Durante o período em que minha mãe fazia quimioterapia, ela começara a perder seus cabelos, o que a deixava triste e a mim também.
Eu não podia ajudá-la e isso doía, fazia me sentir inutil. E eu realmente era.
Eu queria lembrá-la de que isso passaria, que ela voltaria a ser como antes e que ela voltaria a ser forte novamente. Mesmo que ela tentasse, com todas a forças, ela não conseguia ser forte, mas fingia. Por mim.
Ainda me restava alguma esperança, que tudo aquilo logo passaria. Mesmo que pouco, ainda restava.
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Queria muito dizer que ela sobrevivera, que agora ela está feliz e contente, que ela encontrara o amor novamente. Queria dizer que nós agora íamos fazer compras juntas e que todas as noites assistíamos filmes de romance e choramos comendo brigadeiro.
Mas não, isso não aconteceu. Infelizmente ela me deixou. Queria culpá-la por tudo. Por não ter me contado sobre o câncer e por não ter sobrevivido... Mas eu simplesmente não conseguia, porque sabia que ela havia lutado até suas forças esvaírem.
Ela tentou, mas não conseguiu.
***
Doía viver na casa onde fomos felizes. Tantas memórias. Tantas lembranças; felizes, tristes.
Apenas lembranças agora.
Não queria viver mais ali, então decidi morar com minha avó. Ela ainda não aceitava a ideia de eu trancar a faculdade, até se oferecera para pagar os gastos do hospital, mas eu, orgulhosa como sempre, neguei com veemência. Eu deveria fazê-lo, pela minha mãe.
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Arrumando as coisas da minha mãe, encontrei muitas fotos. Sentei-me no chão e me permiti chorar vendo aquelas lembranças de um tempo que ainda era claro em minha memória.
Só hoje, me permiti ser fraca. Me permiti sentir o luto, a dor da perda de mais uma pessoa que eu amava incondicionalmente.
Procurando mais fotos, encontrei uma carta com a letra dela. Meu primeiro amor.
Me pus a ler:
Lembro-me da primeira vez em que nos vimos.
A primeira vez em que pus meus olhos em você.
Encarando ao longe, percebia o quão doce tu eras, o quão gentil e meigo se parecia aos meus olhos.
Você estava trabalhando, vendendo sorvetes e eu não parava de admirar-lhe.
O teu sorriso, que era tão cativante, fez eu me apaixonar; ele me acalmava.
Quando o vi me encarando, com dúvida, procurei desviar meu olhar rapidamente, mas quis olhar-lhe novamente. E lá estava você, sorrindo para mim ao longe.
Trouxeste um sorvete de morango para mim e logo me pus a aceitá-lo com prazer.
Dias depois me convidou para um piquenique, lembro-me que fiquei tão animada que senti borboletas em meu estômago.
E lá estava você novamente, sentado sob um pano xadrez, sorrindo perfeitamente para mim.
Seu nervosismo era notável quando fora conversar com meus pais, sobre nós. Mas isso o deixava mais encantador ainda. E foi por isso que me apaixonei.
Mas, meu primeiro amor se foi.
Éramos tão felizes.
Ainda me pergunto o porquê de você ter ido embora tão cedo.
Ainda dói. A dor fez-se parte de mim, aprendi a conviver com ela. Tão insuportável.Terminei de ler em meio aos soluços.
A felicidade deles fora interrompida. Isso era doloroso.Um dia encontrarei um amor tão puro e singelo quanto ao deles?
Mergulhei em meus pensamentos.
Duvidava.
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Me vejo em seus olhos castanhos
Любовные романыLogo após a perda de sua mãe, Alice vivia uma vida monótona trabalhando em um restaurante para poder pagar as despesas do hospital onde sua mãe morrera. Antes, ela, que nunca havia se entregado a um amor, se vê encurralada. "E foi assim. Na mesa 11...