7. Epifania

8 0 0
                                    

e.pi.fa.ni.a

Substantivo feminino

1. Súbito entendimento ou compreensão de algo.

2. Trazer para o consciente o que ainda não estava nele. Revelar o que antes estava escondido.



Nem nos meus sonhos mais loucos eu conseguiria imaginar uma situação como esta.

Ali, nas ruas mal iluminadas pelos postes antigos de Saint Lamarc estava eu, Ivy Lily Campbell Blanche, correndo com um cara que tinha quase o dobro do meu peso nas minhas costas e contando com a minha memória – que não era das melhores – para achar sua casa, já que ir para um hospital estava mais do que fora de cogitação. O que eu diria? Que fui atacada por vultos de dois metros de altura no meio da rua e o Ethan apareceu para me salvar incorporando um super sayajin e desfalecendo depois de emanar uma luz tão forte quanto a de um farol marítimo? No mínimo iam despachar nós dois para um sanatório na mesma hora.

E nem me pergunte de onde tirei tanta força para carregá-lo ao longo de quatro quadras de onde estávamos com a dor nas costas que sentia.

Apostei toda a minha sorte na casa 43 detrás da pizzaria, juro que se eu acertasse a casa dele de primeira eu nunca mais ia reclamar da minha sorte. O portão estava aberto. Puxei o trinco com uma das mãos esperando que isso não pudesse ser considerado invasão domiciliar, afinal, se eu fosse presa não seria a coisa mais louca que aconteceria hoje depois da maluquice que foi há alguns minutos atrás.

Subi o pequeno lance de escadas que levava até a porta, ao chegar lá em cima, já não dei a mesma sorte com o portão de entrada, estava trancada. Não tinha outra escolha a não ser vasculhar a bolsa do garoto nas minhas costas atrás dessa chave.

Com um dos braços, puxei a bolsa de Ethan que estava pendurada sobre meu ombro e rapidamente achei o chaveiro com duas únicas chaves e um penduricalho de fitas, na primeira chave a porta destrancou e eu entrei desajeitadamente dentro do sobrado, a porta bateu logo em seguida. Comecei a caminhar tateando as paredes a procura de um interruptor com a ajuda furada das luzes da rua que passavam pelas janelas, mas elas eram tão fracas que não encontrei nenhum.

Ethan começava a pesar demais nas minhas costas e minhas pernas já bambeavam, no primeiro lugar confortável que encontrei – neste caso, o sofá da sala – coloquei Ethan tentando ser o mais cautelosa possível para que ele não se machucasse mais. Assim que eu o coloquei no sofá, acendi um abajur que encontrei numa mesinha ao lado do braço do sofá, o que iluminou metade da pequena casa. Sequer tive forças para sentar-me na poltrona que havia ali ou ir novamente atrás das luzes do sobrado, me joguei no chão sentindo meus ombros doerem mais do que mais cedo, eu mal conseguia assimilar direito tudo o que havia acontecido em menos de meia hora!

Devo ter ficado cerca de cinco minutos sentada no chão com as costas apoiadas no sofá, os olhos fechados e as duas mãos no pescoço. Quando me dei conta que estava tão eufórica que sequer vi se Ethan estava vivo ou não, e se eu já estava nervosa, ali é que entrei em completo desespero.

Me virei para Ethan e observei seu rosto. Ele mantinha seus olhos fechados e lábios em um tom de bege cerrados em uma linha, apesar de tudo ele continuava com a expressão tranquila de sempre, como se estivesse dormindo. Encostei a lateral de meu rosto sobre seu peito e graças aos céus seu coração batia normalmente, tamanho foi o meu alívio que senti como se minha alma tivesse saído e voltado novamente ao meu corpo.

Eu não tinha muita ideia do que fazer agora, nunca tive muita noção de enfermagem embora meu pai fosse farmacêutico, então a única coisa que eu podia fazer agora era esperar até Ethan acordar para saber se ele estava bem e se possível cobrar uma explicação, aquilo era bizarro demais pra fingir que não tinha acontecido. Eu só precisava me lembrar de controlar a minha língua e não o entupir de perguntas logo de cara, mas não saio dessa casa sem uma explicação.

Entre o Céu e a TerraOnde histórias criam vida. Descubra agora