30 - Intervenção

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Ao saberem via troca de mensagens do encontro inconsistente entre Sara e Filippo, Jo-Jo e Angel resolveram fazer alguma coisa pela amiga.

— Agora que ela finalmente assumiu pra gente que sente falta dele, tá na hora de pegar a carta, as roupas, aquela bolsa de melancia maravilhosa e a ajudar a tomar uma atitude – começou Jo-Jo.

— Acho que sim, irmão. Mas precisaremos de algum aliado do lado de lá também. Não é apenas um caso de fazer a Sara perceber estar caída pelo ruivinho. Se o que ela contou foi exatamente o que aconteceu, ele está bastante chateado...

— E com razão, né? – interrompeu Jonas.

— Sim, sim. Mas vamos lá: você acha que dá pra pedir ajuda desse italiano amigo dele?

— Não sei, mas temos que tentar, né?

— Isso, irmãozinho, atitude positiva!

— E desde quando não sou positivo? Você é que está me surpreendendo ao lutar pelo amor, mesmo que não seja o seu.

Angélica se limitou a revirar os olhos e balançar a cabeça para os lados.

No dia seguinte, no trabalho, ou melhor, no estágio, Jo-Jo esperou o horário de Filippo entrar no setor de T.I. para falar com Freitas sem levantar suspeitas ou criar embaraços.

— Posso trocar uma palavrinha com você?

— Fala!

— Tô tentando ajudar o Filippo e a Sara...

— Sara? – perguntou, franzindo as feições. – Achei que soubesse o nome de todo mundo aqui... De qual setor ela é?

— Do setor ex-do-Filippo.

— Ah, a garota que foi ao hospital? Ele está meio assim com ela. E parece que com você também, já que nunca disse que a conhecia.

— Jura? Eu só não queria mais um ambiente hostil. Desde que eles brigaram, tem sido uó. Enfim, podemos conversar depois do horário?

— Claro, me passa seu telefone.

À noite, se encontraram em um barzinho simples, do outro lado da rua. Já sentados à mesa com suas bebidas, Freitas perguntou:

— E aí, qual é a sua ideia pra ajudar os dois?

— Então... A gente precisa fazer uma espécie de intervenção.

— Colocar os dois numa sala, mandar parar de enrolação, e só deixá-los sair quando tudo estiver resolvido?

— Bem, eu pensei em algo extravagante, mas nem tanto.

— Ah, ok. Porque eu acho que isso não daria muito certo.

— Seguinte: não sei se você sabe, mas o Filippo mandou uma carta pra ela tem um tempinho, dizendo que não era mestre com as palavras ou coisa assim, e pedia pra conversarem, porque estava arrependido. Mas ela não agiu até ontem, quando foi ao hospital.

— Ah, eu não sabia dessa carta... Faz mais sentido essa treta agora.

— Enfim, ontem ele a colocou contra a parede...

— Ah, dessa parte eu sei – interrompeu Freitas, pousando seu copo de cerveja sobre a mesa metálica. – Ela resolveu que hospital não era lugar pra conversarem sobre os dois, certo?

— Isso, e não tiro a razão de nenhum deles. Ela devia ter procurado antes por ele, mas num momento delicado desses, colocou o bem-estar dele acima dos interesses românticos.

— Entendi... Mas ainda não saquei como eu posso ajudar.

— Pode dar um jeito de saber quando ele estará em casa essa semana, já que o horário dele é bem apertado. Mas precisa ser antes das 22 horas, por causa da lei do silêncio.

— Lei do silêncio? Você tá pensando em fazer uma serenata na porta da casa dele? – perguntou, rindo.

— A ideia era exatamente essa. Mas você riu, acha que não vai dar certo? Pensamos nisso porque a Sara não tem muito jeito pra cantar, então ficava empatado no quesito coragem.

— Hum... Pode ser divertido. O que vocês estão pensando em cantar? Eu toco guitarra, posso ajudar, dependendo da dificuldade da música.

— Bem, tivemos a ideia ontem, ainda estamos pesquisando uma letra que combine com os dois... Mas que seja rock, que ele gosta.

— Vou ajudar na pesquisa então. Posso te passar umas bandas, a gente se divide...

E a semana se deu com Sara e os gêmeos ensaiando à noite, na casa dela, com a música de fundo, até que mais um sábado chegasse.

Foram buscar Freitas e sua guitarra vermelha, mas ninguém entendeu quando ele olhou para Angel e, espantado, declarou:

— Você?!

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