Minha visão estava embalada pelas luzes cintilantes coloridas postas em cada cômodo da mansão e pelo álcool que eu já havia ingerido desde que cheguei a festa. Colocava as mãos sobre os olhos caminhando pelos corredores procurando a única pessoa que conhecia na festa, Cindy, minha colega de trabalho que havia me arrastado do coquetel da revista em que trabalhamos para a casa de um desconhecido. Bom, me chamo Clara, mas por aqui a maioria das pessoas me chamam de Claire, tenho 26 anos e sou pós graduada em jornalismo, minha tese de mestrado foi voltado pra história do rock com o único objetivo de conseguir uma vaga na revista Rolling Stone e bem... deu certo. Estou a 3 meses morando em Los Angeles trabalhando no emprego dos sonhos... ou nem tanto assim. É claro que eu não esperava começar escrevendo matérias incríveis e relevantes mas, droga, quer dizer eu tenho uma pós graduação, deveria valer pra algo mais do que servir café pros redatores. Cindy trabalhava na revista alguns meses a mais do que eu, coincidentemente morávamos no mesmo prédio o que tornou minha adaptação aqui mais fácil do que as expectativas. Ela me chamava de careta e anti social, discordo, eu só não peguei o ritmo da cidade e me sinto levemente desconfortável ao estar em lugares que não conheço ninguém. Mas como ela mesma diz, se eu não sair não vou conhecer ninguém e vou acabar ficando presa no apartamento pra sempre. Por isso antes mesmo de terminar o coquetel da revista ela resolveu nos levar para a festa de um produtor musical, "é simples relaxa", "nada exagerado relaxa" ela disse quanto parava o carro na porta de uma mansão que brilhava o suficiente pra ser vista do espaço. Com meus pés já doendo dos saltos me arrastei pela porta de entrada, era ridículo o quanto meus pés já doíam e o salto nem era tão alto assim, culpo o fato de usar somente tênis, mas precisei me vestir com um pouco mais de elegância para o coquetel da empresa. Escolhi um vestido preto de seda folgado em meu corpo com um conjunto de colares e um fino brinco com um pingente na ponta e rezei para que o evento acabasse logo, antes mesmo de sair de casa.
Agora estava aqui perdida, levemente alcoolizada e com zero interações sociais realizadas, e inúmeros surtos internos a cada vez que via algum artista famoso. Entrei em um cômodo com uma enorme televisão rodando provavelmente algum jogo com algumas pessoas espalhadas em um sofá, uma mesa com um beer pong em andamento e, finalmente, em uma roda de pessoas encontrei Cindy.- Onde você tava garota? - Ela perguntou passando seu braço por cima de meus ombros e me puxando para o grupo de pessoas. - Atenção, essa é a Claire, o nome dela não é Claire mas parece Claire, ela é brasileira e está conosco a alguns meses, sejam mais gentis com ela do que LA, por favor.
- Sem necessidade pra grandes apresentações Cindy. - Disse meio constrangida.
Passei um tempo conversando com o grupo e fiquei aliviada por serem todos muito amigáveis, não tinha certeza se iria me lembrar o nome de todos no dia seguinte mas tudo bem. A cada segundo que passava as pessoas entravam e saíam do cômodo revezando no sofá e nos jogos que se tornavam mais barulhentos a cada rodada.
- Clairizinha meu anjo acho que tem alguém interessado por você. - Cindy disse com um sorriso de canto enquanto levava seu olhar até o grupo que jogava beer pong por tempo demais.
- Ridículo cindy. - Digo sacudindo a cabeça em negação. - Que merda meus pés tão me matando eu vou ver se encontro algum banheiro ou quem sabe uma cama no caminho. - Falo indo em direção a saída da sala. - Cindy pelo amor de Deus presta atenção na merda do celular pra eu te ligar se não te achar aqui quando voltar. - Volto até ela o mais rápido possível com aqueles saltos, antes que nos desencontrássemos de novo.
- Pode deixar capitã. - Ela concluiu com uma reverência me implicando.
Segui pelos corredores e quando encontrei uma fila sabia que era o banheiro, me escorei na parede e tirei os sapatos sentindo um alívio percorrer todo o meu corpo. Fechei os olhos e sacudi os sapatos na minha mão no ritmo da música até ouvir alguém próximo de mim falando algo.

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Written in the pages
FanfictionClara, uma jovem jornalista brasileira tentando construir uma carreira em Los Angeles, conhece Oliver Sykes em uma noite qualquer. O músico que está somente de passagem pela cidade descobre junto a garota uma conexão profunda entre os dois. O que e...