Andrew
Fiquei um tempo olhando para a porta assim que a nova secretária saiu, me perguntando por que diabos dei explicações a ela?
"— Não sou assim todos os dias. Eu apenas..."
Claro que eu dissera a verdade.
Não gostava de ser mal-humorado e muito menos mal-educado com as pessoas. Mas o dia fora tão cansativo. Aliás, o fim de semana todo roubara a minha paz.
Olhei para o meu celular e vi que haviam chegado três mensagens. E as três mensagens eram de Verônica Alencar, minha ex-noiva.
Fazia um mês que eu havia terminado o noivado com ela, mas Verônica nunca foi o tipo de pessoa que aceitava levar um não. Tanto que essa era a terceira vez que terminávamos o relacionamento.
Era impossível não me perguntar por que eu ainda insistia com ela. As probabilidades de darmos certo um com o outro sempre foram quase nulas.
Verônica era linda, sem dúvidas, mas na maior parte do tempo seu gênio anulava a sua beleza. Sem falar no ciúme excessivo, mesmo quando não estávamos mais juntos.
Por um lado, eu a entendia.
Eu nunca fui um santo. Aprontei muitas vezes, porém, sempre foram nos espaços de tempo em que tínhamos terminado. Pelo menos, eu achava que da minha parte estava terminado.
Mas para ela, não.
Então Verônica tinha a sensação de que eu iria traí-la a cada segundo. E isso me irritava, me tirava a paz e o sossego.
Paz e sossego que enxerguei nos olhos da senhorita Souza, apesar de ela estar tremendo de medo a todo o instante.
E, talvez, parte de mim quis ser um chefe arrogante e abusivo para ver se conseguiria tirar aquele brilho de seu olhar. No entanto, minha tentativa fora falha e ela se mostrou a escolha certa para aquele cargo.
Meu celular começou a tocar e depois de um longo suspiro, o atendi.
— Qual é o seu problema? — Verônica gritou do outro lado. — Não pode me atender por quê? Já está comendo alguma vagabunda por aí?
— Verônica! — Dei um murro na mesa, perdendo o restante da paciência que havia adquirido naquela tarde. — Se ligou para saber se estou com minha amante, fique sabendo que não, porque ela foi embora mais cedo.
— Ah, é? — ela quase gritou. — É assim que você me trata, depois de tantos anos dedicando a minha vida a você?
Esfreguei meu rosto.
— Desculpe.
— Não quero as suas desculpas! — ela berrou. — Eu... olha, estou nervosa. Nós brigamos muito no fim de semana e eu não quero que as coisas continuem assim.
— Nós brigamos porque você quis, Verônica. Já terminamos! Será que não consegue entender?
Ela bufou.
— Foi isso o que você disse, mas não hesitou em ir para a minha cama na madrugada. Você diz que não me quer, mas sabe que sempre volta para mim... — Ela deu uma risadinha que me deixou enjoado. — Você precisa entender que eu tenho muito ciúme de você porque o amo. Se eu não o amasse, não ficaria louca pensando que há inúmeras mulheres caindo aos seus pés e que a qualquer momento você poderia me trocar por uma delas.
— Verônica...
— Sem falar que você sabe que aprontou comigo no passado.
— Nós estávamos separados!
— Na sua cabeça, sim. Na minha, não.
Respirei fundo e me encostei na cadeira.
— O que você quer de mim?
Verônica tomou fôlego e deu uma risadinha travessa.
— Vem para o meu apartamento que tenho uma coisa para te mostrar. Imagino que você deve estar péssimo, mas eu posso aliviar a sua tensão. Prometo que não vamos brigar mais. Nem vou falar mais nada sobre noivado. Uma noite sem promessas... o que acha?
Ironia, a própria causadora dos meus estresses oferecendo-se para arrancá-los.
— Hoje não, Verônica.
Ela bufou.
— Vou te esperar mesmo assim. Te amo.
Não respondi de volta, porque eu realmente não a amava. Verônica e eu sempre foi apenas sexo. Mas ela não tinha esse mesmo pensamento e sempre me pressionava.
Desliguei o telefone e direcionei o olhar novamente para a porta.
Eu sequer conhecia a senhorita Souza, mas por incrível que parecesse, eu ansiava ter um pouco da paz que vi refletida em seus olhos.
Será que ela era assim a todo o momento?
Bem, isso era algo que eu só saberia a resposta com o tempo.
Fechei meu laptop, levantei e coloquei meu terno. O dia não fora bom, em termos pessoais, mas ainda podia tentar salvar a noite.
Dormindo, em minha cama. Sem Verônica.
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O bebê, a secretária & o CEO (Livro 1 - Amores em São Paulo) - DEGUSTAÇÃO
RomanceJulia Souza almeja a mesma coisa que todo mundo após sair da faculdade: encontrar o emprego dos sonhos e ser bem-sucedida. Então em um lance com a sorte, Julia é chamada para fazer entrevista em uma grande empresa no ramo de Tecnologia. Ela consegue...