Moon Elm respirou fundo e conferiu o endereço mais uma vez. Digitou a rua e o número no celular e abriu um mapa para facilitar a navegação e garantir que não iria chegar atrasada no seu primeiro dia. Ligou o carro e viu algumas gotas de chuva no para-brisa.
Depois de 10 minutos dirigindo, o aplicativo a alertou que havia chegado ao destino. Ela olhou para o lado de fora e conferiu o endereço mais uma vez, estava correto. O prédio era grande e amarelo, a fachada do segundo andar se parecia muito com um rosto com dois olhos e um sorriso cheio de dentes com a aparência quase cômica. Logo abaixo, em letras gigantes lia-se "FATGUM".
"Ótimo," pensou para si mesma ironicamente "uma agência de heróis."
Ela nunca gostou muito de acompanhar as notícias sobre eles. Sabia o nome dos mais famosos, como Endeavor ou All Might, mas nunca teve paciência para saber suas classificações, hobbies e ficar a par das fofocas. Não é que ela não gostasse do fato de haver pessoas se arriscando para salvar a população, só não gostava do quão soberbos alguns deles podiam ser. Era a pose, a atuação que ela não suportava. Sem falar que ela havia conhecido pessoalmente alguns deles no colégio, aquelas meninas e caras "legais" que faziam o discurso de proteger a humanidade durante as aulas de debate, mas no intervalo jogavam café na "quirkless esquisita".
Moon pensava com muita convicção que heróis sequer deveriam ser famosos, que se faziam o próprio trabalho somente pela glória, então não eram merecedores de glória alguma. Todas as experiências ruins no ensino médio, alguns encontros desastrosos com homens presunçosos e um pouquinho de ressentimento por não ter uma individualidade fizeram com que ela desenvolvesse essa aversão automática a qualquer um que se apresentasse como herói.
Ela respirou fundo mais uma vez, afastando os pensamentos ruins, no fundo sabia que não deveria julgar toda uma classe com base nos próprios traumas. Checou o cabelo no espelho do carro, uma bagunça de fios arrepiados e rebeldes mesmo com o coque apertado, culpa do clima úmido, mas isso já era rotina. "Você consegue", disse à si mesma com convicção e num impulso abriu a porta do carro e andou até a frente da agência.
A porta automática abriu sozinha antes que ela estivesse pronta para entrar, mas engoliu a própria ansiedade e entrou mesmo assim. O ambiente dentro da agência era muito mais profissional do que o lado de fora, com exceção das bombonieres de doces por toda parte, máquinas de refrigerantes, e uma mesa cheia de lanches e refeições rápidas à disposição de qualquer convidado. Ela caminhou até a recepção e encontrou o recepcionista atrás de um display com M&M's laranjas e amarelos separados por cor.
- Bom dia, como posso ajudá-la? - ele perguntou com um sorriso simpático.
Bom dia, eu procuro o senhor... ahm... - ela conferiu o papel mais uma vez - Toyomitsu.
O recepcionista baixou os olhos para uma agenda cheia de anotações e post-its coloridos.
- Ah sim, é claro. Você tem um horário marcado ou prefere esperar por ele aqui?
- Meu nome é Moon Elm. Agendei um horário com ele daqui a 5 minutos. Cheguei um pouco adiantada.
O recepcionista indicou as poltronas ao lado de uma das máquinas de refrigerante e disse:
- Se puder aguardar um instante, ele deve voltar em breve.
Moon agradeceu e se sentou em uma poltrona ainda apreensiva. Ela notou que, ao sentar-se, seus pés tocavam o chão apenas levemente. Todas as poltronas eram maiores que o normal, ela imaginou que a sensação era muito parecida com a de ser uma criança em uma cadeira de adultos.
Mais uma vez, pegou o papel com as informações do contato como se ler o endereço e o nome do cliente mais uma vez fosse acalmar aquela impaciência. Ele havia ligado para ela duas noites atrás, disse que recebeu recomendação de um amigo, que gostaria de aprender Inglês e que uma professora particular seria o mais adequado por conta dos horários irregulares de trabalho que ele fazia. Ela imaginou que ele fosse um homem de negócios que viajava muito ou um médico com turnos malucos, ela já havia dado aula para médicos e advogados, mas nunca tinha atendido um herói. Se pudesse teria virado as costas e ido embora, ela não queria ter que aguentar a atitude arrogante e aquela aura "superior" que eles exalavam, mas não tinha escolha. Precisava preencher os horários de aula pois precisava pagar as próprias contas e as coisas não andavam muito movimentadas ultimamente.
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Sweet Gum
RomanceFatgum precisa aprender Inglês e contrata uma professora particular que não gosta muito de heróis. Uma slow burn bem amorzinho sobre o homem mais perfeito desse anime <3F