Capítulo 05

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  — Você precisa ligar para o 180, e ligará da minha casa

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  — Você precisa ligar para o 180, e ligará da minha casa.

  — De jeito nenhum! Pode acabar sobrando para você!

  — May... Posso te chamar de May? — respondo que sim com a cabeça em um movimento quase imperceptível. — Então May, você acha mesmo que eu me importo com isso? — Observo-a e percebo sua expressão séria, nem parece a senhorita sempre sorridente e doce. — Eu tenho experiências notáveis, e não vai ser um pirralho que fará eu encolher meus ombros.

  Desvio o olhar ainda escutando sua voz, a dúvida me corroi e eu dou minha total atenção a suas rosas ricas em espinhos (como se fosse mais fácil ouvi-lá sem olha-lá, como se eu estivesse com vergonha... Com medo), mas... Tem algo estranho, algo pinga sobre a mesa, uma, duas, três vezes... Uma mini poça está se formando, as pétolas foram exageradamente regadas, devem estar sufocadas dentro desse jarro abundante de água, tadinhas... Chegaram a perder a cor, tão cinzas, e... Sem vida.

  — A água está vazando, vai cair para fora! — aviso preocupada.

  Me levanto para impedir que a água escorra mas elas traçam percussos pelas dobras de minhas palmas e vazam por pequenas brechas escondidas, o líquido contorna minha mão pingando no chão gelado e cinza. O piso se torna úmido e o percusso da água se divide quase como raízes. Olho para o jarro tranparente a procura de respostas, porém a rosa se encontra em outro lugar, um lugar mais alto, levanto para enxergar melhor e meus pés se mexem pela água causando pequenas ondas. A substância desce pela parede e se espalha no cômodo escuro. Sua fonte misteriosa vai se revelando gradativamente. Meu coração acelera e minhas pupilas se contraem quando enxergo perfeitamente... O corpo da srta pendurado apenas por uma rosa repleta de espinhos. As raízes da planta vão se estrelaçando pelo corpo alto de minha querida Ana, seu sorriso contagiante que sempre me motivou, começou a sumir assim como seu olhar confiante que se perdeu em meio ao seu pânico, suas mãos que me acalmaram com o leve cafune de seus dedos calmos, foram arranhadas e perfuradas pelos espinhos. Eu caio sem forças e me afasto como se eu fosse a próxima, o que já não era nenhuma dúvida. Sinto algo escorrer por meus dedos que tremem, olho para minhas mãos e a água cristalina começa a ser manchada, uma cor começa a se formar nessa poça de desespero e eu acompanho o seu crescimento, como se tivessem jogado tinta na água, o tom vermelho preenche cada canto da sala, que não possue mais nada além de mim e a causa do meu corpo inteiro clamar por ajuda, perdão. 

  A maçaneta treme e eu apenas me afasto o máximo possivel da porta, me encolho e pressiono minha pálpebras como se a expressão "o que os olhos não vêem o coração não sente", fosse verídico. A porta se abre bruscamente e o silêncio reina de um jeito pertubador por alguns segundos. 

  — Venham meninas, essa é minha tia Ana — a voz familiar fala a poucos metros de mim.

  — Nossa, ela é realmente bonita.

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