Capítulo 11

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As aulas que se seguem passam extremamente devagar pois a excitação para estar com os meus amigos como antigamente é muita. No meio da aula de inglês tomei a decisão de ir falar com Hero e saber o porque de ele me ignorar, não esperava que ele fosse gentil comigo depois do ataque de raiva mas um obrigado era o mínimo. São quase duas horas quando todos chegamos á cabana, Lizzie e Kevin já chegaram com a comida então vamos logo preparar a varanda da entrada da cabana para almoçarmos. A casa é toda feita em madeira e tem uns sofás cá fora na varanda com vista para o mar, uma arvore nasce logo ao lado na areia o que faz sombra para um pequeno espaço em frente de casa. Uns estão no sofá, outros no chão e assim passamos quase meia hora, a comer e a falar. Hero levanta-se e vai em direção á cozinha então eu decido aproveitar a oportunidade para ir falar com ele. Ele está de frente para o balcão da cozinha e ainda não reparou na minha presença, decido arriscar e esclarecer logo isto tudo de uma vez.

-Podemos falar? - pergunto e ele vira-se para mim, gélido e forte.

-Sobre? - ele desvia o olhar e vai buscar uma garrafa de vodka que estava no balcão.

-Sobre o porque de tu me ignorares. - digo ríspida, ele bebe um gole da garrafa e por momentos repreendo-me por achar este simples ato atraente.

-Não és assim tão importante para eu me dar ao trabalho de te ignorar. - a voz dele sai rouca mas forte, segura. O meu olhar transmite raiva e perplexidade, não esperava esta resposta.

-Mano a garrafa? - Ryan diz aparecendo na porta, Hero passa por mim e vai ter com ele.

Raiva é o que eu sinto por este rapaz, desde o primeiro dia que ele me irrita profundamente, não sei qual é o problema dele, eu nunca lhe fiz nada e mesmo assim ele é um idiota. Saio do transe em que me encontro e volto para perto dos meus amigos. Três garrafas de cerveja e duas de vodka já estão abertas no pátio. Jane e Ryan estão a enrolar um charro enquanto Dylan e Hero conversam sobre algo, já o resto conversa de coisas aleatórias enquanto bebem. Por momentos encontro-me sozinha no meu próprio mundo, como que em transe, não sei o que se passa comigo mas a minha cabeça está a mil. Decido deixar-me levar e parar de pensar um pouco.

-Deixa-me dar um trago. - digo a Jane, ela não parece muito segura então olha para Dylan como que a pedir permissão.

-Jo tens a certeza? Isto não é como o tabaco. - eu já fumei antes mas nunca erva, consigo ver que estão um bocado apreensivos.

-Passa lá isso. - digo e Ryan logo me passa o charro.

Dou o primeiro trago e não sinto nada, Hero acaba com o charro junto de Dylan mas os seus olhos estão em mim o tempo todo. Com a necessidade de sentir algo mais e extravasar não exito, quando Alexander me passa e eu fumo mais uma vez uma nuvem de alegria paira na minha cabeça. Não há Inglaterra, não há preocupações, não há o meu pai com tiros no peito, não há Hero, não há North nem West, não há nada a não ser alegria. Os meus olhos ardem um pouco mas a minha boca não para de sorrir. Estamos todos a falar de coisas sem sentido e pela primeira vez sinto os últimos anos de felicidade voltar. Estou deitada no meio do chão quando Ryan me ia passar para eu dar mais um trago, a minha visão feliz e turva de repente se tornou nítida quando vejo Hero olhar de forma repreendedora para Ryan, o mesmo estagna e devolve o charro a Jane.

-Então? Dá cá. - digo tentando chegar ao braço de Ryan.

-Já chega Jo, é a primeira vez, podes-te sentir mal. - o mesmo retruca e parece muito mais sóbrio do que eu apesar de ter fumado e bebido mais.

-Não sinto nada mal dá-me. - sento-me no colo de Ryan e vejo uma mão puxar-me, aquela mão.

-Anda, vamos-te por sóbria. - Hero levanta-me e leva-me em direção á casa de banho, a aproximidade a ele faz-me ficar mais sóbria a cada segundo que passa.

The Wolfs of HellOnde histórias criam vida. Descubra agora