Capítulo 6

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Acordo e só queria gritar de dor. Porquê? Para além de ser véspera de Natal, eu tava de tpm.

- Vai, ficar o dia todo aí? - Perguntou Magui se vestindo enquanto eu abraçava minhas pernas na cama.

- Até ficava, mas não posso!

- Você tá bem? - Neguei e ela me olhou preocupada.

- Tpm! - Resmunguei e ela riu.

- Idiota! Pensei que fosse algo mais grave!

- E é! Puta que pariu ein Eva! - Ela riu ainda mais.

Me levantei e fui no banheiro tomar banho. Depois fiz minha mala e desci para almoçar, como não tinha comido de manhã eu tava morrendo de fome.

- Bom dia! - Falei para os meninos que já estavam a comer.

- Bom dia! - Responderam.

Sentei lá e comi e Magui se juntou a nós. Magui falou:

- Arranjei uma pessoa pra ficar.

- Quem? - Pergunto.

- Ela se chama Beatriz Freitas e é bem bonita. - Ela sorriu de lado.

- Ta ficando apaixonada é? - Falei maliciosa para ela.

- Menos, muito menos Carol. - Rimos.

- Ela parece legal e parece que adora música, ela toca bateria e canta um pouco também, o cabelo dela é lilás, lindo neh?

- Até eu me apaixonei! - Falou Afonso.

- Ela é minha, vaza! - Rimos.

- É melhor a gente ir andando Carolina. - Falou Pedro e assenti.

- Eu vou com vocês. - Disse Margarida.

Preparamos nossas coisas para ir embora, o que estava meio tudo pronto, e depois despedimo-nos de Afonso indo embora para minha casa.

Quando chegamos meu pai abraçou-nos quando nos viu mas a cara dele para Magui não foi das melhores. Os pais de Lucas também estavam na sala, então cumprimentamos eles.

- Então esse ano vamos passar o natal em minha casa? - Perguntou a mãe do Lucas.

- Esse ano é na nossa? - Perguntou Lucas e a mãe assentiu. - Beleza!

- Depois eu levo o vosso vinho preferido para a ceia! - Falou meu pai e eles sorrirem.

- Então nós vamos andando, Lucas você vem? - Ele assentiu. - Então até à noite.

- Tchau! - Falamos e eles saírem.

- Eu vou na casa dos meus pais. - Falou Margarida meio tensa.

- Boa sorte. - A abracei e ela saiu.

Eu sei que não iria ser fácil, porque ela não vê os pais desde aquela discussão de liberdade e de ela não se importar de namorar com garota ou garoto, eles ficaram meio com vergonha da própria filha e eu não entendo o porquê.

- Vou comprar o vinho, já volto crianças. - Nosso pai beijou nossas cabeças e saiu.

- Bom, vou arrumar as minhas coisas. - Disse e peguei na minha mala indo para o meu quarto.

Quando cheguei fui tirando as roupas e aguardando tudo direitinho e metendo as sujas para lavar. Depois alguém bateu na porta enquanto eu tava sentada no chão.

- Entre! - Falei e Pedro apareceu sentando no chão na minha frente. - O que faz aqui?

- Nem eu sei. - Suspirou. - Acho que queria dizer que lamento.

- Quê? - O olhei confusa.

- Lamento que o que aconteceu na casa da Margarida com aquele otário mas o que eu mais lamento é de você perder nossa mãe. - Engoli seco. - Eu sei que vocês eram muito unidas e também sei que você deixou de tocar piano e cantar por causa que ela morreu.

- Eu... - Ele me interrompeu.

- Vamos almoçar? Não quero que você pense que gosto de você, só mesmo porque é natal. - Ele sorriu de lado.

- Idiota. - Ri e ele saiu do meu quarto acenando.

