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— Quê? — Colton pergunta, quase desinteressado, enquanto abre a segunda garrafa de vodca

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— Quê? — Colton pergunta, quase desinteressado, enquanto abre a segunda garrafa de vodca.

— Tem um cara lá fora — Feliz responde. — E ele tá vindo na direção da cabana.

— Deixa de palhaçada, idiota. Ninguém tá achando graça — Mia se pronuncia.

— Vem ver por si mesma, princesa — ele diz, tirando os olhos da janela e a encarando com um sorriso desafiador e meio assustador.

Alguns segundos se passam em silêncio. Encaramos Felix com um misto de confusão e descrença.

Se tivesse um homem de fato vindo em direção à cabana, ainda mais naqueles tempos sombrios, a reação de uma pessoa normal seria no mínimo surtar. Porém, estamos falando de Felix. E ele definitivamente não é uma pessoa muito normal.

Kai finalmente se levanta e vai até a janela.

— Cara, não tem a menor gra... — Mas a frase fica no ar, porque Kai não chega a termina-lá.

Mais um momento de silêncio se passa enquanto Kai olha pela janela.

É pesado.

E é ruim. É o tipo de silêncio que dá sequência a algo terrível.

É a calma segundos antes tempestade.

— Eu falei. — A voz de Felix é tranquila e quase satisfeita.

— Colton, levanta. — A voz de Kai é grave e um tanto sinistra.

E não leva meio segundo para seu amigo estar de pé. E nem dois para ele estar ao lado da janela também.

— Colton — a voz de Mia é um sussurro de um criancinha indefesa e apavorada —, o que está acontecendo?

Ele não olha para ela. Ao invés disso, troca um olhar com Kai.

Meu coração bate mais forte em meu peito. Eu me levanto e, quase hipnotizada, vou até a janela.

E é quando eu vejo algo se movimentando.

Parece ter um homem sozinho se aproximando de nós. É difícil ter certeza porque está escuro do lado de fora, mas conforme chega mais perto, fica evidente.

Ele anda diretamente em nossa linha de visão. Seus passos nitidamente tem um propósito.

E esse propósito é chegar até nós.

Meu coração bate tão rápido que eu consigo ouvi-lo naquele silêncio insuportável.

Até que Mia começa a chorar. Noto finalmente que, agora, ela está ao nosso lado, olhando para a janela também. Ela tem uma mão na boca, seu semblante completamente chocado enquanto encara o lado de fora.

— Meu Deus. Meu Deus — ela repete sem parar.

— Vai ficar tudo bem — Colton diz, mas sua reação não é a mesma relaxada e meio prepotente de sempre.

— O que a gente vai fazer? — eu pergunto, notando que ele está cada vez mais perto.

Kai vai até a porta principal e a tranca. Faz o mesmo com as três outras janelas. Mia continua chorando, e o homem, aproximando-se.

Agora ele está a poucos passos de distância, observo. Ele começa a andar em rumo à esquerda, saindo do campo de visão que temos da janela. Ele está contornando a casa para a porta de entrada.

— Eu tô com medo, Colton. — A voz de Mia é mais clara agora.

— Eu sei. Mas não se preocupe. A gente tem a arma, esqueceu?

Ele a solta e Mia reluta um pouco.

— Vou subir para pegar. Já volto — ele anuncia e sobe a escada rapidamente, de dois em dois degraus.

— Vocês estão exagerando. Pelo amor de Deus, é só um homem. — Felix está encostado na parede, observando-os como se estivéssemos claramente exasperados.

— E se for o assassino, idiota? Já pensou nisso? — ela grita.

Mia está realmente histérica.

E, dessa vez, eu lhe dou razão.

— Ouvi dizer que ele gosta de morenas — Felix murmura.

Mas, pela primeira vez, Mia não diz nada de volta. Apenas continua a chorar incansavelmente.

Colton aparece no topo das escadas com a arma. Ele desce os degraus rapidamente e, em três segundos, está ao nosso lado.

— E agora? — Kai pergunta para ninguém em especial.

Nós nos encaramos em silêncio. Não dá para ver ninguém mais pela janela. Ele está lá fora, mas não podemos o ver.

Então escutamos.

Seus passos são lentos na varanda. Ouvimos o impacto de seu peso no piso de madeira velha.

Mia parou de chorar. O pânico a fez se calar completamente.

Em seguida há apenas o som dos passos ecoando baixinho do lado de fora.

A batida na porta faz com que demos um pulo para trás, com o susto. Até Felix recua.

Sem saber o que fazer, permanecemos como estátuas.

O homem volta a bater mais forte dessa vez.

Tum. Tum. Tum.

— O que a gente vai fazer? — Mia pergunta, já que ninguém parece saber.

O homem fala.

— Eu preciso de ajuda!

Eu engulo em seco e encaro a porta como todos os outros.

— Quem é você? — Kai grita de volta, me surpreendendo.

Um segundo se passa.

— Me deixem entrar e eu explico. Preciso de ajuda. Vocês precisam me deixar entrar.

Silêncio novamente.

— Vamos abrir. — Colton solta de repente.

Mia o encara, incrédula.

— Você tá maluco?

— Ele pode estar falando a verdade.

— Mas e se não estiver?

— Estamos armados.

— Vocês não podem estar realmente debatendo sobre isso. A gente não vai abrir essa porta! — ela grita, o rosto inchado.

— Ou ele é um cara que realmente precisa de ajuda. Ou ele é o assassino. Se ele for um cara em apuros, precisamos abrir a porta. E se ele for o assassino de Kerent, ele vai entrar mesmo se não abrirmos. Ele provavelmente anda armado.

— Colton, por favor. — ela implora.

Eu nunca a ouvi falar desse jeito. Tão suave, tão desesperada. Geralmente ela está dando ordens de forma autoritária e prepotente.

— Eu voto para gente abrir — Felix finalmente comenta.

— Eu acho que a gente não deveria — pronuncio-me, sentindo necessidade de impedir aquela loucura de acontecer.

Pela primeira vez, eu concordo com Mia.

Todos olham para Kai. Um longo segundo se passa. Só falta ele se pronunciar.

— O Colton tem razão.

E isso é o suficiente para ele ir até a maçaneta enquanto Mia implora aos soluços.

Colton abre a porta.

Quando Pecadores RezamOnde histórias criam vida. Descubra agora