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O mundo não acabou, Draco continuou lembrando isso a si mesmo na semana seguinte, as consequências não eram tão ruins quanto elas poderiam ter sido.

Os amigos de Potter estavam muito, muito irritados e haviam deixado os músculos de seus rostos exaustos de tanto encarar e fazer caretas para Draco. O loiro estava acostumado com coisa pior; eles nem mesmo tentaram azarar ele.

McGonagall retirou cem pontos da Sonserina e deu a Draco detenção, escolhendo de maneira inteligente atribuir ele a Hagrid como punição máxima. Mas isso não é nada que Draco não tenha experienciado no passado.

Ele era um herói secreto para muitos. Isso era novo. Alguém havia conseguido vazar algumas fotos da nudez de Potter, e muitos estudantes de Hogwarts passavam horas encarando carinhosamente as inúmeras cópias. Eles tendiam a dar a Draco sinais positivos de agradecimento quando viam ele.

Tudo teria sido bastante divertido na verdade, se não fosse pela faca cravada no peito de Draco, que amava girar e entrar ainda mais fundo sempre que Potter olhava para ele, sempre que ele encontrava alguém babando em cima das fotos de Potter, sempre que Potter era forçado a deixar o salão principal com as bochechas vermelhas, sempre que Draco se sentava para estudar e não era na alcova. Ele não ousou voltar para lá, mesmo sabendo que ele nunca mais acharia Potter lá de novo.

A faca não havia aparecido imediatamente. Levou cerca de dois dias após o ocorrido para finalmente se enterrar em seu peito. Foi no meio da noite, uma particularmente quente, ocupada com sonhos ruins e lençóis húmidos, quando Draco acordou com a repentina realização: Potter era seu amigo. Depois de todos esses anos. Potter era seu amigo.

E agora ele não era.

A dor  que começou naquele momento, não queria mais parar.

Ele pensou sobre talvez tentar se explicar para Potter. Ele iria contar a Potter que ele não tinha intenções de humilhar ele em público; ele só queria arrumar o seu cabelo.

Mas Potter com certeza, não acreditaria nele. E não era realmente verdade, de qualquer forma. Nunca foi sobre o cabelo. Draco percebeu isso também. E isso cravou a faca ainda mais fundo em seu peito.

Olhando pelo lado bom, andar por aí sentindo como se alguém estivesse constantemente o esfaqueando, como se já estivesse meio-morto, o fez ter coragem. E Draco precisava de coragem quando Hagrid o mandou ir sozinho até a Floresta Proibida para colher todas as ervas daninhas que ele conseguisse achar. Uma variante especial, com sabor extra e um temperamento desagradável, que era o tipo perfeito para alguém que estivesse fermentando Hidromel de ervas daninhas. No passado, Draco teria preenchido uma denuncia oficial por estar sendo forçado a ajudar Hagrid em um trabalho tão inapropriado, mas agora ele não poderia se importar menos.

A floresta estava escura e inquieta, cheirava a perigo e raízes, e combinava perfeitamente com o humor de Draco. Ele achou um rico caminho de plantas verdes com facilidade; nem foi precisou andar tão adentro da floresta. Ele colocou de lado a bolsa de couro que Hagrid havia lhe entregado, e agachou-se, com cuidado para não tocar na grama com seus joelhos. Ela gostava de se esgueirar em direção a suas vitimas, se enrolar neles e apertar firme seus nós inquebráveis. O segredo para colher era cortar com uma lamina um punhado de grama por vez e rapidamente petrificar. O campo parecia profano e selvagem, e enganosamente tranquilo. O lembrava Potter. Ele colheu um punhado de ervas e Petrificou as mesmas com satisfação.

Ele mal se moveu quando algo se mexeu nos arbustos; olhou para cima lentamente a tempo de ver um Testrálio voando baixo para roubar um pobre esquilo do tronco de uma árvore. Ele não estava minimamente tentado a gritar, nem mesmo quando o ar se deslocou para sua direita e desapareceu apenas para revelar Potter.

Storm in a Teacup • drarryOnde histórias criam vida. Descubra agora