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Eu estava sentado em uma das mesas que ficavam no segundo andar do restaurante que havíamos marcado. Eu estava bem ansioso em saber o que ele queria falar comigo, da mesma forma como estava ansioso para me declarar.

Foram mais algumas horas de reflexão para poder aceitar usar a palavra "declaração" ao ato que eu realizaria no jantar.

Olhei no relógio em meu pulso e ele marcava "20:29", levei o meus braços até o meu colo, olhando para baixo enquanto tentava lembrar das palavras que eu havia pensado naquela manhã. Quando eu levantei o rosto, pude ver o garoto se aproximando da mesa. Ele estava bonito, usava uma calça jeans clara um pouco larga que possuía um rasgo no joelho, uma camiseta branca e uma jaqueta de couro. Dois colares prateados estavam expostos em seu pescoço, e é claro que o sorriso não podia não estar ali.

— Estou atrasado? — é a primeira coisa que ele fala quando se senta, em resposta, nego com a cabeça. — Eu estava pensando em jantarmos primeiro e depois iremos em outro lugar conversar, o que acha?

— Pode ser, até porque, estou bastante curioso para saber o que quer comigo e não sei se falar jantando seria o ideal — respondo e levanto o braço direito fazendo um sinal com a mão para chamar um garçom que nos olhava três mesas a frente.

— Então esta curiosidade é recíproca — ele comenta e o garçom chega em a nossa mesa.

O garçom nos sugeriu uma entrada, ele comenta ser um prato que saia com frequência, o prato principal era uma sugestão do chefe e para acompanhar um vinho branco, também sugestão. Após finalizarmos o pedido e o garçom ir embora, sorrimos um para o outro.

— Uma coisa que eu percebi durante esses dias é que não sabemos o básico um do outro. O básico de informações, só sabemos as coisas que notamos ou comentamos no dia-a-dia — uma risada fraca escapa após sua fala e uma divertida sai de meus lábios.

— Parando para pensar é verdade — comento baixo começando a rir de nervosismo. — Acho que agora é uma boa oportunidade para isso, assim, quando falarmos o que queremos, sabemos pelo menos o básico um do outro — antes mesmo de Jisung me responder, o garçom chegou em nossa mesa com a entrada.

Agradecemos e assim que  ele se retirou, começamos a comer em silêncio, quando terminamos o garoto em minha frente sorriu antes de falar algo.

— Eu começo então, sou Park Jisung, tenho vinte e dois anos, sou brasileiro mas tenho descendência coreana, tenho um irmão mais velho, estou no penúltimo ano de psicologia e ganhei num sorteio da faculdade para fazer intercâmbio e aqui estou — ele sorri e levanta a mão direita mostrando um aperto de mão. A seguro e segundos depois soltamos.

— Você parece mais novo para alguém de vinte e dois anos — respondo e pude ouvir sua risada.

— Beleza natural de família, todos exceto meu irmão são lindos como eu — concordo rindo.

—Vejo que o futuro Dr. Park é bastante convencido — ele colocou uma mão à frente de seu rosto, já que ganhou uma coloração rosada um pouco mais forte que o normal. — Ficou envergonhado porque te chamei de doutor? É isso? — Ele assentiu e eu dei risada, segurando sua mão direita que estava em cima da mesa, e sorrindo em seguida.

Ele é mesmo uma graça. Coração pare de bater assim imediatamente.

— Bom, minha vez. Eu sou Huang Renjun, tenho vinte e cinco anos, sou chinês mas vim para cá na infância, sou filho único, arquiteto e tenho uma filha — digo sorrindo e fazendo o mesmo gesto que ele. O prato principal chegou após eu terminar de falar, e a expressão de choque no mais novo foi o que ficou.

the art of eye contact; rensungOnde histórias criam vida. Descubra agora