Capítulo 2

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Rafael ficou muito feliz quando cheguei em casa e me joguei em seus braços, radiante, por ter conseguido a vaga de emprego.

No sábado, pedi que ele me acompanhasse para xerocar todos os documentos que eles exigiram — não foram poucos — e depois fomos às lojas para comprar algumas roupas. Eu ia trabalhar em uma grande empresa, afinal. Precisava estar apresentável, mesmo que fossem com roupas bem baratas.

— Eu juro que quando receber meu primeiro salário, vou te pagar tudo de volta, Rafa — disse a ele, enquanto caminhávamos nas ruas, cheias de pessoas.

— Relaxa, Julia. Estou muito feliz que você conseguiu esse emprego. Se você não sabia, a Royal é referência em tecnologia no Brasil e no exterior. Quem sabe quando você conseguir ganhar a confiança do chefe, não descole uma vaga para mim também.

A simples menção ao homem que seria meu chefe foi o suficiente para que eu abrisse um pequeno sorriso.

Quantos anos será que ele tinha? Deveria ter entre os trinta e cinco, quarenta. Não mais que isso. Seu rosto era bem jovem.

Foi impossível não me lembrar dos romances que eu lia de vez em quando. Neles, as mocinhas pobres iam trabalhar em grandes empresas e seus chefes caíam de amores por elas.

Bem, isso só acontecia em romances, de qualquer maneira.

— Hey, Julia. no mundo da lua, é?

— Desculpa, Rafa. Estava aqui pensando no que preciso comprar.

Rafael assentiu.

— Acho que você precisa de um par de sapatos novos. Os que tem estão desgastados.

Olhei para os meus próprios pés e suspirei. Aquele era o único par de sapato social que eu tinha. E estavam desgastados por serem muito confortáveis.

— Tem razão. Mas não quero sapatos muito altos. Doem as pernas e você sabe que eu adoro conforto.

— Conheço uma loja boa e barata ali, vem comigo.

Rafael segurou minha mão e atravessamos a caótica rua, indo em direção a uma loja especializada em sapatos.

Uma vendedora baixinha e morena, muito simpática, nos atendeu e pelo modo como falou com Rafael, suspeitei que eles já se conheciam de outros lugares.

Rafael era um mulherengo assumido, mas sempre escondia seus casos de mim. Não deixava nenhuma mulher entrar em nosso apartamento e dizia que relacionamentos sérios estavam fora de questão.

No entanto, nos últimos meses, notei uma diferença em meu irmão. E foi logo quando a presidência da empresa que ele trabalhava mudou.

Rafa nunca foi explícito ao me falar sobre isso, mas algo aconteceu lá dentro que o fez tomar a decisão de sair da empresa. Eu conhecia meu irmão, ele jamais abandonaria um emprego bom, de tantos anos, por uma simples besteira.

A vendedora me mostrou inúmeras opções e eu escolhi um par simples e confortável.

Depois, fomos até uma loja de roupas sociais, onde comprei duas camisas de seda e duas saias lápis. É claro que peguei o cartão das lojas, para voltar ali mais vezes.

Eles tinham tantas opções boas, bonitas e baratas. Com certeza eu voltaria após receber meu salário.

— Satisfeita? — Rafael perguntou, passando um braço em meus ombros, enquanto voltávamos ao prédio.

— Muito. — Sorri. — Agora não vou passar vergonha com minhas roupas velhas.

— Você vai arrasar, Julinha.

O bebê, a secretária & o CEO (Livro 1 - Amores em São Paulo) - DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora