7. A cachoeira.

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A primeira semana de aula passou voando, passei a maior tarde de meu tempo ocupada estudando tanto na biblioteca quanto em casa. No final de semana liguei para meus pais para matar um pouco da saudade e contar sobre minhas aulas. Em geral, eu estava me adaptando bem na universidade, as aulas eram agradáveis e os professores pareciam não desgostar de mim e em meio a isso tudo tentei não pensar na forma que Vinnie andava me evitando nas salas e nos corredores, não é como se eu fosse puxar assunto com ele, mas ele não veio mais implicar comigo como sempre fazia depois que nos beijamos. Vai ver foi melhor dessa forma.

Mais um segunda-feira se iniciou e eu não pude contar com a carona nesse dia das meninas, então sai um pouquinho mais cedo de casa para começar minha caminhada até o campus. Eu deveria fazer isso mais vezes, caminhar as vezes é bom para colocar minha cabeça em ordem. Além disso, acho que eu deveria começar a procurar um emprego pela região, eu não conseguiria nenhum estágio por ainda estar no primeiro semestre e, com certeza, não queria ter que contar com apenas o dinheiro que meus pais me mandavam. Eu queria um pouco mais de independência. Acho que deveria procurar por algo em meio período, podia dar certo, mas não sabia por onde começar e também se conseguia conciliar os estudos com o trabalho. Suspirei chegando ao campus da universidade e fui até o refeitório comprar um café antes de ir para a sala. As horas passaram voando e só notei isso quando já estava indo para a última aula.

— Bom dia, classe. Hoje eu venho propor um trabalho a vocês para começar o semestre da melhor forma. Em duplas, vocês irão entrar numa jornada artística. O que eu estou propondo é o seguinte: as duplas terão que fotografar a sua duplinha pela sua perspectiva e, claro, fazer anotações sobre cada foto tirada. No final, vocês terão que trocar suas anotações para enxergar e interpretar a perspectiva do outro! A arte, meus amores, é imensamente abstrata. Em uma mesma fotografia, pintura, música, poema você pode ter diversas interpretações, mas a perspectiva é única e exclusiva do dono ou donos da obra. Quero que com esse trabalho vocês abram mais seus horizontes e saiam da caixinha, ela é confortável, mas também te priva de muitas coisas boas que a vida pode te proporcionar! Então, assim que me apresentarem sua dupla, vocês estarão liberados mais cedo. Lembrando que esse trabalho é para ser entregue dentro de um mês, não aceitarei atrasos. — disse a professora Lana que logo depois de discursar, sentou-se em sua cadeira.

Foi bastante coisa para absorver em cinco minutos, o trabalho era mais complexo que parecia. Suspirei fundo tentando não pirar e me concentrei em apenas achar minha dupla para o trabalho. As meninas que eu tinha feito amizade pareciam já terem se arranjado, então eu ia procurar alguém na mesa de trás quando meu braço foi puxado.

— Carolyn. — olhei para trás dando de cara com Vinnie e fiquei sem jeito no mesmo momento.

— Seja minha dupla. — disse ele ainda segurando meu braço e logo o soltou com leveza. Pensei um pouco sobre sua proposta e passei o olho na sala, eu não queria fazer o trabalho com alguém desinteressado ou que só fazia por notas, então voltei meu olhar para o dele e abri um sorriso.

— Claro. — disse e assinamos a lista de presença e das duplas antes de sair da sala.

Eu caminhava para fora da universidade e ele não saiu do meu lado um segundo, mesmo sem ainda falar comigo. Ainda não entendi qual era a dele e não puxei assunto.

— Estou vendo que seu corte melhorou rápido, fico feliz. — ele disse e pude perceber seu olhar em mim. Abri um sorriso e ajeitei meu cabelo para esconder a marca do machucado, eu tinha feito isso na ultima semana para ninguém ficar reparando na minha testa com um band aid. Ele percebeu que eu fiz isso e se parou na minha frente para me ajudar a esconder.

— Você sabe que não precisa disso, né! Idaí que você esta com um band aid? — ele riu e eu também.

— Eu sei, mas não gosto das pessoas reparando nisso ou me olhando estranho, pode parecer bobo, mas não me sinto confortável. — desabafei e ele saiu da minha frente para voltar a andar ao meu lado.

𝐃ark 𝐏aradise - Vinnie HackerOnde histórias criam vida. Descubra agora