The alcove.

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Tudo aconteceu porquê Potter
aparentemente não era capaz de fazer um corte de cabelo. Seu cabelo sempre foi uma completa bagunça, mas nestes dias as mechas pretas estavam por todo lado. Elas se enrolavam em volta de suas orelhas, roçavam contra suas bochechas, e certamente poderiam tentar arrancar os olhos de Potter se seus óculos não os protegessem.

Draco sofria de um caso severo de coceira em sua mão sempre que aquelas malditas coisas atacavam o rosto de Potter.

Potter por sua vez estava aparentemente alheio do estado ridículo que seu cabelo se encontrava, e ele raramente levantava sua mão para afastar uma mecha ou outra de seu rosto, nem mesmo tentando repetir o movimento quando os mesmos fios insolentes voltavam perfeitamente ao seu modo de ataque.

Um cacho particularmente teimoso estava sempre determinado em fazer cócegas na bochecha direita de Potter. A mecha saltava para fora, mais longa que o resto, e era uma das poucas que tinha a habilidade de atrair a ira de Potter. Não que os dedos impacientes do garoto tenham alguma vez conseguido arruma-la.

Um dia, Draco tinha certeza, ele ia perder sua paciência e azarar as madeixas escuras da cabeça do moreno.

[...]

Pra ser perfeitamente sincero. Não era só o cabelo. A massa devota de alunos com habilidades sem precedentes de desmaiar e sorrir de maneira afetada eram igualmente culpadas.

Draco não podia deixar de traçar um paralelo: O corpo estudantil de Hogwarts era muito parecido com o cabelo de Potter. Uma selvagem confusão de preto e intenções de reivindicar pelo menos uma pequena parte do grande Harry Potter.

Não era como se eles exatamente perseguissem o mesmo por aí, mas isso se dava apenas porque Potter tinha aprendido do modo mais difícil a não correr e dar a eles ideias. Mas alguém sempre tinha algo a dizer para Potter, algo para mostrar pra ele, algo para o entregar. Eles paravam o mesmo  no corredor para apertar sua mão e lhe dar chocolates, para perguntar algo sobre feitiços de defesa, para conversar com ele sobre o clima e a probabilidade de chover no próximo final de semana, que, coincidentemente, era o fim de semana de ir para Hogsmade, e oh-você-vai-com-outra-pessoa-Harry-ou-você-poderia-ir-comigo?
Potter iria sorrir e balançar a cabeça, e então, se virar para ir embora e desaparecer tão misteriosamente quanto um fantasma, indubitavelmente com a ajuda de sua capa da invisibilidade.

Para onde Potter desaparecia, bem, ninguém sabia. Com exceção talvez de Granger e Weasley, mas eles não diziam nada.

A teoria mais popular era que Potter fugia para transar com alguma garota-muito-sortuda. E se ele estava realmente trepando com alguém todo dia por horas, bom, isso pelo menos explicaria o estado de seu cabelo.

Ninguém podia culpar Draco por estar curioso. Todo mundo estava curioso. Mas nem todo mundo conhecia as passagens secretas de Hogwarts tão bem quanto a pessoa que havia passado um ano inteiro tentando descobrir maneiras de deixar Comensais da Morte entrar no castelo.

Embora sem orgulho nenhum da razão pela qual ele obteve esse conhecimento, Draco estava grato pelo mesmo quando ele finalmente descobriu o esconderijo de Potter.

Não era uma descoberta muito arrasadora. Ele achou Potter em um estreito corredor no quarto andar, sentado no chão de uma pequena alcova, brilhando em cores vivas graças a uma alta janela que dava visão para o lago. Ele estava sozinho e aparentava estar estudando.

Storm in a Teacup • drarryOnde histórias criam vida. Descubra agora