— Filha, está na hora do seu café. Se você demorar mais, vai se atrasar para a faculdade.
— Ahh mãe, deixa eu ficar deitada mais uns 10 minutinhos, por favor... -pedi, ainda sob efeito total do sono.
Ela balançou a cabeça em sinal de negação.
— 10 minutos? Não, não. Vai, levanta que eu vou te levar hoje.
— Vai? Por quê? Que estranho. -falei levantando da cama.
— Calma, só vou ir no shopping comprar algumas coisas.Algo estava acontecendo com minha mãe. Ultimamente ela tem andado muito estranha. Semana passada peguei ela tomando alguns remédios, mas ela me garantiu que era só para dor de cabeça, então não dei muita importância, afinal, eram só remédios.
Ir no shopping talvez não fosse algo tão estranho assim, mas para a minha mãe era. Ela odiava ter os olhos de gente rica encarando ela com um olhar superior.
"Essas pessoas se acham melhores que todos só por usarem roupas de grife" disse ela na última vez em que fora no shopping.— Sério? Mas você odeia ter que ir lá.
— Não posso mais sair, Alice? -Levei um susto pelo tom de voz elevado dela.
— Desculpa, mãe. Só achei estranho, mas se você quiser, eu posso ir...
— Não! Vou sozinha mesmo. -disse ela de modo rude.
— Tudo bem então.***
Enquanto ela me levava, um silêncio constrangedor tomou conta do carro. A última vez em que ela preferiu o silêncio a me contar o que estava sentindo foi quando meu pai faleceu. Ela acabava me tratando friamente sem perceber, mas foi melhorando com o tempo. Depois, ela me pediu desculpas por me tratar mal e disse que nunca mais voltaria a fazê-lo. Parece que ela mentiu.
Me pergunto o que há de errado dessa vez.________
Depois da aula, senti um cansaço enorme tomar conta de mim, então resolvi ir logo para casa, tomar um banho e depois ir ao cinema com Tiago.
Quando cheguei, minha mãe estava vomitando muito, ela havia vomitado na cozinha e agora estava no banheiro, corri com um copo de água para ver se ajudava, mas ela não parava. Eu estava com medo.
— Mãe, você não está bem. Me conta o que está acontecendo ou eu mesma vou descobrir. -falei, com medo de descobrir algo que pudesse acabar com tudo.
— Filha, vou te contar, antes que algo repentino aconteça e pegue você desprevenida, então é melhor você estar preparada. Preciso que você seja forte, não chore. Por mim, está bem?É estranho ela me pedir para ser forte, porque eu claramente não sou. Ela é. Não eu.
Estou com medo de algo acontecer a ela, eu não suportaria, não de novo, não com ela.
O que seria de mim sem ela? Sem o carinho e sem os seus beijos? Sem as broncas por não dar a ela um genro ou por eu não prestar atenção no capítulo da novela que ela gosta. Eu não estou pronta para viver em um mundo onde minha mãe não exista mais.— Vou ser forte, mãe. Prometo. Agora me conte, por favor. -implorei.
— Filha... eu estou... morrendo.
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Me vejo em seus olhos castanhos
RomanceLogo após a perda de sua mãe, Alice vivia uma vida monótona trabalhando em um restaurante para poder pagar as despesas do hospital onde sua mãe morrera. Antes, ela, que nunca havia se entregado a um amor, se vê encurralada. "E foi assim. Na mesa 11...