O peso do ouro

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Três passos para um sucesso grandioso, sem perdas importantes.

Primeiro passo:

Acordar, levantar, banhar-se, vestir se.

Segundo passo:

Ignorar tudo que for inútil a sua volta, focar apenas no prático e útil.

Terceiro passo:

Passar por cima de todos aqueles que são fracos.

Não a espaço para o fracaso no seu império.

E aos poucos ficar cada vez mais afastado das pessoas que deveriam ser o pilar de tudo.


E ver suas escolhas refletirem diretamente no bem estar de sua família.

Ser ciente de que cada machucado e rachadura foram causadas por você.

Cada laço desfeito.
Cada marca deixada.
Cada trauma causado.

No final, a culpa será sempre sua.

Apenas, sua.

Você se manteve cego.

 Por umas simples e cruéis notas.

Trocou pessoas por papel.

Seu império reinou.
Seu reino afundou.

Suas princesas se perderam.
Vossa monarca se foi.

Tudo a sua volta se desmoronou ,mas, isso não importa.

A única coisa que te importa é o sabor ardiloso do seu tão amado ouro.

Sua princesa mais velha, sua primogênita.

Na primeira oportunidade que a vida lhe deu, criou asas e voo, para fora desse ninho de cobras.

E vossa pequena estrelinha? O quê a aconteceu?

Vossa princesa se afogou até o pescoço, nas frustrações criados por você.

Não importava... A culpa sempre seria dela.

Imperfeita.
Fraca.
Inútil. 

Indesejável.

Entre outros adjetivos, que você lançou para ela sem dó muito menos piedade.

"Porquê lhe dei a vida?"

Indagava aos berros após mais uma trágica frustração.

E os desenhos? Cartinhas? Letras de músicas? E entre outras coisas afetuosas recebidas por seu anjinho, aonde estão?

Você ficou calado, não foi?

O que teme?

Tem medo de admitir que todas essas recordações foram atiradas no lixo, sem  remorso algum.

E vossa esposa? Onde ela está?

A sete palmos abaixo do solo, talvez?

E onde você estava quando ela mais precisou? Onde estava? quando vossa filha o chamou aos berros.

Ah, é verdade.
Estava atolado de serviços em pró de algo maior.

Pois sua ganância e vaidade valem mais que qualquer coisa... Até mais que a vida de sua amada.

A única coisa que ela desejo em seu leito, fora um beijo.

Um simples afago.

Um último abraço.

Uma despedida digna.

E mas um vez tudo isso fora negado.

Mais uma vez vossa monarca sofreu sozinha.

Até em seu leito de morte.
A única coisa que ansiava era o amor, uma vez dito,  por seu belo príncipe.

Que nem teve a capacidade de ir ao seu enterro chorar suas dores.

Abandonando assim, uma jovem e sozinha estrelinha, com seus doze aninhos e um fardo horrendo.

Agora lhe pergunto.

Valeu apena?

A  Cinderela, tá diferente?Onde histórias criam vida. Descubra agora