Capítulo 13

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4 de março de 2021, quinta-feira

Júlio POV

Mais uma semana intensa de aulas estava chegando ao fim. Eu e Isa nos aproximamos bastante desde que voltamos de viagem e tem sido bem legal poder conhece-la melhor, e parece que não rolou mais nada entre ela e Bruno, o que me deixa mais aliviado por saber que ainda tenho chances de tentar algo, só me resta saber se ela também está afim ou só me vê como amigo, não consegui decifrá-la ainda.

Nesse momento estou chegando com a minha turma á área de laboratórios, e quando entramos na sala, pude ver que Isabela estava em uma delas com sua turma. Os laboratórios de química, física e biologia eram divididos por paredes de vidro, então podíamos ver tudo o que acontece nas outras salas, e ela estava tão concentrada no que falava que nem percebeu a nossa chegada.

Júlio: todos prontos?

Mário: eu esqueci meus óculos.

Júlio: de novo, Mário?

Mário: na verdade eu acho que perdi.

Júlio: vou te emprestar um dos meus, mas se na próxima aula você não trazer os seus, terei que marcar ocorrência por falta de material, ok? – digo já pegando os óculos e vi o garoto assentir.


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Isabela POV

Assim que terminei a explicação da matéria, comecei a andar entre os alunos para ajuda-los com o que faziam, e foi quando percebi que era Júlio na sala ao lado. Ele estava rindo de algo que acabara de dizer aos alunos enquanto manuseava alguns equipamentos e não pude evitar o pequeno sorriso que surgiu em meus lábios quando o vi nessa situação. Júlio é um ótimo professor. Sempre que o vejo dando aulas sinto quanto ele adora o que faz.

Ele parou de rir assim que um dos inspetores entrou na sala e cochichou algo no ouvido dele. Sua expressão mudou drasticamente para sério e ele saiu apressado da sala após recolher suas coisas, deixando os alunos aos cuidados do funcionário. Estranhei a atitude e me preocupei, mas não podia deixar minha aula para saber o que havia ocorrido.


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Minha aula já havia chegado ao fim e Júlio ainda não havia voltado. Seus alunos foram retirados da sala minutos depois que ele saiu. Isso estava muito estranho, se fosse algum problema com o laboratório eu também teria sido avisada. Como essa era minha última aula do dia, fui até a sala dos professores a procura dele para saber o que aconteceu.

Narrador POV

Isa: gente, vocês viram o Júlio por aí? – estavam apenas Larissa, Guido e Rhener na sala.

Larissa: não, Isa, o tempo que estou aqui ele não passou aqui não.

Rhener: também não o vi...

Guido: eu o vi passando em frente a sala que eu estava com os alunos indo para o laboratório, ainda deve estar lá.

Isa: sim, eu também estava lá, mas do nada ele deixou a sala apressado com bolsa e tudo e não voltou mais. Fiquei preocupada.

Larissa: que estranho...

Guido: vou ligar pra ele... – ele tenta duas vezes, mas dá caixa postal – acho que ele deixa o celular no silencioso quando está no colégio.

Larissa: acho que não aconteceu nada demais, até porque notícia ruim chega rápido.

Isa: eh... pode ser. Bom galera, já vou indo pra casa – ela diz guardando seus livros e cadernos que estavam em suas mãos em sua bolsa.

Rhener: já??

Isa: graças a deus!

Guido: esses privilégios a Paula não me dá. Vou reclamar com ela que alguns professores estão trabalhando de menos.

Isa: enfim, o favoritismo – ela manda um beijo no ar para o colega e sai rindo da sala.


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Isabela chegou em casa, tomou um banho e almoçou. Lembrou de Júlio e resolveu tentar ligar para ele mais uma vez.

Júlio: alô?

Isa: Júlio, finalmente atendeu... você sumiu, tá tudo bem?

Júlio: não.

Isa: o que aconteceu? – pergunta já ficando preocupada novamente.

Júlio: minha mãe está sendo feita de refém por bandidos.

Isa: meu deus, Júlio! Mas você já sabe se está tudo bem com ela?

Júlio: eu não sei, Isa. Já faz mais de uma hora que cheguei aqui na casa dela e os policiais ainda estão aqui tentando conversar com os homens... eu estou desesperado – ela percebeu um tom choroso na voz do professor e no impulso pediu o endereço de onde ele estava – não precisa se incomodar, Isa...

Isa: Júlio, para com isso e me passa o endereço agora! – o homem se dá por vencido e entrega onde a mãe mora – ok, em 15 minutos estou aí.


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Isa: Júlio! – ela chama se aproximando dele.

Júlio: Isa, que bom que chegou! – ele a abraça fortemente e derruba algumas lágrimas.

Isa: aconteceu mais alguma coisa?

Júlio: os policiais não conseguiram convencer os bandidos a se entregarem e vão invadir a casa – diz passando as mãos pelo rosto, limpando as lágrimas que escaparam.

Isa: ei calma, vai ficar tudo bem, eles sabem o que estão fazendo – tenta acalma-lo.

Júlio: ... não posso perder minha mãe, Isa, ela é a única família que eu tenho aqui no Rio.

Isa: você não vai perdê-la. Para de pensar assim... me conta como isso aconteceu?

Júlio: eu só sei que os bandidos a renderam no portão de casa e a obrigaram a entrar. Foi a Dona Valéria, vizinha e amiga da minha mãe quem viu tudo e me ligou – uma senhora de cabelos grisalhos se aproxima dos dois.

Valéria: eu estava chegando do mercado quando vi que dois homens armados estavam empurrando a Emma para dentro da casa e logo liguei para a polícia. Aí lembrei que o Júlio trabalha na escola em que o meu neto estuda e pedi para avisá-lo.

Policial: nós iremos entrar na casa agora, então peço que os senhores se afastem do local para evitar qualquer tipo de acidente – os três assentem e se afastam. A mais velha foi em direção aos outros vizinhos e Júlio e Isabela foram para a direção contrária, ficando mais a sós.

Isa: vai ficar tudo bem... – ela sussurra para o homem, que sorri de lado em agradecimento por ela estar ali, e passou seu braço esquerdo pelos ombros dela, a apertando contra si. 

Onde Tudo Começou (Isulio)Onde histórias criam vida. Descubra agora