O verão estava chegando ao seu auge em Nebraska e as agências de viagens estavam abarrotadas. O destino principal dos turistas eram as praias do Havaí e da Flórida, mas muitos também optavam pela tranquilidade da Carolina do Norte.
Em meio a essa agitação considerada comum na temporada de férias, uma atração inusitada surgiu no estado, quando a Michelle Airlines anunciou uma promoção para uma viagem que levaria 200 passageiros para a capital Washington.
Esta promoção, em comemoração aos 11 anos de fundação da empresa, daria como prêmio uma viagem com custo zero para as 100 primeiras passagens adquiridas junto a agência e pela metade do preço para os outros 100 passageiros.
Não havia ainda uma data definida, somente muita especulação pelos sites de notícias, sendo a única informação oficial de que a venda das passagens seria realizada em uma das 5 principais agências espalhadas por Nebraska, que foi o estado onde surgiu a empresa.
Finalmente, uma semana depois do anúncio, uma informação vazou de que o aeroporto de Omaha, Eppley Airfield, considerado o maior do estado, seria o palco da promoção e uma chuva de turistas enlouquecidos invadiu a cidade, causando transtornos de todos os tipos.
Depois que a informação foi confirmada no site oficial da Michelle Airlines, o caos duplicou na cidade natal do ator Marlon Brandon. Uma enorme fila se formou nas imediações da agência, mesmo sem ainda existir a definição de um horário para o início das vendas.
Uma emissora de TV local começou a entrevistar as pessoas que se encontravam nos primeiros lugares da fila e começou a transmitir as histórias de cada uma dessas pessoas e do que tiveram que fazer para conseguir estar ali.
Numa entrevista exclusiva e emocionante, foi dado destaque para os Mairons, da cidade vizinha de Ralston, que fizeram o percurso de 7 quilômetros a pé até Omaha, 4 dias atrás, e acamparam num terreno próximo ao local.
Bob Mairons e sua esposa Tabatha, estavam desempregados há quase 1 ano, vivendo da ajuda do seguro social, para cuidar dos dois filhos, Wilkan e Marian. Trabalhavam num supermercado que foi a falência e a situação só piorou nos últimos meses.
Quando ouviram falar da promoção, sem ter nenhum compromisso definido e com as crianças já em período de férias escolares, decidiram se aventurar e lá estavam eles, no quarto lugar da fila.
Um orgulhoso Bob sorria para a câmera, abraçado ao filho, dizendo que esta viagem seria um presente para toda a família, por tudo que sofreram nos últimos tempos. Fez questão de agradecer aos proprietários da empresa aérea.
Walter, não muito longe dali, sentado em uma poltrona confortável na sua mansão, também sorria.
Sou eu quem agradece, Bob! Na verdade, o prazer será todo meu...
Ainda sorria quando a tomada da reportagem mostrou a fila enorme que se desenrolava após os Mairons, cada pessoa parecendo uma das peças enfileiradas de dominó que ele tinha a sua frente. Deu um simples toque na última delas, o que fez com que todas começassem a cair, até a primeira peça esbarrar num pequeno modelo de avião, que deslizou suavemente pelo assoalho da sala, indo despencar nos vários degraus que separavam o ambiente do hall de entrada.
O brinquedo tombou de lado, com uma asa pendurada, bem sobre a imagem do corvo, quase junto ao bico da ave negra, o mascote da Michelle Airlines, que enfeitava o hall.
Craau - tentou crocitar Wal, quase gargalhando, mas o que saiu foi um gemido feio e assustador.
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Sem Chão
HorrorWalter descobriu que tem uma doença incurável e deseja realizar uma última proeza em vida, para que todos se lembrem dele. O que você faria se descobrisse que tem apenas alguns meses de vida? A escolha de Walter pode fazer muita gente sofrer... ####...