- cinquenta e um.

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- Você sabe que vai ficar com essa culpa para o resto da vida, né?
- Culpa do que?
- De ter me matado.
- Eu não te matei, Devon. Quem atirou em mim foi você.
- E por que eu que estou morto? Mesmo você não tendo feito com as próprias mãos, foi a culpada. Me matou, matou meu irmão... Ta com a ficha suja ein?
- Eu não queria... - Meu soluço interrompeu minha fala, enquanto eu secava as lágrimas. - Ele revirou os olhos.
- Ah você queria sim. Se não quisesse, não teria se envolvido com eles. A única coisa que me consola, é saber que aqui dentro - Colocou a mão no meu peito. - Você vai carregar a culpa disso tudo pra sempre. Se soubesse o quanto isso me deixa feliz...
Acordei graças aos latidos do Tyler, tentando recuperar o ar, e com o corpo molhado de suor. Eu definitivamente estava cansada desses sonhos. Nem tirar um soneca pós almoço consigo.

Tyler latiu novamente e eu o olhei, recebendo um olhar atento, como se a intenção dele realmente fosse me acordar. Sentei na ponta da cama e respirei fundo.
- Obrigada, meu bebê. Vem cá. - Deu uma batidinha na cama, e ele subiu rapidamente, o que me fez rir. - É, parece que você amoleceu o coração do seu pai mesmo, ein? - O peguei no colo, enchendo de beijos aquela coisa gostosa.

Ouvi vozes na cozinha e me atentei mais, tentando descobrir quem era, mesmo já imaginando. Fiquei brincando com o Tyler por alguns minutos e depois o coloquei no chão, abrindo um pouco a porta do quarto para caso ele quisesse sair.
Fui até o banheiro, tomei um banho rápido, dei um jeito no cabelo, já que prender não ia rolar, me vesti e saí, vendo uma mini festa na sala.
- Acordou nossa bela adormecida. - Jasmine disse, me fazendo rir.
- Que feliz aniversário é esse? - Gargalhei, vendo um cordão de bandeirinhas escrito parabéns pendurado na parede.
- Eu falei que não fazia sentido colocar. - Monse disse para Ruby.
- Era a única que a gente tinha, foi pra dar um charme. - Ruby se defendeu, me fazendo rir.
- Como você ainda não pode extrapolar nos churrascos, resolvemos fazer uma festa pequena de boas vindas. - Fran disse e eu sorri.
- Vocês são foda, né? - Ri. - Muito obrigada gente, não precisava.
- Lógico que precisava, ta doida? Agora faz dois aniversários. - Fran disse, me abraçando delicadamente.
- Você ta se sentindo bem? Não quer sentar? - Monse perguntou.
- Não, Moon. Já passei 2 semanas sentada. Minha bunda entrou pra dentro já.
- Impossível, mamacita. - Fran disse dando um tapinha, nos fazendo rir.
- Obrigado, Fran. - Oscar disse.
- Vocês me respeitem, por favor. - Jamal disse.
- Para que na época daquela sua maratona de sexo com aquela esquisita, tivemos que te aguentar. - Ruby disse e nós rimos, enquanto Jamal revirava os olhos.
- Te deixo até escolher as músicas hoje. - Monse me entregou o celular, me fazendo rir, já que nosso gosto musical diferente era o único motivo das nossas brigas.
- Que milagre. Vou assustar vocês mais vezes. - Jasmine me tacou uma almofada.
- Olha garota, você não brinca não. - Ela disse, me fazendo rir. Coloquei Casino do Sech e fui pra mesa comer, queria compensar todos esses dias que comi aquela comida de hospital.
Estavam todos conversando, mas tinha uma clima pesado. Normalmente todos ficavam juntos e dessa vez, Oscar, Fran e Paco estavam em um bolinho, enquanto os meninos em outro. Sentei primeiro no colo do Oscar, entregando uma cerveja pra ele, que beijou meu ombro. Fiquei um tempo conversando com eles e depois me levantei, indo até o pessoal e sentando ao lado de Cesar, que era o mais emburrado de todos.
- Eaí, marrentinho. - Disse, o empurrando de leve, enquanto ele ria e me empurrava de volta, mais leve ainda. - Desfaz essa cara, menino. Vocês todos, na real. Por que estão aqui isolados? Sempre ficamos juntos. - Ruby, que até então estava entretido dando doce na boca da Jasmine, me olhou.
- Você ainda pergunta, mulher? - Cesar disse.
- No queremos hablar con este cabron. - Ruby disse, olhando feio para Oscar.
- Antes de tudo, isso é coisa deles. Eu não tenho nada a ver com isso e não estou de acordo. - Monse disse.
- Não sei por que. Não gostou do cara a vida toda, agora que ele fez uma das maiores merdas possíveis, você fica nessa?
- Mas isso foi antes de o conhecer. Na real, ninguém aqui o conhecia de verdade, tirando o Cesar, óbvio. Só fomos ver o Oscar mesmo quando ele começou a namorar a Kali, antes, conheciamos o Spooky. O Spooky eu ainda odeio, nunca vou gostar e nunca vou esquecer das coisas que ele fez. Mas isso foi no passado. Oscar mudou e prova isso todos os dias.
- Não tem essa de Oscar e Spooky, os dois são a mesma pessoa, porra. E é graças ao "Spooky" que quase perdemos a Kali. - Ruby esbravejou, mas todos nós falávamos baixo.
- E graças ao Oscar que ficou só no quase.
- Ele não fez nada mais que a obrigação dele. - Cesar se manifestou.
- Já chega. Os três. - Falei, finalmente. - Eu sei que esse rancor do Oscar não é de hoje. Sei o quanto ele vacilou com o Cesar, sei que a ferida da Olivia ainda está aberta, mas nessa situação, ele realmente não teve culpa. Na real, o Oscar é mais vitima nessa história toda do que vilão, a maioria desses caras de gangue são. Vocês sabem que a maioria não entra nessa merda sem motivo. Oscar teve os dele e se não fosse por isso, você não estaria se formando hoje. - Disse para Cesar, que me olhou surpreso. - Assim como também teve seus motivos quando entrou, e vocês entenderam isso e não viraram as costas pra ele, pelo contrário.
- Mas se ele fosse responsável, teria te deixado longe disso tudo. - Ruby disse, um pouco mais calmo.
- E ele deixou. Quem tentou me matar foi o Devon. E não só por culpa do Oscar, no fundo, todo mundo sabia que uma hora ou outra os dois iriam se enfrentar. Mas sim por eu ter sido conivente nisso tudo e ainda ter escondido, fingindo que não sabia de nada. O que eu faria milhões de vezes de novo se fosse preciso, simplesmente para proteger o Oscar. Assim como ele se entregou para me proteger de Jahron. Somos uma dupla, nos protegermos é praticamente regra. - Eles ficaram me olhando pensativos. - Eu sei que vocês ficam preocupados e não estou defendendo a vida que o Oscar leva, mas ele também não é esse monstro todo que pintam e nós sabemos bem disso.

En tu mirá || Oscar DiazOnde histórias criam vida. Descubra agora