Don't keep me waiting

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A copa do cozinha nunca pareceu tão convidativa como agora, era quase impossível não sentir o cheiro de café que se formava no ambiente, mas também era impossível não sentir a frustração no ar.

Já era a quarta semana seguida em que a operação falhava e Caitlyn se viu em outra encruzilhada. Jinx não era nada fácil de ser achada e seu chefe do departamento de polícia de Piltover não estava nada satisfeito com seu trabalho.

As mortes apareciam dia após dia e não tinham ligação nenhuma, não tinham nada em comum, pareciam apenas mais um dos jogos cruéis e sem sentido que aquela cabeça psicopata articulava.

Suspirou sozinha ao alcançar sua caneca térmica com o já tão precioso café, sua única amizade nesses dias frios e solitários de inverno. Caitlyn já não via sua cama tinha alguns dias, mas prometeu a si mesma que não pararia sua busca até ver aqueles cabelos azuis manchados atrás das grades.

Ser uma detetive era um sonho de infância e pensou que veria-se feliz no auge dos seus vinte e nove anos, mas tudo que tinha era um carro e um pequeno apartamento. Não era ruim, ficava em um bom bairro de Piltover e perto do centro e do trabalho, porém, Jinx a atormentava já tinha alguns anos e sonhava com o dia que veria longe das ruas ou até morta.

Voltou até sua sala e se jogou sobre a cadeira, tinha olhado todas aquelas fotos e relatórios, mas ideia alguma surgia em sua mente, estava começando a sentir os efeitos do sono. Soltou um longo bocejo seguido de um suspiro cansado, levando sua boca até o café, terminando por acomodar uma mecha atrás da orelha, deveria pedir ajuda, todavia seu orgulho era grande demais.

-Nem toda cafeína do mundo pode te manter acordada sabia? - As luzes da sala foram acesas.- Você não cansa de usar essa lamparina velha!?

-Não é uma lamparina.- Ergueu os olhos em direção a sua porta.- É um abajur e era do meu pai.

-Mas é velho.- Arqueou a sobrancelha e reparou no descontentamento da detetive.

-Que seja.- Suspirou mais uma vez e levou as mãos ao colo.- O que faz aqui nesse horário?

-É meu horário de sempre.- Apontou para o relógio que ficava em cima da porta.

Caitlyn se ajeitou na cadeira e passou as mãos no rosto, terminando por puxar de leve os próprios cabelos. Tinha passado a noite toda acordada em sua sala e por conta das cortinas nem tinha notado o tempo passar.

-Se você fosse a chefe do departamento, não se mataria dessa maneira.- Os passos do coturno preto eram abafados pelo carpete.- Sabe que devia ter aceitado a proposta.- Apontou para a mulher e sentou-se em uma das poltronas.- Jayce é um tremendo babaca.

-Eu fiz o que achei certo, não acho que estou pronta para o cargo.- Desviou o olhar, não gostava quando ela a fitava daquele jeito.- Eu gosto do que faço, Vi.

O cabelo rosa se agitou por um instante, odiava quando Caitlyn mentia para si mesma.

-Eu te conheço tem dez anos, sei quando gosta de algo.- Sorriu de lado.- E sei quando também não gosta, não minta para si mesma.

-Não estou.- Tomou mais um gole do café.- Você não tem trabalho a fazer?- Perguntou querendo se livrar da mulher.

-Não, nadinha de nada.- Se afundou na almofada azul.- Sempre chego nesse horário, mas na verdade só começo daqui uma hora.- Reparou na olheiras que se formavam no rosto de Cait.- Sei que vai estar enfurnada aqui dentro, pirando talvez, não gosto de te ver desse jeito e eu sou uma ótima companhia, não sou!? Não responda.

A morena riu de leve e desviou os olhos, gostava de ter ela por perto, era fato, mas sabia que não podia ficar perto por muito tempo e nem com uma garrafa de vinho do lado.

Cupcakes e uma rodada de socosOnde histórias criam vida. Descubra agora