Acordei no escuro, sozinha mais uma vez. Mas desta vez não me importei. Me vesti rapidamente e peguei as chaves do carro. Eu não ia ficar parada enquanto minha filha estava desaparecida. Eu tinha que encontrá-la.Antes de adormecer com o efeito do calmante que Catarina tinha me obrigado a tomar, eu tinha direcionado meus pensamentos à conversa que tinha tido com ela mais cedo. E fiquei surpresa ao chegar a conclusão de que, se tinha um único lugar onde Ellena poderia ir caso ela resolvesse se esconder, seria a casa da minha mãe. Isso explicaria por que mamãe não atendeu minhas ligações.- Dallas? O que está fazendo? – uma Catarina sonolenta acordou com meus movimentos enquanto eu dava um beijo de despedida em um Austin adormecido.Ela tinha resolvido passar a noite lá, alegando que alguém tinha que cuidar de Austin caso eu voltasse ao “estado-zumbi”.- Catarina! Eu sei onde Ellena pode estar! – falei mais animada do que verdadeiramente me sentia.- Então? - Ela levantou a sobrancelha.Nós duas saímos do quarto, encostando a porta gentilmente pra que não acordasse Austin. - Minha mãe! Ela só pode ter ido pra lá! Você sabe como as duas se dão bem. E mamãe nunca negou nada a Ellena. Se ela quisesse se esconder em sua casa, mamãe não hesitaria em deixar de atender o telefone pra não ter que mentir pra mim – conclui chegando à sala.- Isso faz sentido – ela assentiu. – Mas você não pode ir pra casa da sua mãe essa hora da madrugada. Espere o dia clarear. Está vindo uma tempestade por aí.- Eu não me importo com tempestades ou horários impróprios. Tudo o que eu quero é encontrar minha filha – respondi determinada.- Você não vai mudar de ideia, não é? – Catarina perguntou contrariada.- Não – comecei a vestir um dos moletons de , que eram mais quentinhos.- Apenas... tenha cuidado – ela advertiu.Dei de ombros, já me preparando para sair. Mas antes que eu pudesse me aproximar da porta, esta se abriu, e surgiu um bloqueando a passagem.- – falei seu nome sem emoção alguma.Ele me olhou rapidamente, depois desviou os olhos para Catarina e examinou o cômodo com fingido interesse, evitando me encarar.- Onde você está indo? – ele perguntou friamente.E foi isso. Nem um “como você está?” ou “senti sua falta”. Não. Apenas uma estúpida pergunta sem sentimento algum. Eu provavelmente nunca diria a ele, mas aquilo me magoou. Muito. - Não é da sua conta – repliquei mordaz. - Antonina Lioj, eu não estou a fim de brigar, então, por favor, apenas diga onde você está indo. Eu não preciso de mais uma pessoa desaparecida por aqui – ele massageou as têmporas, fechando os olhos por um momento.Aquilo foi a gota d’água. Ele chegava sem avisar, demonstrava não estar nem aí pra mim e eu ainda tinha que aturar ele falando da nossa filha desaparecida como se fosse um assunto banal?- Você é um idiota, Cameron Dallas ! – cuspi as palavras, passando por ele e o empurrando, saindo porta afora.Enquanto eu esperava o elevador chegar, ouvi as vozes de e Catarina conversando baixo. Traidora. Ela devia estar contando tudo a ele.Assim que as portas se abriram, entrei rapidamente, ansiando que elas se fechassem logo. Mas aquele maldito elevador era lento demais, e por consequência, entrou um minuto antes que as portas se fechassem.- Eu vou com você – foi tudo o que ele disse.- Você não precisa perder seu tempo – respondi rudemente.- Perder meu tempo? Te ajudar a procurar nossa filha é perder meu tempo? – ele me encarou incrédulo.- Com certeza sim. Do contrário você teria atendido meus telefonemas. Te liguei dez vezes, Cameron Dallas . Não foram duas nem três vezes, foram DEZ, e em nenhuma delas você se indignou a atender.- O mundo não gira em torno de você, Antonina Lioj. Eu não posso estar 24 horas disponível pra você. E você sabe disso – ele falou na defensiva. – Eu te retornei as ligações, e quem disse que você se indignou a atender?Cruzei os braços e me recusei a responder. Ele não sabia o que eu tinha passado desde que percebi que Ellena tinha desaparecido. Ele não sabia a angústia que tudo isso me trazido. Não sabia o quanto eu tinha precisado dele naquele momento. Mas ele não estava lá. E eu, por mais que quisesse ter alguém a quem culpar, não podia culpá-lo.