Capítulo 3 - O calor entre eu e você

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Era com um olhar estático no horizonte da cidade, com aquelas luzes entorpecentes e grandes prédios erguidos, que ele fitava. Com uma mão em um de seus bolsos laterais e a outra segurando o champanhe, deu uma risada amarga e pediu para prosseguir.

- A.. a movimentação financeira, está sendo feita há mais ou menos dois anos atrás e com alguns destinatários diferentes.

Com o silêncio, prossegui.

- Mas verifiquei que todas vão para uma única cidade e acredito que devem ser laranjas. Não é muito esperto... - tomei um gole grande de champanhe para tomar coragem. "Vamos mulher de Deus" pensei.

- A somatória dos desvios, chegam a U$ 24 milhões de dólares. - mais um gole - e, a maior fatia disso, está indo para a conta da sua ex-esposa.

Pronto, cuspi gasolina na fogueira e agora só Deus saberia como ele reagiria. Friamente, ele colocou a taça no parapeito, virou para o salão e disse:

- Vamos embora desse lugar, não consigo pensar.

Caminhando e se despedindo de todos que ali estavam presentes já meio alcoolizados, não notavam que eu o seguia para o elevador (ainda bem). O silêncio predominava até que chegamos no térreo. Ao nós aproximarmos da saída, ele pergunta:

- Esta com seu carro aqui?

- Não, eu vim de Uber. Não precisa se preocupar eu...

- Hot dog.. você gosta?

OQ-QUE?

- Si.. sim.. eu amo. – Respondi nervosa.

Fazendo um sinal positivo para mim, olhou em seguida para o guarita, que já estava a caminho de buscar seu carro. Em poucos minutos, uma Lamborghini preta aparece e sem me dar conta, Fabrício me conduz até a porta do passageiro, abrindo gentilmente a porta.

- Sua vez de pagar a conta Yasmim. Onde você costuma a comer?

- A... Não sei se é o tipo de lugar que o senhor, digo, você, frequentaria.. Mas, tenho cervejas em casa.. se preferir, posso pedir e comemos em casa. Acho que para nossa conversa é até mais confortável.

Não me dei conta, do que eu acabei de falar.

- Fechado. Me mostra o caminho?

Paramos aqui para uma breve análise da situação. Estava no carro importado do meu patrão, que vai comer cachorro quente na MINHA CASA e... Beber cerveja. Eu realmente bati a cabeça em algum lugar e não lembrava aonde. A sorte que sempre mantive minhas coisas em ordem e tentava fazer o mínimo possível de bagunça.

Em 30 minutos, ele estava estacionando seu carro na garagem, já que todo apartamento tem o direito de ter uma vaga exclusiva. Passamos pelo hall de entrada e em poucos minutos estávamos de frente para a porta do meu cafofo.

Antes de virar a chave para entrar, virei meu rosto para Fabrício e comentei:

- Minha vida e casa são simples. Espero que não seja um problema para você.

- Eu não nasci rico Yasmim. Agora vamos, abra a porta que essa gravata está me matando.

Meu apartamento era de no máximo 80 m2, com uma decoração minimalista, mas super convidativa. Sempre gostei de plantas e toda minha casa era decorada. Assim que entramos, Bia (minha gatinha de pelagem preta e olhos mais verdes do que esmeraldas) veio nos receber.

- Ah, esqueci de falar da Bia. É minha gata...

Ela já rodeava os pés dele e como uma boas vindas, ronronava de forma doce e querida. Deixei minha bolsa em cima da ilha da cozinha, já que tinha sala e cozinha em conceito aberto.

O executivoOnde histórias criam vida. Descubra agora