A Rebelião - Unificação das Nações

O começo

quarta-feira, janeiro de 2107.

Chuva. O dia está chuvoso segundo as crenças populares, dias chuvosos é um sinal de mudanças. Hoje começo meu primeiro dia no trabalho sou recém-formada em robótica em um ambiente totalmente masculino, eu sei em pleno século XXII, como pode existir situações assim?! As coisas nesse século são muito mais divididas. Se você nasce em uma família de cozinheiros, você vai ser um, pelo menos o primogênito, os outros filhos tem o poder de escolha, mais não pense que eles podem escolher ser qualquer coisa, só podem escolher profissões que tem coerência com sua classe social, eu sei, isso é uma injustiça e vai contra o que supostamente é o lema do governo: igualdade, liberdade e esperança, a ganância e a injustiça não tem trégua! Como devem ter percebido os trabalhos que envolvem meios tecnológicos são na maioria dos casos, locais masculinos. Mas até que não é tão ruim, desconsiderando a coisa das classes, não temos mais tanta violência nas ruas, as pessoas podem andar livremente sem serem importunadas por atos incansáveis de violência.

Coloco meu café no copo térmico, pego as chaves do carro, que aproposito tem super propulsores, o que é claro, faz ele voar. Não há limites para os arranha céus, quanto mais alto é o prédio que você mora, mais dinheiro você tem. O meu é até privilegiado, as nuvens são até minhas vizinhas, as melhores inclusive. É comum que pessoas da mesma classe ou da mesma profissão residam no mesmo prédio, porque é mais fácil delas irem ao trabalho ou a lugares, já que sempre frequentam lugares iguais. Acabo de trancar o apartamento quando Jeremy aparece atrás de mim com um sorriso enorme. Ele é um cara bem legal e certinho, bem bonito também.

-Bom dia senhorita, Lighter! Dormiu bem essa noite? -ele fala enquanto caminhamos até o elevador -Sim senhor, Fordlest- respondi com um meio sorriso, o elevador chegou e ele me deixou entrar primeiro, como um bom cavalheiro -Nervosa para seu primeiro dia? -ele falou me olhando diretamente nos olhos, não sei se gosto disso. -Não! Ansiosa? Com certeza! -aperto o botão da garagem.

Depois dessa conversa, nos dirigimos direto para o meu carro. Ah... esqueci de mencionar eu e ele trabalhamos na mesma empresa e participamos do mesmo processo seletivo, minha pontuação foi maior que a dele, então sou a chefe dele. O esquema hierárquico da maioria das empresas funciona pela pontuação de seu processo seletivo e de como TODA a sua vida acadêmica funcionava, desde notas a amizades no campus, nada é por acaso no mundo de hoje, nem seus amigos. Acho que ele não aceitou isso muito bem, dizem que na faculdade ele era obcecado por querer comandar e que era imbatível em todas as matérias, nunca teve uma nota abaixo de 1000. Ele não demonstra comigo que não está contente em ser o segundo lugar. Pelo contrário tenta me agradar sempre que pode, assim que saiu os resultados nos mudamos para os prédios designados para cada função, como expliquei, quando cheguei ele já estava acomodado e me ajudou com todas as minhas tralhas e não falou nada quando viu os livros proibidos, na hora eu achei que ele era só um cara bem legal tentando conseguir amigos, talvez. Depois que descobri algumas coisas, comecei a considerar que um dia ele pode usar isso contra mim, em algum momento. Não nos falamos mais desde o dia da mudança, na verdade até o dia de hoje.

-A senhorita parece bem tensa, hoje!- ele comenta assim que coloca o cinto de segurança

-Anakin, ligar!- escuto o barulho dos motores ligando - Estou bem, lhe garanto!- sorri sem mostrar os dentes e começo a dirigir para a empresa AirLiberty Company Robots

-Se a senhorita diz, vou respeitar seu espaço! - diz por fim

Ele ainda não mencionou nada sobre os livros, fico agradecida por isso. Evitaria perguntas que não quero responder, o caminho para a ALCR foi silencioso e rápido. Os estacionamentos são nos andares em que trabalhamos, como uma espécie de plataformas, desligo o motor e saímos para a sala de reunião, primeiro dia, né! Mais incríveis palestras de boas-vindas! Ahhh... e é comum as pessoas pegarem caronas com indivíduos da mesma classe e também é comum se ter uma linguagem mais formal, como: senhor, senhora, senhorita e seus afins. Paramos em frente de uma sala com portas enormes e bem elaboradas, com uma plaquinha "sala de reuniões".