Im Gonna Getcha Good

So close...

“Despertador filho da puta.” Era o mantra que eu repetia enquanto procurava aquele aparelhinho repugnante em cima da mesinha de cabeceira. Com os olhos fechados, eu tateei aquela mesa até achar aquela merda e desligar de qualquer jeito. Invençãozinha desagradável.

Arrastei-me até o banheiro e fiz minha higiene matinal, saindo do cômodo de toalha e procurando algo para vestir. Dando adeus a todas as roupas confortáveis que eu usei durante minhas férias, optei por usar uma blusa social azul clara, calça social preta e scarpins da mesma cor. Passei uma maquiagem de leve, deixei os cabelos soltos e passei uma maquiagem leve destacando a boca. Encarei-me no espelho, sussurrando um “maravilhosa” para mim mesma.

Antes de ir para aquele inferno que era chamado de Departamento de Polícia da Cidade de Miami, fui a uma Starbucks e pedi um café preto forte, me preparando psicologicamente para olhar na cara da minha parceira. Eu tinha vontade de estapear Simon, o filho da puta chefe do departamento que decidiu que eu e a Jauregui faríamos uma boa dupla de detetives. Meio mundo sabia que eu não suportava aquele ser humano e vice versa. Mas Simon só se importava com o bom resultado do trabalho e qualquer merda assim. Eu adorava o que eu fazia. Mas não o que fazia com a Jauregui. Claro que com aquele rosto e aquele corpo, eu poderia fazer milhares de coisas com ela. Mas nada que envolvesse trabalho, é claro.

De qualquer forma, Jauregui atrapalhava meu ambiente de trabalho. Tanto porque ela era implicante, quando porque ela era incrivelmente gostosa e aquilo criava uma atmosfera de trabalho estressante e exageradamente sexual.

Antes de fazer dupla com aquela praga da Jauregui, minha parceira era a Brooke. Tudo ia às mil maravilhas, quando Simon chegou dizendo que iria colocar ordem no galinheiro e me pôs com aquela demônia dos olhos verdes. De qualquer jeito, não adianta chorar o leite derramado. O problema era que, eu não odiava Lauren só porque ela era mal humorada e insuportável. Eu estudei com essa praga. Eu fiz o ensino médio tendo que olhar todos os dias na cara daquela maldita e dividir meu oxigênio com ela. A verdade é que nós nunca havíamos feito nada de ruim uma para a outra. Mas nos odiávamos com uma intensidade que era quase palpável. Talvez fosse porque o grupo de garotas com as quais andávamos eram rivais e era quase automático que nos odiássemos. Lembro-me de quando Simon anunciou que eu teria uma nova parceira...

- Cabello! – O velho chamou, tirando toda a minha atenção do meu trabalho. Eu simplesmente odiava quando estava ocupada com algo e surgia algum filho da puta para desviar a minha atenção.

- Sim? – Respondi no tom mais educado que eu conhecia no momento.

- Sua nova parceira, transferida de Nova York, chegará daqui a alguns minutos. – Que ótimo. Qual era o problema com a Brooke, meu Deus? Fazia dois dias desde que Simon havia posto ela para ser parceira do Ogletree. Nada contra ele, mas eu não gostava de lidar com gente nova. E dali a alguns minutos alguma figura desconhecida entraria por aquela porta e eu teria que conviver com ela todos os dias. Talvez não fosse tão ruim assim e eu que fosse tímida demais para lidar com gente que não conheço.

- Ah, obrigada por avisar. – Sorri sem mostrar os dentes, mandando ele ir para todos os lugares mentalmente.

Continuei concentrada no meu trabalho, fazendo uma lista de todas as testemunhas que teríamos que interrogar. O caso não era tão difícil assim e eu esperava que com a ajuda da nova parceira, resolvêssemos isso logo. Em um determinado momento, minha cabeça começou a doer e eu peguei um analgésico na minha bolsa. Ah, que ótimo, eu precisava me deslocar até o corredor para pegar água. Ainda não inventaram aquele dispositivo que trazia as coisas até nós? Seria deveras útil.

Levantei com a cabeça baixa, pois não estava a fim de cumprimentar/ter contato com nenhum tipo de ser vivo naquele momento e comecei a caminhar para a saída da minha sala. No momento em que eu empurrei a porta, alguém a puxou do lado de fora e eu esbarrei em uma mulher. Que merda.