Song for no one | Pierre Gasly

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Athena acordou com sua cabeça girando e o gosto amadeirado de uísque ainda em sua língua

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Athena acordou com sua cabeça girando e o gosto amadeirado de uísque ainda em sua língua. Era oficialmente o pior dia do ano para qualquer um em sua situação: dia dos namorados. Flores, cartões em formato de coração e uma falsa sensação de que o amor estaria no ar seriam coisas que a francesa teria que enfrentar nas próximas horas. De repente, mais uma dose da bebida âmbar se tornou apelativa.

Conferiu com esmero o aparelho deixado sem cuidado algum em meio a seus lençóis. Muitas mensagens, nenhuma que a interessasse. Nos últimos meses, sua vida se tornara uma bagunça: o fim de seu namoro de anos, trancar sua faculdade com a incerteza de que era aquilo que realmente queria, cada dia parecia menos apelativo e aquele em especial se tornara o que menos a agradava — talvez por esse motivo, estava com ressaca em uma quinta-feira de manhã.

— Ótimo — bufou, percebendo que vestia as roupas e sapatos da noite anterior. Estava uma bagunça. um reflexo do quão patética sua existência se tornara.

Após um banho e uma troca de roupas, encarou o espelho em frente a sua cama por um longo período de tempo e percebeu que já não se reconhecia. A mulher alegre e inteligente que sempre via quando conferia seu reflexo já não estava mais lá, fora substituída por uma chorona que não superara o fim de um relacionamento. Que se foda, pensou, vestindo os tênis surrados próximos a sua porta
E com essa energia, seguiu pelas ruas parisienses, tentou desviar de todos os casais realizados e apaixonados na rua e após muita luta contra flores e cupidos dançantes pelo caminho, chegou a única loja que a agradaria naquela tarde chuvosa.

A loja de doces.

Estava cheia como o esperado, mas o plano de Athena era simples: entraria, colocaria todas as comidas calóricas em sua sacola e voltaria para casa. Talvez assistisse os filmes menos românticos do mundo como sexta-feira treze ou algo assim, enfim o plano era perfeito. Tudo parecia dar certo. Pelo menos por um dia, tudo dava certo. Ela estava na fila, atrás de algumas pessoas, pensando em como comeria os chocolates com os marshmallows e adoraria aquilo, quando tudo passou a dar errado, assim tão facilmente.

— Athena? Não acredito! — A voz grossa retumbou em sua nuca. Imediatamente a loira sentiu seus joelhos tremerem, o suor acumular em sua testa, estava estupidamente afetada por uma mísera presença! Como uma pessoa pode surtir tamanho efeito em alguém? Isso ela não sabia, mas se virou em direção a voz.

— Gabriel? — Um grito esganiçado saiu ao invés do tom confiante que ela pretendia, isso a deixou ainda mais nervosa, a fazendo corar de imediato. — Quanto tempo — completou, por fim.

Ele sorriu. Sorriu como se estivesse tudo bem, por um minuto ela sentiu que sim, estava tudo bem.

— Não acredito que você ainda vem aqui, mas eu bem me lembro de comprar seus doces favoritos aqui, não poderia ser diferente — notou animado, lançando um olhar a cesta lotada de Athena e sorriu.

A francesa se sentiu melhor. Com aquele sorriso sempre se sentia melhor. E só poderia ser o destino! No dia dos namorados, se reencontrarem na loja de doces que ficava do outro lado da cidade para ele, quis adicionar, só poderia ser mais um dos truques do destino. Estava exasperada, buscando as melhores hipérboles para responder a ele quando ficou claro que o acaso a odiava.

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