𖠿 Q̶u̶a̶r̶t̶o̶ ̶

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" O valor das coisas não está no tempo que elas duram,
mas na intensidade que acontecem. "
- Fernando Pessoa

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Ele desligou a chamada um segundo depois de ter dado aquela informação, o Blake concentrou-se na estrada e apertou o volante com mais força fazendo uma manobra com o carro para darmos meia volta e mudar a rota.

- Blake? Qual é o plano B?

Ele pressionou os seus dentes de cima contra os debaixo movendo os seus maxilares, não desviou o olhar da estrada e também não me respondeu, senti o meu coração a palpitar mais violentamente.

- É sério que não me vais responder?

E realmente não o fez, permaneceu em silêncio até estarmos a quilómetros de distância do local que anteriormente era o certo e onde iria estar salva. O Michael não nos deu nenhuma explicação ou pista que me ajudasse a descobrir para onde iriamos agora.

- Vamos para minha casa.

Ele murmurou por fim deixando-me mais tensa no banco do carro, os seus olhos estavam com um aspeto sombrio mas a cor da sua íris estava bastante iluminada, o seu pé pesava no acelerador fazendo-nos movimentar a uma velocidade que daria multa em qualquer país do mundo.

A sua expressão corporal estava tensa, todos os seus músculos estavam contraídos e vi-o imensas vezes a olhar pelo espelho retrovisor como se estivéssemos a ser seguidos pela autoestrada. Como é que o Vladimir conseguiria descobrir o local seguro se não estivesse realmente no carro de trás?

- Estamos a ser seguidos?

Fosse qual fosse a pergunta ele simplesmente fingia que não estava a ouvir.

- Blake! Não sei se já reparaste mas eu estou aqui, podes-me responder?

- Tu és sempre assim?

- Assim como?

- Chata.

Arregalei os meus olhos e deixei o meu queixo cair lentamente, como é que ele tem a audácia de me chamar de chata quando eu é que estou em perigo?

- Desculpa?

E aí terminou a conversa, ele não disse mais nada e eu decidi ficar na ignorância talvez até fosse melhor, cruzei os braços e encostei-me às costas do banco com bastante facilidade devido à velocidade do veículo.

- Estás a fazer birra?

Ele interrompeu o silêncio e o seu to de voz estava um tanto ou quanto provocador, eu revirei os olhos e direcionei o meu copo para a porta do carro virando-lhe as costas. Ia jurar que o vi a esboçar um sorriso por cima dos meus ombros mas escolhi a opção de o ignorar tal como ele tem feito comigo.

Demorou algum tempo até pararmos e quando parámos foi à beira de uma cabana no meio da floresta, por fora dava para ver que era pequena mas a madeira parecia muito bem tratada e intacta.

- Chegámos.
- É aqui que eu vou ficar segura?
- Não subestimes a minha casa.

Murmurou num tom divertido e abriu a porta do carro saindo logo de seguida, eu deixei escapar um breve suspiro e segui-o até ao exterior, o caminho até à casa estava coberto de buracos lamacentos o que dificultou a minha chegada até ao primeiro degrau da fachada da frente.

Daisy.Onde histórias criam vida. Descubra agora