Cap 1

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🔥 Ana Carolina 🔥

- Carol!! Valéria tá te chamando.. - ouvi minha irmã gritar e bufei com raiva.

Me levantei na força do ódio e fui pra sala vendo Valéria, vulgo minha melhor amiga sentada no sofá e Isabela, vulgo minha irmã deitada no tapete do chão.

- Tá fazendo o que aqui? São oito da manhã de um sábado. - falei me sentando e ela se fez de ofendida me olhando.

- É assim que você recebe tua melhor amiga em sua humilde residência? - fiz cara de bosta e ela riu.

- Quem tá aí Ana Isabela? - minha mãe gritou da cozinha.

- É a Va.. - respondeu se levantando e me dando um beijo no rosto. - Bom dia pra você também, mau humorada. - mandei língua e ela fez careta.

- A maturidade entre vocês duas é incrível. - ironizou se deitando e eu liguei a tv colocando em um filme qualquer. - E eu não vim fazer nada não, tava atoa lá em casa..

- E tem que vir aqui essa hora? Tô morta cara. - bocejei. - Trabalhei até tardão ontem.

- Ah para de drama Carolina, nunca vi.. - Dona Maria apareceu na sala com umas vasilhas grandes e eu ignorei. - Oi filha, tudo bem? Como tá sua mãe? - falou com Valéria.

- Tudo bem sim, tia. Ela tá bem melhor graças a Deus...- sorriu amarelo.

- Vou lá mais tarde fazer uma visita..Agora tenho que ir pra confeitaria.

A mãe da Val é a Eliane, ela tem um problema nos rins e sempre vai parar em hospital.

Gosto muito dela de verdade, só não vou lá porque o pai da Valéria é um escroto comigo.

Tem um preconceito surreal contra mim, papo de proibir minha amiga de falar comigo, mas ela nunca obedeceu.

Amém né.

Minha véia colocou as vasilhas em cima da mesa da copa e veio pra perto de mim.

Me deu um beijo na testa me benzendo e fez o mesmo com a Val.

- ISABELA NÃO ESQUECE DE IR PAGAR AS CONTAS EM!! - gritou e abriu a porta. - Beijinhos..E juízo!! - fez gesto com a mãos e eu dei um tchauzinho sorrindo.

Minha mãe tem uma confeitaria no centro e não é por nada não, ela faz os melhores doces do mundo.

- Vai sair hoje? - perguntei a Val e ela me olhou assentindo.

- Vamos amiga, vamos. - se empolgou e eu ri. - Tomas arrumou uma festa doida pra gente hoje, tem até pulseirinha.

- Quero ir também. - Isa apareceu na sala com um monte de prendedor pendurado na camisa. - Onde vai ser?

Ana Isabela é a minha irmã mais nova, ela tem 18 anos e eu recentemente fiz 23.

A gente se parece muito, pessoas até acham que somos gêmeas.

Ela é o meu amor, gosto muito da relação que nós duas temos.

Minha parceira demais.

- Sorte que eu trouxe duas. - me entregou duas pulseiras verde neon. - Lá na casa do André.

- Não posso beber não cara. - falei mostrando mais uma tatuagem que eu tinha feito na perna.

- Amiga que linda que ficou cara. Amei. - era uma Índia que eu mesma tinha feito ontem.

Ficou foda.

Eu sou tatuadora e tenho um stúdio. Eu tenho tanta tatuagem que até hoje não parei pra contar.

Uma vez Isa contou e tinham 25 e isso deve fazer uns dois anos.

Imaginem o tanto que deve ter agora.

Só não tenho no rosto e no pé.

Gosto muito de rabiscos.

Depois de três anos fazendo faculdade de direito eu tranquei e me apaixonei pela profissão que tenho hoje.

Dona Maria, minha mãe, surtou no início mas depois gostou da ideia, tanto que fiz quatro tattos nela. E a Isa também, tem dez já.

Modéstia parte meu trabalho é foda, Fiz três cursos e ralei muito pra poder construir meu espaço.

Tive que trabalhar na padaria do Joca de sete às sete durante um tempão pra conseguir todo dinheiro.

Apesar da minha família ser de uma classe média boa, nunca gostei da ideia de depender dos outros, sempre fui atrás do meu sozinha.

- Mas você não precisa beber ué. Tu fuma maconha pra quê? - Ana disse do meu lado e eu ignorei.

- Acho que vou marcar contigo pra fazer mais uma.. - comentou Val e eu concordei. - Mas enfim, lá pelas dez e meia, dez e quarenta a gente vai passar aqui pra pegar vocês.

Assenti e voltei a olhar pra tv.

Meu pai morreu quando eu tinha seis anos em um acidente de trabalho.

Sinto falta dele pra caramba, embora eu era muito nova a gente era apegado demais um ao outro.

Isa era bem novinha, tinha um aninho então ela nem lembra muito dele não.

Minha mãe sempre ensinou que era pra eu carregar ele como uma lembrança boa e é isso que eu faço.

Foi muito difícil pra ela lidar com a perda dele, mas ela foi forte por mim e pela Isa.

Minha família também deu uma força enorme pra ela, são todos doidos mas eu gosto deles.

Bom, da maioria né. Sempre tem um que não passa na ponte.

- Carol..Vou indo lá pagar as contas. - Isabela chamou minha atenção e eu assenti.

Aqui todo mundo ajuda um ao outro.

Bela trabalha em uma lojinha de roupa aqui do bairro.

E cada um fica responsável por uma conta, mais que obrigação minha e dela né.

A mesma saiu e eu olhei pra Valéria que dormia com a boca aberta.

Vê se pode, vem aqui pra dormir.

Cara dela fazer isso mesmo.

Val tem vinte e dois anos, faz faculdade de medicina veterinária e trabalha em uma clínica que atende animais.

Namora o Tomas já tem uns dois anos também, ele é maneiro até. Me dou bem com ele.

Me levantei calma e fui pegar meu celular pra ficar mexendo.

Confirmei algumas pessoas na segunda e dormi também.

Enfim, conforme for se passando as coisas eu vou contando mais sobre minha vida.

Incontrolável desejo Onde histórias criam vida. Descubra agora