Se o que Pedro falou é verdade? Sim... Desde que minha querida mãe morreu eu deixei de cantar e tocar piano. No natal nós as duas costumávamos ir em lanchonetes tocar piano e cantar músicas de natal, era incrível, era a melhor época do ano mas agora é meio estranho e o pior é que o último natal suou como despedida. Minha mãe fez um sacrifício para conseguir passagens para o Nova Iorque porque eu sempre quis ir lá, e por sorte, também conseguimos cantar e tocar em uma lanchonete, foi mágico.

Com tanta recordação notei que já tinha uma lágrima a escorrer, limpei e corri até à sala de jantar. Tive almoçando com Pedro e meu pai sempre em silêncio e depois fui para meu quarto. Fiquei arrumando o resto das coisas e alguém bateu na porta.

- Entre! - Falei acabando de arrumar tudo.

- Que tava fazendo? - Falou meu pai fechando a porta.

- Arrumando as minhas coisas.

- Gostou? - Assenti tentando ignorar a memória com Guilherme. - O meu Papai Noel quer dar sua oferta mais cedo.

Meu pai estendeu para a frente uma caixa que eu nem tinha visto ainda. Peguei ela e sorri em agradecimento e falei:

- Depois abro. - Não me julguem mas o natal para mim virou a pior época do ano.

- Abre agora. - Ele fez sinal e então abri.

Dentro da caixa tinha um lindo vestido vermelho escuro e curto. Coloquei a mão na boca lembrando que aquele vestido era da minha mãe.

- Quando estávamos empacotando as coisas de sua mãe, aguardamos umas peças para usares na hora certa, como sabes. - Sorri assentindo. - Mas você não aguardou esse e ficou triste porque tava estragado e ficava largo em você, então mandei ele para arranjar para você usar no dia de natal.

- Eu amei! - Abracei meu pai com lágrimas nos olhos.

- Eu sei que eu e sua mãe erramos separando vocês e abandonando também. - O olhei nos olhos. - Mas era difícil entende? E era um, assunto delicado para ser falado então não deu. - Ele suspirou como se lembrasse de algo triste que o magoasse.

- Tem algo que eu não sei? - Ele negou sorrindo forçado. - Tá... - Disse desconfiada. - Nunca entendi mesmo o porquê de vocês se separarem. - Dei de ombros.

- Coisas bobas. - Ele sorriu forçado de novo. - Vou deixar você se preparar. - Ele beijou minha cabeça e saiu.

Fui tomar um banho e depois sequei meus cabelos os deixando lisos. Como meu cabelo era pelos ombros não dava para fazer muita coisa. Meti um colar e uns brincos que também era de minha mãe e depois vesti o vestido que me ficava direito. Ele era um pouco acima do joelho e era bem leve. Coloquei uma sandália de salto preta e depois coloquei uma maquilhagem bem leve porque eu não era boa nessas coisas.

Quando estava terminando a porta do meu quarto se abriu e Magui apareceu.

- Oi, tud... Uouuuuuuu! Olha como você tá linda! - Falou fazendo eu dar uma voltinha e eu ri.

- Você também tá muito linda! Pra não falar original e diferente. - Ele ajustou o blazer.

Sim, Magui estava de fato! Que linda neh? Eu amo tanto essa garota por ela ser tão livre e diferente e estar se cagando para a opinião dos outros.

- Muito obrigada! - Ela abaixou a cabeça e eu ri com seu gesto. - A princesa tá pronta?

- Aham, só me deixa colocar o batom. - Passei um vermelho mas não nos lábios todos para não ficar forte. Esfreguei o lábio superior com o inferior e depois peguei minha bolsa. - Vamos!

Quando cheguei lá em baixo os pais de Margarida estavam na sala com meu pai e meu irmão. Todos me olharam encantados e falaram que eu parecia muito minha mãe, menos Pedro que ficou só me encarando, talvez porque achou o mesmo e era um pouco difícil para ele.

O melhor amigo do meu irmãoOnde histórias criam vida. Descubra agora