A visita

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Jimin saiu do elevador correndo quando a porta abriu, deixando seu pai de pé com o papel na mão no mesmo lugar, a porta estava quase fechando quando Namjoon esticou a mão, e impediu que o sensor fechasse e o fizesse descer novamente tudo o que tinha acabado de subir.

— Papai, vamos! — Jimin gritou da porta, dando leves chutes no rodapé de madeira branca e polida, Namjoon permaneceu apenas mais um tempo parado, antes de se mover para fora do elevador.

Andava sem desgrudar os olhos do final da carta, perguntando-se como alguém poderia ser tão petulante, agindo como se ele fosse um pai ruim a ponto do seu filho precisar ir a outro psicólogo, pois o que tinha em casa não dava assistência o suficiente.

Pensar sobre isso, por apenas um segundo, deixou Namjoon chateado que enfezou o rosto e uma expressão severa adornava os lábios grossos e as sobrancelhas bem feitas.

— Papai, o que foi? O doutor disse alguma coisa ruim sobre mim? — Jimin encolheu os ombros, pensando o que de ruim Seokjin poderia ter dito sobre ele, se eles tiveram apenas alguns minutos de conversa.

Um suspiro baixo escapou dos lábios do garoto, pensando no que seu pai pensaria se soubesse que ele era um garoto mau.

O Kim mais velho empurrou a chave na fechadura e com a mão esquerda — a que ainda segurava a carta— bagunçou os cabelos escuros de seu filho.

— Claro que não, o que ele teria para dizer de ruim sobre o meu campeão? — Namjoon incentivou o filho, fazendo-o olhar para o pai e sorrir — E pare de chamá-lo assim.

A porta abriu e Jimin entrou correndo, arrastando a mochila do Gudetama e ignorando a última advertência do pai.

Era estranho para Namjoon ouvir seu filho chamando outra pessoa de "Doutor", claro que o garoto mesmo não iria se referir a seu pai dessa forma, no entanto, era como se outra pessoa estivesse ocupando o seu lugar na vida de Jimin, e isso fazia Namjoon sentir-se muito vazio. Ele fez tudo o que pôde para o seu filho todos esses anos, cada conquista era pensando em como aquilo poderia beneficiar Jimin no futuro, e pensar que seu lugar na vida dele poderia ser ocupado por outra pessoa, era no mínimo desconfortável.

Tudo bem que ele sempre seria o pai e o herói, no entanto, Namjoon também queria ser o psicólogo e o super-herói. Não conseguia pensar, nem por um minuto, que talvez devesse haver lugares que ele mesmo não poderia ocupar.

Enxugou seus cabelos ao sair do banheiro, depois de ter voltado para casa durante a noite e caminhou até a sala, para ajudar Jimin em seu dever de casa antes que fosse colocá-lo na cama, o pequeno Kim estava sentado no sofá assistindo um desenho que aparentemente deveria ter uma faixa etária mais elevada, do que realmente tinha.

Fantasmas e objetos não idenfiticados começaram a aparecer na tela, enquanto Danny Phantom tentava combatê-los, e escorado no batente do corredor, Namjoon observa aquilo e pensava em tantas formas daquilo ser prejudicial para a mente de seu filho.

— Jimin, o que está assistindo? — Namjoon perguntou, cruzandos seus braços.

Jimin, que não tinha percebido a presença do pai até então, virou o rosto minimamente, antes de voltar para a tela do desenho novamente.

— Danny Phantom, pai. — Parecia bitolado, fissurado, fascinado por aquelas imagens estranhas, tanto que até se esqueceu que quando Namjoon chega na sala, é para que eles façam a atividade da semana.

Namjoon viu ali um problema sério, de quantas maneiras diferentes aquelas imagens macabras poderiam estar manifestando-se no inconsciente coletivo de Jimin, e causando os constantes pesadelos dele? Percebendo que aquele poderia ser a resposta para o mistério do Psicólogo Escolar, resolveu conversar com Jimin sobre o teor do desenho.

Segundo Freud [knj + ksj]Onde histórias criam vida. Descubra agora