Ato 2

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Música "Palavras ao Vento" da cantora Cássia Eller.

"Ando por aí querendo te encontrar
Em cada esquina paro em cada olhar
Deixo a tristeza e trago a esperança em seu lugar
Que o nosso amor pra sempre viva
Minha dádiva
Quero poder jurar que essa paixão jamais será
Palavras apenas
Palavras pequenas
Palavras"

Tonks acordou assustada, desorientada e com fortes dores de cabeça. Passeou seu olhar pelo local, pelas pessoas, pelos bancos e pelas janelas com paisagens em movimento. Era óbvio que estava dentro de um ônibus, sendo levada a força para um lugar qualquer, mas como?

Levantou-se do assento assustada e completamente perdida em sua própria cabeça. Estava sonhando? Onde estava? Por que não acordava logo do tal sonho? Correu ainda tonta por causa da alta exposição ao clorofórmio até a janela traseira do transporte e se deu conta de que aquilo não era um sonho, era real.

Caminhou pelo ônibus sentindo o mundo inteiro girar ao seu redor, não conseguia se lembrar de como chegara ali. Mas logo as turvas verdades foram se encaixando e a resposta era tão simples quanto aquele enigma. Remus.

Lembrou-se do pano tapando seu nariz e boca, do cheiro forte do remédio e do momento exato que desmaiou.

— Para onde estamos indo? — Tonks perguntou a um dos passageiros sentados.

— Para a rodoviária estadual, para onde mais estaríamos indo? — o desconhecido deu de ombros.

— Onde estávamos? O nome da cidade onde este ônibus parou, qual é o nome?

— Eu não sei! — o passageiro respondeu com grosseria — Este ônibus para em no mínimo 10 cidades diferentes antes de descer a serra.

— Não pode ser — sussurrou deixando diversas lágrimas deslizarem por seu rosto — Alguém se lembra de quando eu subi neste ônibus? Alguém  lembra se tinha um homem comigo? — todos os passageiros a encararam. Uns com pena achando que Tonks possuía alguma doença mental, outros irritados e outros sem reação além da pura curiosidade.

— Senhorita, volte para o seu lugar! — o motorista a repreendeu olhando a cena pelo espelho retrovisor.

— O senhor — se os passageiros não sabiam a resposta, o motorista saberia — Você sabe como eu vim parar aqui? Se lembra em que cidade eu subi? — perguntou afoita se aproximando do condutor.

— Senhorita, o motorista que começou essa viagem ficou a 4 estações atrás e você já estava aqui quando eu cheguei. Agora volte para o seu lugar se não quiser ser expulsa antes de chegarmos — e a grosseria do condutor fez Tonks chorar ainda mais.

O mundo estava desabando e ela estava ali sendo levada a força para bem longe da pessoa que amava. Porém, o pior foi saber que Remus fora quem fizera isso com ela, ele quem a dopou e a colocou dentro daquele ônibus contra a sua própria vontade.

— Por quê? — pensou em voz alta se sentando no chão do ônibus. Tapou seus lábios com as mãos e chorou ainda mais forte.

Como ele pôde? Remus literalmente a rejeitou da maneira mais covarde possível. Seus sentimentos não significavam nada? Seu amor não significava nada?

— Quer uma água, criança? — uma senhora de idade avançada ofereceu sua garrafa na esperança de ajudar Tonks a se acalmar. A ninfa negou a gentileza, não queria água, não queria se acalmar, queria estar com Remus e sair daquele lugar.

Tateou os bolsos de seu casaco por instinto e encontrou um bilhete assinado pelo Lupin. Não conseguiu ler devido às lágrimas, mas guardou aquele papel como se a sua vida dependesse daquelas palavras seja elas qual fossem.

Love after SnowOnde histórias criam vida. Descubra agora