidade desse reencontro, pois mesmo distante, eu ainda sentia um carinho especial pelo Caio e por tudo que vivemos juntos. Mas também estava tenso, afinal há muito tempo não tinha notícias dele. Não sabia o que esperar.

Durante o dia consegui me distrair com outros assuntos e outras pessoas. Fui para o trabalho e no fim da tarde para a academia. Na academia, depois dos exercícios, lembro que fiquei conversando com um amigo que fiz por lá nos últimos anos. Um cara bem atraente. Alto, bem mais alto que eu, 29 anos, moreno, tem umas pernas bonitas e pés grandes.

Confesso que me aproximei dele por conta dos seus pés. Lembro bem da primeira vez que reparei, ele estava tirando os tênis no vestiário... Um tênis de cada vez, uma meia de cada vez... Pé esquerdo e depois o direito. Fiquei hipnotizado! Tênis preto, meias soquetes, cor branca e aqueles pés grandes, marcados pelo tênis... Um tesão! Fiquei logo excitado e muito interessado. Meu interesse foi tanto que puxei conversa com ele no mesmo instante, coisa que não costumo fazer.

Os pés de CaioOnde histórias criam vida. Descubra agora